sábado, 30 de janeiro de 2010

O Estado é Eu... Já o Erário... Bem, esse Pode Ser Também dos Amigos!

Nosso presidente favorito demonstra novamente crer em sua suprema esperteza e na ignorância coletiva.

Além do escandaloso comportamento de Lula com relação à compra de caças pela FAB, onde simplesmente rasgou o trabalho dos verdadeiros especialista técnicos e estratégicos (ou alguém razoável acredita que o Jobim, Marco Aurélio Garcia, Amorim e cia entendem mais de estratégia e tecnologia que o pessoa da FAB, que inclui CTA, AFA, ITA etc) e demonstra disposição em pagar muito mais pelo Rafael do que o caça realmente aparenta valer (segundo a própria Dassault, que oferta o avião por valores bem mais baixos para a Índia), nosso “guia” acaba de indicar a substituta de Dilma, ninguém menos que Erenice Guerra.

A tia Erenice, secretária executiva da ex-doutora Dilma, é pivô do escândalo que envolveu a elaboração de um dossiê contra a verdadeira doutora Ruth Cardoso e seu marido, e ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso.

Poderíamos abordar essa senhora de duas maneiras possíveis:

i) A partir do claro absurdo que é a idéia de tentar evitar a apuração do roubo do erário facilitado pelos cartões corporativos através da chantagem. Ela, antes mesmo de ter vida política, mostrou que não está nem aí quando um companheiro rouba, o relevante é impedir que ele seja punido.
ii) Ou do segundo absurdo, que é o uso da maquina pública para surripiar os direitos de cidadãos. Palocci fez isso contra um simples caseiro que ousou contar que Palocci era o que é, um criminoso! Guerra, sob comando de Dilma, tentou fazer isso contra uma das pessoas mais éticas a freqüentar o quadro do poder, a Dra. Ruth Cardoso. Com isso mostrou que tem o mesmo caráter ruim que predomina em boa do lulu-petismo.

Lula novamente mostra onde fica o seu padrão de ética e responsabilidade com a coisa pública.

Abs

José Carneiro

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

OS VENDEDORES DE DIFICULDADES


Aos ilustres amigos que pretendem “interpretar” o sentimento da esquerda ou a vontade das massas e saem por ai criticando “os juros altos” ou o “câmbio que prejudica nossa indústria” deixo como sugestão o texto abaixo publicado no Valor Econômico.
Pessoalmente já esgotei meu repertório. Pode ser que escrito o argumento por outros talvez prestem atenção e se dêem conta de que num ano eleitoral precisam de argumentos mais bem elaborados.
No fundo essa fala fácil de criticar no geral sem procurar entender as origens ou tratar das verdadeiras soluções não deixa de ser um formato de vender dificuldades para oferecer facilidades ou, quem sabe, soluções mágicas, atalhos...
Talvez se prestassem atenção naquela pesquisa que relata a reação das classes de menor renda à tributação excessiva tivessem assuntos mais interessantes para tratar. Apenas uma sugestão, claro.
Demetrio Carneiro

