Esse governo sempre prefere olhar para o lado mais fácil das questões.
Valorizado o real, prejudicadas as exportações da indústria mais tradicional, o melhor não é discutir a produtividade dela ou novos investimentos.
É mais fácil taxar o ingresso de capitais externos.
A tributação aqui é a solução dos preguiçosos ou dos espertos.
Tributar nesse olhar é uma fórmula mágica que gerará mais renda para o Estado e aliviará a pressão sobre o câmbio.
O mais importante é que a taxação dos capitais de curto prazo não irá reverter a situação da apreciação como tendência histórica. São elementos do próprio processo de crescimento da economia brasileira e de sua inserção no circuito internacional. Não tem mágica para fazer aqui. É preciso aprofundar o processo buscando dar maior valor agregado aos produtos. Claro, isso envolve um outro tipo de Estado e uma outra proposta de desenvolvimento.
Não dando certo, tributar capitais de curto prazo, quem sabe, decidirão por tributar os capitais de longo prazo. Como diz o ditado, “trair e coçar é só começar”.
À parte um belo tema para uma campanha fortemente nacionalista que junte o PAC, a Copa, as Olimpíadas e, agora, a “defesa” da indústria nacional, esse protecionismo lateral vai dar onde dão todos os protecionismos: Estímulo a quem não está interessado em investimentos sistemáticos. Estímulo à falta de competitividade. E muito lucro para esses empresários. Esse é o governo do povo.
Demetrio Carneiro