terça-feira, 20 de outubro de 2009

11:11 20Oct09 RTRS-REEDIÇÃO-JURO-DI realiza e devolve alta, IOF ocupa foco

SÃO PAULO, 20 de outubro (Reuters) - As taxas futuras de juros abriram em forte alta nos vencimentos mais longos nesta terça-feira, após o governo confirmar a cobrança de IOF nos investimentos de estrangeiros em renda fixa e renda variável, mas já mostravam um alívio, em um típico "sobe no boato e realiza no fato".

Na véspera, após o fechamento do mercado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a partir desta terça-feira haverá cobrança de alíquota de 2 por cento de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na entrada de dólares direcionados para investimentos em renda variável e renda fixa.

Desde a última sexta-feira, a parte longa da curva de DI vem sendo afetada por notícias relacionadas à questão. Apenas o contrato para janeiro de 2012 aumentou 0,21 ponto percentual nos últimos dois pregões, chegando a alta de 0,33 ponto se considerado o patamar máximo registrado mais cedo. "O mercado antecipou bem", disse o diretor de uma corretora.
Às 10h58, o DI janeiro de 2011 <2dijf1> projetava 10,460 por cento, ante 10,48 por cento no ajuste da véspera. A taxa para janeiro de 2012 <2dijf2> situava-se em 11,710 por cento, ante 11,73 por cento no ajuste anterior e 11,85 por cento no teto desta sessão.

De modo geral, a medida não foi bem recebida por participantes do mercado financeiro, mas alguns deles não consideram que haverá um impacto significativo no caso do segmento de renda fixa. Marcus Moldes, estrategista no Itaú Securities, em São Paulo, é um deles e lista razões para tal visão.

Segundo ele, se o investidor permanecer no país por dois ou três anos o efeito da taxação diminuirá; estrangeiros focam a parte longa da curva, que tem diferencial maior ante taxas globais; para captar os ganhos dos juros, as aplicações em renda fixa precisam ficar no país por um logo período; e a medida não muda os bons fundamentos para o Brasil nos próximos anos.

Tony Volpon, estrategista no Nomura Securities, em Nova York, tem uma avaliação mais negativa. No caso da renda fixa, ele estima que isso diminuirá o fluxo para títulos do Tesouro Nacional, o que deve elevar o prêmio pago por esses papéis nos leilões, fazendo com que pague mais para rolar sua dívida. Um prêmio maior nos leilões também leva à alta as taxas dos DIs.
"E quem paga a conta do Tesouro é o contribuinte. O estrago que isso faz ao Tesouro é substancial", destacou. Para o estrategista, o governo deve perder dinheiro com a medida, uma vez que um eventual impacto positivo na arrecadação deve ser anulado pelo maior pagamento de juros.

TESOURO OFERTA ATÉ 450 MIL NTN-B NA 1a ETAPA
O Terouro Nacional realiza nesta sessão a primeria de duas etapas do leilão de NTN-B (indexado ao IPCA), com a oferta de até 450 mil títulos, sendo 300 mil para papéis a vencer em novembro de 2011, agosto de 2014 e agosto de 2020; e até 150 mil para agosto de 2024, maio de 2035 e maio de 2045.
O acolhimento das propostas acontece das 12h às 13h, com resultado a partir das 14h30.
Antes da abertura, a Fundação Getúlio Vargas informou que o IGP-M subiu 0,04 por cento na segunda prévia de outubro, ante alta de 0,41 por cento em igual período de setembro. A desaceleração significativa refletiu estabilidade de custos no atacado e no varejo.
(Por Paula Laier; Edição de Alexandre Caverni)