quarta-feira, 29 de setembro de 2010

BISPO EDIR MACEDO SAI EM SOCORRO DE DILMA

Vamos ver: Erenice, Renan Calheiros, Sarney, Collor, correndo na lateral Dirceu e agora Edir Macedo.
Tá faltando alguém?
Demetrio Carneiro

HAVERÁ SEGUNDO TURNO?

As indicações vão nessa direção. Se vai haver tempo ou não dessas mudanças se consolidarem num patamar que leve até lá é outro assunto. Mas recados estão dados:

Os episódios de corrupção explícita na ante-sala de Lula foram uma bofetada na cidadania e não houve justificativa de teoria da conspiração que resolvesse. Da mesma forma não dá mais para separar, como Marina tentou fazer, petistas “bons” e “maus”.
O PT é a máquina que faz o que as outras máquinas fazem: Apropriação de recursos públicos. O que pode haver de diferente é a desculpa. José Dirceu saiu do governo, mas o espírito permaneceu. Os grupos ligados à luta armada contra a ditadura, que são os mesmos que hoje dominam a máquina, também não vinham problema em assaltar bancos, desde que fosse “pela revolução”. Da mesma forma o assalto aos recursos públicos desde que seja “pelo povo” não tem problemas e está liberado.
É um projeto clássico, na política brasileira, de consolidação econômico-financeira de um grupo de poder. Passa pela formação de riquezas individuais, associações com o poder real na economia e associações com o poder real na política local. Nos últimos dois casos o grupo de poder petista fica obrigado, se realmente tivessem alguma intenção ideológica, a conviver com o formato conservador de nossa burguesia mercantilista e de nossos neo-coronéis. A visão estatizante desta turma é funcional e não ideológico. Há limites claros.
Estes dois grupos de poder, burguesia mercantilista e os neo-coronéis, que existiram como focos importantes na ditadura e souberam se imiscuir sem problemas no governo Lula, podem ser fiéis da balança política e compor uma barreira anti-radical. Numa vitória de Dilma talvez venhamos constatar a mesma permanência no terreno do discurso esquizofrênico da fala desassociada da prática.

Na política o petismo não petista precisa dizer a que veio. As heranças culturais comuns da esquerda que chegou à Constituinte deram o tom da oposição mais ativa nos dois mandatos de Lula. Nos dois lados da equação situação/oposição a mesma visão estatizante (e de bases autoritárias) e o mesmo inimigo comum: O liberalismo. A diferença é que de um lado há uma esquerda “feliz”, no poder e de outro uma esquerda “infeliz”, carregando uma culpa da qual não se livra. Não é um acaso que o discurso econômico de Serra e seus aliados mais chegados, tenha sido o discurso clássico contra o rentismo. Há uma dificuldade concreta de ser oposição a um projeto que, lá no fundinho, é o mesmo. As diferenças são apenas de estilo. Também não foi fortuito o afastamento do projeto de FHC. Estes grupos que dominavam a campanha de Serra são os mesmos que durante o governo FHC criticavam a postura liberal.
A “culpa” formatou a campanha serrista equivocada. O eleitorado percebeu isso de forma clara e retirou votos de Serra. Jamais foi uma questão de “estratégias” eleitoreiras. De oportunismo eleitoral explícito. Foi muito complicado explicar ao eleitor que o projeto era comum, mas que o “meu” poder lava mais branco.
Frente a este formato, dominante a partir da escolha de Serra como candidato, o restante da oposição não tinha muito o que fazer. Que tenha ao menos ficado a lição de que se houver oposição a um governo Dilma ela não poderá se dar nas bases equivocadas de hoje.

Há sim um projeto de desenvolvimento para o país diferente do projeto atual, mas ele passa por uma revisão completa do passado e pela percepção de que há uma enorme diferença entre a esquerda clássica brasileira, parte enquistada no Estado e parte enquistada nos partidos de oposição, e a esquerda que soube apreender alguma lição e sabe manter uma linha de diálogo com o liberalismo.

Ou saberemos articular uma nova oposição, com discurso consistente, ou permaneceremos eternamente ligados a um jogo eleitoral, basicamente oportunista, de sentar embaixo da jaqueira para ver se a jaca cai de madura.
O problema é que eventualmente ela pode cair na nossa cabeça.

Demetrio Carneiro

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

IRÃ RECUA SOB PRESSÃO E ADOTA PENA HUMANITÁRIA

Irã recua sob pressão internacional e condena Sakineh Mohammadi Ashtiani a uma pena humanitária, não será mais apedrejada, mas enforcada.
Certamente a pressão do governo-amigo brasileiro, fiador nuclear do Irã, deve ter sido decisiva para uma mudança tão radical.
Aqueles que criticaram a aproximação Brasil/Irã deveriam dar a mão à palmatória. Reconheçam seu erro e penitenciem-se frente ao líder máximo...

Demetrio Carneiro

domingo, 26 de setembro de 2010

PARA ONDE VAI O CICLO DE 1988?

A declaração de Marina hoje, 26, “Marina diz que parte boa do PT é maioria”, tem evidente cunho eleitoral e ainda joga com a esperança de atrair votos de segmentos próximos ao PT.
Nesta declaração busca separar a banda podre do PT de sua banda boa, mas é uma declaração emasculada, pois passa ao largo do simples fato de ser Lula o principal e da quadrilha começar na sua ante-sala.

Imaginando que há uma “banda boa” é de se imaginar que esta banda só possa conviver com todos estes fatos supondo que realmente há um enorme esquema de mentiras sendo articulado pela oposição.
Se esta banda existe e se essas pessoas acreditam que existe esse esquema então temos outro problema, talvez bem mais sério: Uma massa de manobra tremendamente influenciável e ideologicamente manipulável.

Podem estudar o lulismo ao limite. E parece que a vitória de Dilma irá gerar mais alguns milhões de papéis sobre o tema. Já tivemos algumas milhares de páginas provando que o populismo estava enterrado e morto na política brasileira. Não, não estava e a sua porta de retorno foi aberta pela monumental incompetência da oposição.

