Acho que estou entre os fãs de carteirinha assinada do prof. Simon. Tenho acompanhado sua luta por outro tipo de formação de conhecimento acadêmico na área de ciências naturais.
A questão do investimento público e privado, investimento em inovações, principalmente, para mim é central quando tratamos de um assunto que me interessa muito, e deveria interessar a todos os brasileiros, que é a questão do crescimento/desenvolvimento brasileiro.
Certamente investimento em inovações implica, sempre, em um pacto que envolva a produção acadêmica. A produção acadêmica de qualidade, a existência de pesquisadores qualificados é um dos primeiros passos de uma longa cadeia de associações e interações, quando se olha pelo lado correto, o sistêmico, que nos levarão, ou não, a um patamar de desenvolvimento sustentável de longo prazo.
Estou linkando para o Blog do professor e especificamente para um post: Educação em ciências no Brasil.
Um dos pontos é um gráfico apresentado pelo professor que lista dados de pesquisadores das naturais tipo “pesquisadores por milhões de habitantes”. Nele o nosso país, junto com o Chile e a China vem na faixa abaixo de mil por milhão. Entre os três somos os menores. A Finlândia chega a oito mil por milhão, EUA, Canadá, Austrália, Rússia, Reino Unido, oscilam entre três e oito mil pesquisadores por milhão de habitantes.
Certamente há um belíssimo discurso sobre a “nova economia”, sustentabilidade, transversabilidade etc..., que não nos levará, da mesma forma, a lugar algum se não se tiver como condicionante básica dessas propostas a questão da formação do conhecimento.
Todo discurso de “sociedade do conhecimento” é piada sem as estruturas viabilizantes.
Nesse sentido teremos que estar indo além da retórica e sermos capazes de apresentar as chamadas propostas estruturantes e concretas.
É a única forma de deixarmos de ser uma sociedade do futuro para sermos uma sociedade do presente.
Assumir esta premissa envolve a responsabilidade de repensar de forma crítica e produtiva toda a estrutura de formação do conhecimento e ela começa lá no ensino pré-escolar, nos municípios e termina nos eixos de articulação entre as diversas cadeias de produção.
Quem tem a coragem de mexer com uma macroestrutura transversal em diversos sentidos, republicano e federativo. Tocar em diversas áreas de interesse, encasteladas em espaços de poder existentes, desde sempre, e articuladíssimas com o poder real?
Esse é um projeto complexo e que exige muita ousadia, mas é o ponto de partida de qualquer outro projeto para pensar nosso futuro. O resto é o resto.
Demetrio Carneiro