Abaixo uma tradução livre da nota a que se refere o Tony Volpon no post anterior: Brazil’s september budget shows “deterioration”, Volpon says.
Interessante perceber como esse governo esgota com muita facilidade suas margens de manobra.
Demetrio Carneiro
Assunto: Brasil – números fiscais bem piores que o esperado
O déficit do orçamento do governo federal em setembro ficou muito pior do que o esperado, R$ 7,6 bilhões verificados, contra R$ 2,7 bilhões previstos. É o pior resultado para o mês de setembro desde 1997 e o também, portanto, deste ano.
Em relação a agosto, a receita caiu 12,0%, as despesas aumentaram de 13,6%. Um forte fator de contribuição para a queda na receita foi reduzido o pagamento de dividendos de empresas estatais. As receitas de dividendos não reagiram com firmeza, mesmo que a economia tenha melhorado, porque boa parte dos ganhos antes da crise econômica eram uma compensação natural, fruto de atividades excepcionais do mercado de capitais (como o boom 2006-2008 IPO). Embora as coisas estejam muito melhores agora, elas estão longe de serem aqueles dias de glória e não se deve esperar este revival para breve. ( A falta de ) Fortes lucros corporativos, inclusive das empresas públicas, são também explicação uma grande parte das receitas perdidas.
Este resultado muito ruim é mais uma prova, se houver que mostrar algo mais, que a política orçamentária tem sofrido forte deteriorização e que, como entramos no ciclo eleitoral de 2010, não devemos esperar que o atual governo faça nada para reduzir os gastos. Na verdade o ministro da fazenda Mantega anunciou uma continuação totalmente desnecessária de corte de impostos para a compra de produtos eletrônicos, bem a tempo de agradar o eleitorado durante a temporada de compras de Natal. Também fica visível que a imposição do IOF muito provavelmente teve a intenção de aumentar as receitas, embora o ministro negue. Ainda que os fundamentos econômicos estejam estáveis (sobretudo graças à Ásia), a grave deteriorização da política fiscal coloca o país em risco, se alguma coisa falhar pelo meio do caminho.