Só resta torcer para que deste desastre saia algum projeto mais eficiente que a proposta serrista de ser outro sendo o mesmo.

Está na hora de virar a página e perceber que o ciclo iniciado em 1.988 também não se esgotou, ao contrário de que poderiam supor, e parece caminhar em uma direção bem diferente daquela que imaginaram muitos dos que lutaram pela democracia.

Demetrio Carneiro

domingo, 19 de setembro de 2010

DAS MELHORES FORMAS DE SE CHEGAR AO MÉXICO...


O post do José, "Quando o 'Gênio' se afunda na burrice" - comentando que Dilma não chegaria ao fim do governo e que o PMDB assumiria a presidência - foi mais uma gozação, mas deveria ser encarado à sério numa análise de horizontes.

Não é impossível Dilma naufragar na presidência.
Os elementos que vão se acumulando são muito fortes. Como o 'ateste técnico' - vejam que é um documento público e sua assinatura impõe sanções legais graves ao agente público que o produziu, caso contenha informações que induzam ao erro e, certamente, foi o caso - pela PR para a empresa da qual o filho de Erenice é lobista. A produção deste 'ateste' é talvez mais grave até do que o fato de Erenice haver indicado um lobista e membro aparente da quadrilha para os Correios.
Mesmo que esse escândalo, como os outros, fique em banho maria, tem as extensões do problema da Receita, ainda. E essas vão dar no crime organizado. O nebuloso assassinato de Celso Daniel parece ter sido dado prematuro de um quadro bem mais amplo.
Mais cedo ou mais tarde o DNA de Dilma poderá acabar aparecendo, tanto nas questões da Casa Civil, como nas questões da devassa política feita na Receita.

O que está evidente é uma monumental máquina de financiamento e apropriação de recursos públicos que se monta e remonta todo o tempo ao sabor dos acontecimentos.
É orgânico neste processo de fazer política. Na realidade não é uma máquina fora do partido. A máquina parece ser o núcleo do partido.

Esta máquina que se monta e remonta permanecerá no governo Dilma. A fome e a pressa de seus articuladores acabarão gerando novos escândalos.

É uma competição interessante.
O PMDB é uma oligarquia de neo-coronéis que já vivem da máquina pública desde a época da ditadura. Na verdade a trajetória de muitos deles começou lá. Na ARENA. Fica até divertido ver a esquerdinha dando pau no DEM, mas abraçada com os mesmos caras que estavam na ARENA com parte dos caras que estão no DEM. Aliás, se olhar direitinho acho que tem mais político oriundo do esquemão da ARENA no PMDB do que no DEM.
Enfim, esta turminha no PMDB já acumulou riquezas. Na realidade digamos que estão num processo de manutenção e reprodução ampliada do que já têm.
A turminha do PT é de novos ricos, que têm a justificativa ideológica - ideologia é que nem bom-bril: tem mil e uma utilidades - de acumular para um projeto de poder que quer se perpetuar. Muito parecido com o de Collor, aliás.
O problema com o projetos como o de Collor ou do PT é a voracidade e a pressa. O imediatismo acaba gerando esquemas defeituosos e esses acabam vindo à luz do dia.

No caso a vantagem competitiva está com o PMDB.

O José já estava pensando no programa de TV que anunciará o afastamento de Dilma: Sarney, secundado pelos próceres do partido, tipo Renan Calheiros, tendo ao fundo a discreta presença de Collor, anunciará que "mais uma vez" na história do país o PMDB é chamado para garantir a continuidade do processo democrático...

Quando isso ocorrer já poderemos mudar nosso nome oficial de República Federativa do Brasil para República Fisiológica do Brasil. Prático, nem muda as siglas.

Finalmente teremos chegado ao México.

Demetrio Carneiro

sábado, 18 de setembro de 2010

O REI SOL FALOU SOBRE A MÍDIA: SINAL DE ALERTA





A mídia séria, não esta que se vendeu de corpo e alma ao governo, que se cuide.
José Dirceu, que tem malícia e trato com a política, disparou o alarme. Nassif já reproduziu e ampliou, agora é Lula quem ataca diretamente a imprensa. Disse “nós somos a opinião pública, mas quis é dizer “Eu sou a opinião pública", algo como “o Estado sou eu”.

Maiores a verdades postas na mesa, maiores serão os ataques e a tentativa, vejam bem, presidencial - alguém se utilizando de seu cargo público, de insular, colocar a população contra a mídia independente. É Lula com arremates de Chaves. Lula vai tirando todas as peças do vestiário de “bom moço” e assumindo o formato arrogante que lhe levou às derrotas passadas.

É bom acender o sinal amarelo.

Demetrio Carneiro

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Lula afirma que pode voltar a estudar ou dar aulas sobre como governar. Não é piada, ele falou mesmo!

Lula afirmou em Minas Gerais que gostaria de dar aulas sobre como governar.
Uma modesta sugestão; O presidente poderia montar, na ONU, um cursinho sobre “Práticas Ilícitas na Presidência da República”. Afinal já é a segunda vez que estas coisas acontecem na sua ante-sala. Dá para imaginar que deve ter acumulado uma boa experiência.

Demetrio Carneiro



Divirta-se, ou chore, lendo a matéria na íntegra.

17/09/2010 - 20h40

Quando o “Gênio” se Afunda na Burrice

O chefe de quadrilha predileto de Dilma, José Dirceu, deixou claro durante discurso na Bahia o futuro do governo, e do Brasil. Ditadura Socialista Bolivariana (no caso dele, é mais para Bovina mesmo).
Lula e sua trupe tentam convencer o “povo” de que para governar é necessário o controle do Senado, segundo essa visão EUA, Canadá e Europa (regiões que estão entre as mais pobres e instáveis do mundo, certo?) são “ingovernáveis”.
De fato, o que Lula, Dirceu e Dilma querem é a destruição dos pesos e contra pesos que são fundamentais para a democracia. Vencidos esses inconvenientes, com o PT “hegemônico”, está aberto o caminho para a ditadura dos companheiros.
Bem, crê Dirceu que o poder absoluto está perto, mas...
A hegemonia do PT é uma ilusão típica de quem tem problemas cognitivos. O PT é intrinsecamente dependente do PMDB, partido do vice-presidente de Dilma e que a muito quer voltar ao Planalto.
Como o caso Erenice e o próprio envolvimento íntimo de José Dirceu deixam evidente, o eventual governo Dilma terá duas características: ação organizada para “superar” a democracia capitalista; e, “consultorias” milionárias para os companheiros.
Essas características associadas à estupidez dos envolvidos nas tramóias, tornam bastante “instável” o mandato de Dilma. Nesse momento alguém diz: “-olha o golpista aí!”. Eu respondo, NÃO!
Vamos aos fatos: casos como o de Erenice e as tentativas de “superação da democracia” já anunciadas por Dirceu são, caso contem com a anuência ou conhecimento de Dilma, motivo para impeachment, o que nos leva ao principal partido de oposição do próximo governo: o PMDB.
Então alguém diz: “-não... o PMDB é da base aliada!”. Então eu respondo, NÃO!, o PMDB é a vice-presidência e deseja a presidência. O partido também sabe que dificilmente manterá o poder que tem em uma eventual “Ditadura Zé Dirceulina Dilmista”.
Chegamos no ponto crucial: no primeiro grande escândalo do governo Dilma o PMDB vira oposição. Detalhe, o primeiro grande escândalo não necessariamente será de corrupção, pode ser a tentativa do Dirceu em “superar a democracia burguesa”. O fato é, a corrupção e a “superação da democracia” se somarão, então José Sarney, Renan Calheiros, Michael Temer e Cia romperão, pela defesa da democracia e da ética pública, com o “governo corrupto e com arroubos de ditadura”.
Findo o governo Dilma e enterrado o PT, o vice vira presidente e o PMDB consolida-se como o verdadeiro partido hegemônico, com um mérito adicional, “novamente” será responsável direto pela democracia no Brasil.
Volto agora ao título. Ao fim, o Dirceu “gênio” termina como Dirceu burro!

abs

José Carneiro

A CRISE DA CASA CIVIL ESTÁ LONGE DE ACABAR

Se a matéria publicada hoje, 17, no site do Estado de São Paulo – Planalto já sabia de lobby na Casa Civil desde fevereiro – é correta, me arrisco a afirmar que estamos frente a um escândalo de proporções republicanas.



Há uma máquina de corrupção instalada ao lado do gabinete do presidente e já era de conhecimento da Presidência da República ANTES da publicação da matéria na mídia.



Já presenciamos um processo eleitoral irregular, com abusos autorizados – se o tribunal cala é porque autoriza – de todo o tipo. Caminhamos sobre o fio da ilegalidade sem que as autoridades saibam exatamente de que lado se colocam.



Agora vamos para o voto.
Se as previsões se confirmarem estará eleita uma pessoa ciente de um crime cometido quando exercia a função de autoridade pública – segunda autoridade em importância em nossa República - que receberá a faixa de outra autoridade, esta a máxima da República – que também estava ciente do crime.



Não, não é a oposição que “quer ganhar no tapetão”, conforme já disse Dilma. É a situação que comete crime sobre crime e imagina que pode sair impune de todos eles.



A autoridade pública que oculta um crime também comete um crime. É assim. Simples, claro e direto: Três das máximas autoridades nacionais estão envolvidas em crimes contra a Administração Pública.



Demetrio Carneiro

RAUL VELOSO FALA SOBRE TRIBUTAÇÃO, CARGA TRIBUTÁRIA ETC.

Abaixo três vídeos com o mestre Raul Veloso falando do que conhece: Carga tributrária, tributação e outros assuntos.
Imperdível para quem como eu se sente uma ovelha na tosquia. E pior...sem saber para onde vai a minha lã, já que o tosquidor tem toda a discricionalidade que quiser.
A fala foi feita no 5° Simpósio do Instituto Millenium: "Impostos, consumo e cidadania".
Aproveitem.

Demetrio Carneiro





GOVERNO DILMA: APENAS POR CURIOSIDADE

Qual será o futuro que o futuro nos reserva?

Eleita, Dilma assumirá o cargo logo após o envolvimento de sua ex-assessora/amiga num escândalo de proporções bem razoáveis.
Eleita, Dilma receberá a faixa de Lula, chefe de toda a estrutura que abriga os personagens do escândalo.
Eleita, Dilma terá que negociar com o PMDB. Aquele do centrão, do baixo clero e do Sarney.

Pessoalmente me sinto como aquelas ovelhas na fila da tosquia.

Demetrio Carneiro

AS QUESTÕES NADA REPUBLICANAS DO BNDES

Este debate sobre a geração de Dívida Pública para financiar as operações do BNDES já vem desde o ano passado quando veio à público a informação de que o Tesouro iria vender títulos para isso.
De início era R$60 bi, depois foi para R$80 bi, foi crescendo até R$180 bi.
Posteriormente se soube que ante já havia antes cerca de R$20 bi e agora falam em tomar mais R$60 bi. Pelo visto ainda chegaremos, no total, a R$260 bi.



Num post mais antigo eu comentei que o problema era que o financiador em última instância não era o banco ou o governo, mas o contribuinte.
Um estudo do IPEA apontou que os R$180 bi custariam ao contribuinte cerca de R$10 bi anuais. Dá para ter uma dimensão do que se trata se pensarmos que o programa da Bolsa-Família custa R$13,5 bi anuais.



Então a questão se tratava de saber se tem sentido.
Segundo diversos depoimentos de autoridades governamentais tem.
Talvez até tenha e a pressão sobre os preço mostrou um pouco isso.
Mas o nosso problema é que a coisa não termina ai.
Em prol de nosso próprio interesse precisamos nos preocupar com a destinação dos recursos para podermos concluir sobre a eficiência dessa ação de governo. Quer dizer, este sacrifício de doar quase o equivalente a uma bolsa-família resultou em alguma coisa de bom para a nação?



Esta é uma questão altamente política e potencialmente complicada.
Quando Eike Batista pegou recursos no banco para comprar carvão com a finalidade de tocar as suas(dele) usinas para vender energia ao Setor Público eu não acho que dê para dizer que foi em prol da nação. Nem no sentido ambiental, nem no sentido de eficiência. Mas Eike é amigo do Rei.
O problema em lidar com amigos do Rei é que talvez eles não se sintam na obrigação de serem eficientes e talvez o banco não esteja na condição de cobrar deles eficiência quando eficiência é tudo que nós contribuintes podemos estar querendo quando se trata de recursos que usam o nosso esforço, o nosso trabalho.



Agora novas informações sobre as traquinagens do filho da ex-amiga de Dilma dão uma dimensão nova do problema: Tráfego de influência dentro do BNDES.
Não bastava os amigos do Rei. Parece que dava para ampliar o círculo de relacionamentos.



Não custa insistir: Lucro do infante terrível, mas prejuízo nosso. Nosso esforço e nosso trabalho virando poeira...



Tudo aconteceu na ante-sala de Lula pelas mãos de uma (ex)amiga de Dilma. Dentro do círculo fechadíssimo da Presidência da República.

Filho de Erenice pediu 5% por crédito do BNDES, diz empresa




Demetrio Carneiro

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O ATRASO DEFINIDO POR SÍ PRÓPRIO

O texto abaixo, de M.I. Nassif, com direito a repercussão em toda a rede unida dos blogs petistas, é um belo discurso da matriz petista pensante e tem todas as meias verdades tradicionais.
Confirma o pensamento petista que se imagina o único que compreende o mundo das pessoas despossuídas em oposição ao pensamento elitista. Uma certeza que confunde muita gente nos outros partidos.
Esta certeza é a base ideológica que justifica a vontade hegemonizante. Se o PT é o único partido com esta visão de mundo, então compete a ele “liderar” o processo.

São os velhos temas:
- Dicotomia: A luta de classes não é mais entre operários e burgueses, mas entre pobres e ricos. Evidentemente aqueles ricos privilegiados pelos acordos de poder, aquelas coisas tipo BNDES etc., são os “companheiros de viagem”. Há uma vasta literatura sobre os companheiros de viagem dos processos revolucionários.
- Liderança: Compete ao partido da vanguarda a liderança absoluta do processo.

Dito isto, os “atrasados” são os outros que não compreendem esta maravilha que só é dada aos petistas alcançar. Este é o viés messiânico clássico, encontrado nos grupamentos de esquerda.

A articulista de forma proposital mistura as denuncias contra as tentativas de quebrar o Estado de Direito com a discussão sobre a hegemonização da política institucional brasileira.

Contudo a Nassif parece que “esquece” a base prática da ação petista é a cooptação para dentro do aparelho do Estado.

Claro, como Lula, petistas nunca viram nada, não sabem de nada, sequer sabem explicar os dólares nas cuecas. São exemplos de castidade e pureza.

O problema é que eu, por exemplo, falo em mexicanização não pelo PT, mas pela via da aliança entre PMDB/PT.
O PT sozinho não tem esta condição. O PT e os grupos de esquerda entorno dele não venceriam esta eleição sem o PMDB.

A mexicanização virá pela via da cooptação ou da auto-cooptação como forma de sobreviver politicamente num mundo fisiológico elevado ao seu extremo.
Muito longe, portanto, desta utopia delirante daqueles que se julgam “modernos” lutadores contra o atraso.

Vai ser sempre assim: Uma esquerda completamente atrasada tentando se fantasiar de moderna para justificar sua promiscuidade .

Demetrio Carneiro




Fonte: Valor
Maria Inês Nassif

A "mexicanização" do quadro partidário brasileiro é um debate a ser colocado em devidos termos. A ameaça de que o PT, depois das eleições de outubro, se transforme num Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México de 1929 a 2000, é apresentada como "denúncia". Isso é, no mínimo, um equívoco. A questão merece ser tratada criticamente por todos os atores do cenário político, sob pena de a eleição consolidar, de fato, e por um bom tempo, um único partido com condições de acesso ao poder pelo voto.
Essa perspectiva está colocada não porque o PT trapaceou, mas porque a oposição acreditou demais no seu poder de influenciar massas via convencimento das elites. É uma estratégia medíocre de ação política, num mundo onde o acesso à informação tem aumentado e ao mesmo tempo saído da órbita exclusiva da influência dos grandes grupos, e num Brasil onde um grande número de cidadãos-eleitores deixou a pobreza absoluta, outro tanto ascendeu à classe média, a escolaridade aumentou, o acesso à internet é maior e a influência das elites sobre os mais pobres tornou-se muito, muito relativa.

Oposição não mobilizou militância nem formou quadros

Dos partidos na oposição, apenas o P-SOL, em passado recente, e o PPS, quando remotamente era PCB, conseguiram pelo menos formular idealmente um conceito de partido de massas. O P-SOL fracassou porque foi criado na contramão de um crescimento espantoso do PT, partido do qual se originou, e do recuo de setores que, durante o mensalão, ensaiaram abandonar o partido de Lula. Amedrontados com a retórica pré-64 da oposição, esses setores acabaram lentamente retornando à órbita do petismo. O PCB conseguiu a façanha de ser um partido de massas apenas quando tinha um líder carismático, Luiz Carlos Prestes. Como viveu boa parte de sua existência na clandestinidade, é difícil saber se teria vocação para sair da política de vanguarda e ganhar substância em setores mais amplos. O PPS, que o sucedeu, certamente não mostra essa capacidade.
O PT continua a exceção no quadro partidário. A estrutura montada pelo partido nacionalmente, quando começava a se perder na burocratização da máquina, foi salva pelo lado popular do governo Lula e pela ofensiva oposicionista. O partido não é mais o que era quando foi fundado, mas é certo que tem uma representação social.
As demais legendas, em especial as de oposição, não conseguiram sair da camisa de força dos partidos de quadros. O PSDB, que catalisou a oposição a Lula, e o DEM, com o qual é mais identificado, terceirizaram a ação partidária para uma mídia excessivamente simpática a um projeto que, mais do que de classes, é antipetista. Todo trabalho de organização partidária, de formulação ideológica e de articulação orgânica foi substituído por uma única estratégia de cooptação, a propaganda política assumida pelos meios de comunicação tradicionais. A vanguarda oposicionista tem sido a mídia. Esta, espelhando-se na velha estrutura social do país, tem praticado uma conversa exclusiva com os seus: assumiu um discurso para agradar a elite, que por sua vez perdeu quase totalmente seu poder de influência sobre os menos ricos e escolarizados. Os partidos de oposição e a mídia falam um para o outro. Pouco têm agregado em apoio popular, que significaria voto na urna e, portanto, vitória eleitoral.
A ideia de propaganda política via mídia, que para a esquerda pré-Muro de Berlim era uma parte da estratégia de tomada do poder, e para os social-democratas a estratégia de conquista do poder pelo voto, tornou-se a única ação efetiva da oposição brasileira, exercida, porém, de fora dos partidos. Teoricamente, a mídia tradicional brasileira não é partidária. Na prática, exerce essa função no hiato deixado pela deficiente organização dos partidos que hoje estão na oposição ao presidente Lula. E o produto final não é exatamente a agregação de adeptos, mas uma conversa entre iguais, que se autoalimenta de um discurso trazido do udenismo, pouco propenso a conduzir um debate propriamente ideológico.
Esse não é um fenômeno pós-Lula simplesmente, embora os dois governos do presidente petista tenham dado grande contribuição a esse descolamento entre a "opinião pública" e a "opinião dos pobres". Logo no início da redemocratização, foi instituído o voto do analfabeto. Ao longo dos dois últimos governos - portanto, nos últimos 15 anos - ocorreram ganhos de cidadania via aumento de escolaridade e renda que, por si só, incentivam a autonomia do voto. Nos últimos sete anos, os programas de transferência de renda reforçaram essa tendência.
Esse contingente de novos eleitores ganhou autonomia de voto e se descolou da mídia tradicional. Nesse universo, os formadores de opinião pública - por sua vez formados pela mídia - não têm o mesmo acesso que tinham antigamente. O ingresso dos antigos desletrados na era da informação tem se dado pela televisão - e aí o horário eleitoral gratuito é neutralizador - e um pouco pela internet, mas a decisão política ocorre por ganhos de cidadania. Como a mídia tradicional é a única a operar como "propagandista" dos partidos de centro e de direita que nunca acharam necessário incorporar militância, formar quadros ou mesmo publicizar ideário, é de se supor que a capacidade de formação de consensos da mídia tradicional seja pouco significativa numa parcela do eleitorado que ascendeu recentemente ao mercado consumidor.
O bloco oposicionista, que inclui não apenas os partidos, mas a mídia tradicional, não entendeu as mudanças que ocorreram no país. O modelo partidário que trazem na cabeça é um que pressupõe alinhamento automático de parcelas da população com líderes distantes ou donos de votos locais, ou a submissão da "ignorância" popular à opinião formada por iluminados. O novo Brasil não comporta mais isso. Esse modelo de política é elitista, porque não parte do princípio que as pessoas são iguais inclusive no direito de formar uma opinião própria.

Maria Inês Nassif é repórter especial de Política. Escreve às quintas-feiras

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

PODER, PODER E PODER


Parece que Erenice Guerra reconheceu que não só seu filho receber R$100 mil pelo que fez, como recebeu “sem contrato assinado”.

Bem, Erenice é Ministra de Estado. Benedita quando perguntada sobre a viagem que lhe custou o cargo não viu nada demais. Dilma declara que é baixaria e “problema do governo”. Lula sabendo do tamanho do problema não se arrisca ao “não sabia” ou ao “não tem nada demais”.
No Poder Executivo Ministro de Estado é a segunda função em importância após o presidente.

O filho de Erenice cometeu ao menos um crime passível de punição, sem muita discussão: Sonegação Fiscal.
Se não houve um contrato formal e ele recebeu o dinheiro por conta de prestação de serviços havia tributos e não foram pagos.
É preciso verificar sua declaração de Imposto de Renda e sua conta-corrente. Como, ao contrário do governo, a oposição é obrigada a cumprir a lei, é melhor pedir ao MP que providencie.
Esclarecida esta questão ainda restará buscar a origem deste recurso e verificar se veio de fonte legal. Algo me diz que veio de fonte ilegal. Ninguém passa R$100 mil de uma mão para a outra “sem contrato”. Estão contando os crimes que se acumulam?

Depois disto tudo é bom, ai sim, se perguntar se o filho de uma Ministra de Estado pode estar envolvido num assunto sobre o qual a ministra tem toda condição de pressão. No mínimo pelo fato de ser filho da ministra. Há, portanto, mais outro crime: Tráfego de influência.

Como da outra vez, com Dirceu à frente, os crimes que ocorrem no Gabinete Civil ocorrem na ante-sala da Presidência, numa estrutura chamada Presidência da República.

Tem a questão da responsabilização: A ministra deve sim responder pelos atos de seu filho, pois envolviam diretamente o fato de ela estar exercendo a função que exercia.
Se Erenice fosse da faxina da Presidência da República seu filho teria feito o que pode fazer?
Teria sido mais fácil para todos se ela tivesse se afastado expontaneamente do cargo.
Está meio parecido com a história do filho de Romeu Tuma flagrado em conluio com o conhecido contrabandista e dizendo que não se afastaria pois “não tinha nada demais”. Houve para o governo uma fortíssima linha de desgaste que só amainou após seu afastamento definitivo.

A permanência de Erenice no cargo só irá complicar as coisas.
O que é que a CGU vai investigar, com a potencial investigada ocupando a ante-sala do presidente e contando com seu apoio direto, público?

A pergunta que deveria ter sido feita desde o primeiro escândalo: Num regime presidencialista verticalizado como o brasileiro, quando ocorrem crimes na própria estrutura da Presidência da República, por acaso não é o presidente o responsável?
Ou ter 80% de aprovação significa estar acima da lei?

Demetrio Carneiro

Volpon no Valor: O Brasil pode ter uma meta de crescimento


Abaixo texto do Tony Volpon, publicado, hoje, 15, no Valor Econômico.
Vem na linha que defendemos de que é viável uma coordenação da política econômica, tendo por referência uma meta de crescimento, que dê mais eficiência e sustentação à macroeconomia, reduzindo sensivelmente e eliminando o arrasto dos juros.

Demetrio Carneiro





A economia parece ainda estar fixada em um equilíbrio estável, mas ineficiente.

Diz o ditado popular que "em time que está ganhando, não se mexe". O caso do crescimento recente da economia brasileira, beirando a "níveis chineses" de 9% ao ano, parece recomendar que não deveríamos mudar nada no atual gerenciamento da macroeconomia.
  
Infelizmente, o problema é que, em nosso no caso, diferentemente da China, esse nível de crescimento já provou ser insustentável. Nosso "Pibão" do início do ano deve sofrer forte redução de tamanho nos próximos trimestres, e isso sem ainda sentir-se os recentes aumentos da taxa Selic. Como já verificado na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), fica aparente que muito do crescimento acelerado que o Brasil acabou de ter foi devido a fatores transitórios. O fato é que, apesar do Brasil gozar do melhor ambiente mundial em mais de 30 anos, com sua economia fortemente estimulada pelo crescimento asiático e sua demanda insaciável por nossas matérias-primas, nosso crescimento sustentável não passa de 5% ao ano, na melhor das hipóteses.

O atual "tripé" macroeconômico tem ajudado o Brasil bastante. O sistema de metas de inflação, apesar de muito criticado por alguns, tem garantido estabilidade inflacionária, algo nada desprezível para um país com o nosso histórico. A política fiscal com meta de superávit primário tem garantido a solvência da nossa dívida, também algo nada desprezível, se pensarmos sobre a atual situação de muitos outros países e a crise que nos assolou nos anos 80. E o sistema de câmbio flutuante, também muito criticado, tem tido papel importante na ajuda para que a economia brasileira se ajuste a uma variedade de choques externos.

Situações de excesso de demanda geram forte entrada de recursos externos dada a falta de poupança

Apesar desse sucesso, nossa economia parece ainda estar fixada em um equilíbrio estável, mas ineficiente, com taxa de juros reais muito altas e uma taxa de câmbio apreciada, prejudicando nossas exportações e levando a uma incipiente desindustrialização, onde a demanda chinesa impõe uma crescente especialização na exportação de matéria-primas. Acreditamos que a situação atual é sustentada por uma variedade de fatores estruturais que podem e devem ser atacados.

Especificamente, vemos duas mudanças para iniciar o processo de transição para um novo equilíbrio com taxa real de juros menores e um nível do câmbio menos apreciado. A primeira seria uma maior coordenação entre as políticas fiscais e monetárias. Apesar de garantir solvência, a atual política fiscal tem caráter nitidamente pró-cíclico, já que, como estamos vendo agora, o aumento da receita em momentos de forte crescimento gera espaço para aumentar as despesas, pressionando a demanda agregada e forçando o Banco Central a ser mais duro com a política monetária.

O agressivo uso de instituições financeiras públicas via uma política de crédito com cunho para-fiscal aumenta ainda mais esse problema de coordenação. Além do mais, situações de excesso de demanda geram forte entrada de recursos externos dado nossa secular falta de poupança, apreciando a taxa de câmbio.

Nossa proposta é a de criar uma instância coordenadora, a que chamamos de "Conselho Econômico Nacional" ou CEN, para coordenar a execução da política fiscal e monetária, assim retirando da política monetária todo o ônus de garantir a estabilidade, muitas vezes tendo a infeliz tarefa de compensar exageros da política fiscal. O Banco Central ainda manteria sua independência operacional e teria meta de inflação decidida pelo governo, mas agora teria seu planejamento auxiliado por uma política fiscal realmente anticíclica.

A segunda proposta é abandonar o conceito de superávit primário como meta da política fiscal, adotando em seu lugar a meta de manter um superávit nominal "estrutural". O termo estrutural é usado para determinar uma situação de superávit quando a economia estiver com crescimento perto do seu potencial, abrindo espaço para déficits em casos de quedas no crescimento.

Tal regra teria dois efeitos importantes sobre o nível da taxa de juros e do câmbio. Primeiro, por ser anticíclica deve garantir uma queda no prêmio embutida na curva de juros já que o Banco Central teria que mudar menos a Selic. Segundo, por garantir que durante o ciclo econômico a política fiscal teria superávit nominal como meta, isso tornaria o setor público um gerador de poupança ao longo do ciclo econômico, uma condição necessária para aumentar de forma sustentável as taxas de investimento sem ter que usar a poupança externa intensivamente, como ocorre atualmente, causando perigoso crescimento dos déficits em conta corrente. Isso deve levar a uma menor apreciação do câmbio, sem a necessidade de artificialismos como defendido por muitos críticos da atual política econômica ou o elevadíssimo custo fiscal da atual política de acumulação de reservas do Banco Central.

Essas duas propostas no âmbito macroeconômico levariam, no nosso entender, a um fortalecimento no "tripé" macroeconômico, dando ao Brasil a possibilidade e número de instrumentos necessários para, de forma consistente e sustentável, trabalhar com uma meta de crescimento junto com uma meta de inflação, tendo como resultado uma taxa de juros menor e uma taxa de câmbio menos apreciado, possibilitando um desenvolvimento econômico realmente sustentado, mudando os atuais fatores estruturais que sustentam um equilíbrio perverso de juros altos e câmbio, sem artificialismo. Nesse novo arranjo institucional de coordenação entre as políticas fiscais, monetárias e cambiais, o Brasil teria uma mudança de regime equivalente ao visto na implementação do Plano Real.

ZÉ DIRCEU COLOCA AS UNHAS, AS QUE AINDA TEM, DE FORA...


A luta pelo controle interno do governo de Dilma já começou. Quem tiver juízo deve sim se preocupar.

Citando o César Maia, hoje, 15:

JOGO CHAVISTA AGORA ESTÁ ABERTO: 'TODO PODER AO PT! ABAIXO A CONSTITUIÇÃO'!

(Globo, 15) 1. José Dirceu diz que Lula é maior que o PT e que Dilma Rousseff, sim, levará o 'acúmulo' petista ao poder. Em encontro com petroleiros petistas na Bahia, segunda-feira à noite, o deputado cassado e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu disse que a eventual eleição da petista Dilma Rousseff para o Planalto será mais importante que a do presidente Lula, pois ele "é duas vezes maior que o PT", enquanto ela representaria a chegada do projeto partidário petista ao poder. Sem perceber a presença da imprensa, ele também criticou a mídia e defendeu o fortalecimento do partido. "A eleição da Dilma é mais importante do que a do Lula, porque é a eleição do projeto político".

2. A eleição da Dilma é mais importante do que a do Lula, porque é a eleição do projeto político, porque a Dilma nos representa. A Dilma não era uma liderança que tinha uma grande expressão popular, eleitoral, uma raiz histórica no país, como o Lula foi criando, como outros tiveram, o Brizola, o Arraes e tantos outros. Então, ela é a expressão do projeto político, da liderança do Lula e do nosso acúmulo desses 30 anos. Se queremos aprofundar as mudanças, temos que cuidar do partido e temos que cuidar dos movimentos sociais, da organização popular - discursou Dirceu, que teve de deixar o cargo de ministro da Casa Civil, em 2005, em meio ao escândalo do mensalão do PT.

DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO

Na segunda, 13, eu postei sobre o papel do conhecimento na reprodução da desigualdade.

Ontem, 14, o Simon postou um texto no qual usa dados da PNAD/2009 para avaliar o peso de algumas categorias na massa de formados no ensino superior, comparativamente com 2002.
No quadro que desagrega por categoria profissional o maior contingente vem dos professores do ensino básico com um crescimento de quase 100 por cento sobre 2002 e representam cerca de ¼ do contingente total de formados. Contudo profissionais das ciências exatas, física e engenharia representam menos de 7% do contingente e acusaram um crescimento de pouco mais de 50 por cento.

Evidentemente políticas públicas são escolhas e reforçar a qualificação de profissionais do ensino, certamente o básico, é uma boa escolha. Agora, fica difícil imaginar possível desenvolvimento sem maiores investimentos em carreiras tecnológicas.
Assim como fica difícil imaginar que essas carreiras tecnológicas possam se qualificar sem maiores investimento em P&D.
Da mesma forma fica difícil imaginar melhoras sem que se compreenda o quanto um novo paradigma de desenvolvimento, fundado no impacto da atividade humana sobre o meio ambiente, gerará na demanda por novas tecnologias.

Talvez uma parte do problema esteja na rede pública de escolas técnicas que foi literalmente desmontada nos últimos anos. Há correlação entre ensino técnico de nível médio e carreiras técnicas de nível superior.
Talvez outra parte esteja no discurso vazio, apenas para a mídia.

Demetrio Carneiro

terça-feira, 14 de setembro de 2010

2011 BATE À PORTA


O Boletim Focus sinaliza não as intenções, mas os fatos e, usando a previsão da Selic como referência, dá para ver que o “ajuste fiscal” prometido por Dilma pode não ser tão efetivo.

Em tese o grande trabalho seria uma forte pancada na taxa via um pesado ajuste. Seria o que colocaria Dilma no topo da cadeia alimentar da base de governo. É o que Tony Volpon comentou no “100 primeiros dias...”.

Fatos que depõem contra, são as liberalidades orçamentárias como as cometidas na LDO à favor das prefeituras que cidades-sede da Copa, autorizadas a ignorar a Lei de Responsabilidade Fiscal, que é uma Lei Complementar ou no liberalismo para os governos estaduais “amigos, conforme matéria de hoje no Congresso em Foco. Ou os outros R$60 bi para o BNDES no próximo ano. Essa “vontade” permanecerá?

Em tese, também, o problema é que o gasto neste tipo de gestão é “poder”- papel real do aparelho de Estado, muito mais que “transformação”-papel idealizado para o aparelho do Estado, bom para discursos.
Seria muito interessante o poder com a transformação, mas o problema é que o perfil externo de esquerda radical esconde um perfil interno fortemente conservador – ai a convergência com os neo-coronéis, de apostas assistencialistas e construção do mais clássicos dos Capitalismos de Estado.

O que fica é esta coisa esquizofrênica. Geralmente a competição alimentar é que costuma mover as coisas.

A se ver o que Dilma realmente fará.
 
#Primeira prévia do IGP-M de setembro sobe 0,99%, bem acima da leitura anterior de 0,42% e das expectativas de mercado de 0,75%.

#The Wall Street Journal afirma que o maior risco que a Petrobras enfrenta não envolve a exploração de petróleo em águas profundas, mas sim a sua politização.

# O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já negocia um novo aporte de recursos do Tesouro para 2011( mais R$60 bi) , confirmaram ao 'Estado' fontes do governo federal. O valor ainda não está definido e a tendência é de que o empréstimo seja menor que o feito neste ano.

#Do Boletim Focus: inflação esperada para os próximos 12 meses (suavizada) sobe de 5,03% para 5,06%; inflação esperada para 2010 cai de 5,07% para 4,97%; inflação esperada para 2011 sobe de 4,85% para 4,90%; Selic para o final de 2010 fica estável em 10,75% mas sobe de 11,50% para 11,75% em 2011; e PIB 2010 sobe de 7,34% para 7,42%.

#(Valor Econômico)Se for eleita, a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, anunciará o compromisso de reduzir a dívida pública líquida para 30% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, último ano de seu possível mandato. Em 2009, a relação dívida/PIB fechou o ano em 42,80%. Este ano deve cair para 40,80%, segundo expectativa do mercado financeiro.

A agenda econômica da candidata prevê a adoção de medidas para estimular o financiamento privado da infraestrutura; a realização de uma reforma tributária focada no ICMS e na desoneração das exportações e dos investimentos produtivos; a regulamentação da reforma da previdência dos funcionários públicos; o aumento do tempo de contribuição para as aposentarias pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS); a separação das aposentadorias rural e urbana; a criação de limites para a expansão das despesas com pessoal do setor público.

Demetrio Carneiro

REPRODUÇÃO E AMPLIAÇÃO DA DESIGUALDADE PELO CONHECIMENTO


É interessante como algumas coisas convergem.

Em matéria do JB Online, 12, Marcelo Neri da FGV faz uma correlação direta entre desigualdade e escolaridade.
Neri comemora a mudança no Índice de Gini, entre 1996(0,6068) e 2009(0,5448), mas lembra da Índia, por exemplo(0,300) e assinala que, no caso brasileiro, a redução se deu via maior presença e maior permanência de jovens e adolescentes nas escolas.

Na realidade isso joga uma luz sobre o papel do conhecimento num mundo onde as transformações são aceleradas e as informações mais importantes não são mais passadas de uma geração para outra. O conhecimento vem se produzindo dentro do espaço de uma mesma geração e chega a ser alterar dentro dela. A família e o trabalho não são mais suportes eficientes para a transferência de conhecimento. Este papel passa a caber à escola, um primeiro lugar, e a todo um conjunto de estruturas de capacitação para o trabalho.

Enfim, sem escolas e sem permanência de crianças e adolescentes nas escolas as chances de mudança no esquema de equidadade são nenhuma.

Estou sempre batendo na tecla da “mudança de rumo” feita no Plano Plurianual Anual-PPA vigente. O PPA é o planejamento de longo prazo: 4 anos, da gestão pública e é nele que ficam inscritos os programas prioritários para o período. Na realidade o PPA é um grande modelador de políticas públicas de longo prazo. O atual começava em 2007 e vai até 2011. Sua “marca” era a qualidade do ensino básico. Por razões já bem conhecidas houve a mudança de rumo e o eixo central do PPA virou o PAC e a questão da educação foi, digamos, reposicionada como uma das questões do PAC. Sendo PAC este espetacular exemplo de propaganda eleitoral casada com ineficiência gerencial, a educação obviamente sofreu todas as conseqüências.

Agora, vamos aguardar o próximo governo e observar.

O que é certo é que a educação tanto pode servir, sendo eficiente, para quebrar a escrita e romper a desigualdade, como pode, ao inverso, por ser ineficiente, ser ela própria, a educação, garantia da sua reprodução e até ampliação.

Outro dia o relatório do Fórum Econômico Mundial nos colocava com péssimas notas com relação ao sistema educacional. Confira ai.

Num texto, em inglês, publicado no Washington Post, Ezra Klein, referindo-se aos EUA, comenta:
"Habilidade de seguir tendências de mudança tecnológica", ..., essencialmente, sugere que as mudanças tecnológicas transformaram a economia de tal forma que criaram muitas oportunidades para os trabalhadores de grandes habilidades e tiraram oportunidades de trabalhadores com poucas habilidades. Se essa mudança ocorreu mais rápido que o mercado de trabalho possa ter tido meios de se adaptar, é uma culpada plausível para o aumento da desigualdade.

Acho que podemos ficar por aqui.

Demetrio Carneiro

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O OVO DA SERPENTE...NA EUROPA


“Povo antigo, porém prolífico e cheio de vitalidade, os ciganos tentaram resistir à morte, mas a crueldade e o poderio de seus inimigos prevaleceram à sua coragem. O amor à música serviu-lhes por vezes de consolo no martírio. Famintos e cobertos de piolhos, eles se juntavam diante dos hediondos barracões de Auschwitz para tocar música, encorajandas crianças a dançar. Há testemunhas da coragem dos ciganos que militaram na Resistência polonesa, na região de Nieswiez. Segundo elas, os combatentes ciganos se lançavam sobre o inimigo fortemente armado empunhando apenas uma faca. São decorridos 40 anos desde o genocídio dos ciganos. Já é tempo de denunciar esse crime abominável. Estas linhas pretendem tão somente evocar terrível injustiça cometida contra os ciganos.”



Texto de Myriam Novitch, vale ler na íntegra,diretora do Museu dos Combatentes dos Guetos, fundado no Kibutz Lohamel Haghetaot por um grupo de sobreviventes do Gueto de Varsóvia.



Tem o velho ditado: “Diz-me com quem andas...Eu te direi quem és.”
De seu seleto grupo de amigos Lula tem o Presidente do Irã, que dispensa apresentações, e o Presidente da França, Sarkosy.

Segundo o Estado “O índice de aprovação do presidente francês Nicolas Sarkozy subiu 4 pontos porcentuais em setembro, para 34%, de acordo com uma pesquisa publicada hoje, apesar das fortes críticas internacionais sobre as ações contra os ciganos no país.”

Na Europa atual não é mais politicamente correto perseguir judeus, comunistas ou homossexuais.
Sobrou para os imigrantes e para os eternos migrantes: Os ciganos.
Migrantes, pois ciganos são cidadãos do mundo. Aquele mundo "sem passaportes", "sem fornteiras" que todos sonhávamos para o século XXI.

Era previsível uma onda nacionalista de direita por conta da crise de emprego.
Não custa lembrar que por essas águas já navegaram outros “socialistas”, os nacional-socialistas da Alemanha Nazista.

Demetrio Carneiro

Obs. : Na foto acima, num dos cartazes, o da esquerda, há uma referência ; Os « roms » querem viver.

Segundo a Wikipédia « rom » é o termo adotado pela União Internacional Romani (IRU) e reconhecido pela ONU, para designar um conjunto de populações que tem em comum sua origem indiana.
São os nossos « ciganos ».
Na França são : Gitans, Tsiganes, Manouches, Romanichels, Bohémiens, Sintis, Gens de voyage.