Câmbio, poupança e os vendedores de ilusão

Pedro Cavalcanti Ferreira e Renato Fradelli Cardoso
29/01/2010

Muitos economistas têm defendido a adoção de uma taxa real de câmbio desvalorizada como estratégia de desenvolvimento, no intuito de preservar a competitividade de vários setores industriais nacionais ameaçados pela valorização cambial. Como exemplo de sucesso a ser copiado apresentam os países asiáticos, onde o acelerado crescimento econômico vem acompanhado de uma taxa real de câmbio competitiva, sem pressão inflacionária. Teria o Brasil condições de emular a estratégia asiática, sem provocar a elevação da inflação?
A resposta à pergunta acima é categoricamente negativa, pois o modelo asiático está calcado em uma alta taxa de poupança doméstica, inexistente no Brasil. É importante compreender por que, de posse de uma poupança doméstica elevada, os bancos centrais asiáticos conseguem facilmente manter a taxa real de câmbio desvalorizada sem provocar inflação. Um banco central que decida manter a taxa real de câmbio mais desvalorizada do que o determinado pelo mercado precisará comprar dólares dos exportadores. Se as compras forem pagas com emissão monetária, cedo ou tarde surgirão pressões inflacionárias. A fim de evitar a inflação, a emissão monetária decorrente da acumulação de divisas terá que ser esterilizada mediante venda de títulos do próprio banco central - ou de títulos do governo que estejam em seu ativo. Quando a poupança doméstica é alta, esses títulos são facilmente colocados no mercado interno, mesmo a taxas de juros baixas, pois há poupadores dispostos a comprá-los. Entretanto, diante de uma poupança doméstica baixa, o banco central não consegue neutralizar a pressão monetária provocada pela acumulação de divisas, gerando inflação.
Como exemplo de comparação com o caso brasileiro, tome-se a China, país cuja poupança doméstica - pública mais privada - alcança 45% do PIB, enquanto no Brasil ela é de apenas 17%. A poupança pública chinesa é elevada por dois motivos. Primeiro porque o governo não precisa arcar com elevadas despesas previdenciárias, pois lá não existe um programa previdenciário em regime de repartição deficitário como aqui. No Brasil, diferentemente, apesar de sua população relativamente jovem, os gastos com aposentadorias e pensões - INSS e servidores públicos -, transferem a gigantesca fração de 12% do PIB às famílias, equivalente a um terço da enorme carga tributária de 36% do PIB brasileiro.
O segundo motivo é o fato de que, nos principais setores da economia chinesa, há uma empresa hegemônica estatal que, por operar como monopolista - ou quase isso - tem alta margem de lucro, que contribui para a poupança pública. Vale lembrar que, num país com mercado de capitais em estágio embrionário, é natural que as empresas estatais chinesas dependam de lucros retidos para financiar seus investimentos. Ademais, num regime politicamente fechado como o chinês, o governo desconsidera pressões populares por redução de margens de suas estatais. O mesmo fenômeno se observava na década de 1970 no Brasil. No Brasil democrático atual, as estatais são frequentemente chamadas a dar sua contribuição para a redução das pressões inflacionárias, reduzindo a poupança pública.
Quanto à poupança privada chinesa, ela é alta porque a inexistência de um sistema previdenciário público estimula a poupança pessoal. Diante da perspectiva de insuficiência de renda na velhice, o chinês humilde que migrou do interior para trabalhar nas grandes cidades opta voluntariamente por poupar metade de sua renda do trabalho. Como consequência, o consumo pessoal chinês é de apenas 35% do PIB, cerca de metade da fração observada no Brasil.
Os chineses poupam muito e os brasileiros muito pouco. Isso não ocorre porque os brasileiros são intrinsecamente diferentes dos chineses, mas porque reagem a incentivos econômicos muito distintos. Um trabalhador brasileiro de baixa renda, caso atue no setor formal, não tem estímulo a poupar, pois receberá aposentadoria integral do INSS. Se estiver no setor informal, terá direito ao LOAS, um benefício mensal de um salário mínimo - equivale a mais de um terço da renda per capita nacional -, mesmo que nunca tenha contribuído para o INSS. No caso do trabalhador de classe média, se for servidor público, não terá incentivo a poupar, pois receberá aposentadoria integral. Somente os trabalhadores da classe média alta do setor privado têm incentivos a poupar, pois receberão do INSS uma renda mensal inferior ao salário pré-aposentadoria.
Os dólares comprados pelo banco central chinês são aplicados no exterior, sobretudo em títulos da dívida pública norte-americana, o que explica as gigantescas reservas internacionais chinesas. Do ponto de vista macroeconômico, o banco central chinês atua como um intermediário financeiro entre o poupador chinês e o tesouro norte-americano. Isso significa que, no futuro, quem pagará a aposentadoria do trabalhador chinês que hoje poupa metade de sua renda será o contribuinte norte-americano das próximas décadas.
O Brasil só poderia cogitar uma estratégia de crescimento do tipo asiática se adotasse medidas destinadas a aumentar significativamente a poupança doméstica. Mas isso exigiria um novo pacto intergeracional completamente distinto daquele fixado pela Constituição de 1988. As gigantescas pressões pelos aumentos de gastos sociais observados nas duas últimas décadas, a resistência à reforma de nosso sistema previdenciário concentrador de renda, o tabu em relação à cobrança de mensalidade no ensino superior público, para citar apenas alguns exemplos de compromissos constitucionais do Tesouro, refletem a opção da sociedade brasileira por um modelo de desenvolvimento distinto do asiático.
O espetacular crescimento dos tigres asiáticos baseou-se na conjugação de enorme taxa de poupança doméstica, elevado investimento em educação e em infraestrutura, e economia aberta ao comércio internacional. Ao benefício do crescimento acelerado e baixa inflação correspondeu o sacrifício do adiamento do consumo, o esforço educacional e a resistência aos lobbies protecionistas.
Os entusiastas do modelo de crescimento econômico asiático deveriam apresentar também seus custos. Não podem vender ilusões à sociedade brasileira. Além da valorização cambial, há outras dificuldades enfrentadas diariamente pelos empresários brasileiros, como a voracidade tributária do Estado, o cipoal de regulações impostas por diversos órgãos das três esferas de governo, os achaques de fiscais que vendem facilidades criadas por aquelas regulações, a má qualidade da mão de obra, a lentidão da Justiça, o elevado spread bancário, para citar apenas algumas.
Por que eleger a taxa de câmbio a solução miraculosa de toda essa gama de distorções resumida na expressão Custo Brasil? Em vez de apresentarem o câmbio real desvalorizado como o ovo de Colombo do crescimento, a fórmula mágica e indolor que geraria crescimento sem sacrifícios, eles deveriam defender as eternamente adiadas reformas estruturais destinadas a aumentar a poupança pública e privada no Brasil.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Quase Despercebido (Orçamento e Crise Energética)

O Governo afirma que não há problemas com a infra-estrutura de energia do país. Antes de Lobão, Dilma foi ministra de Minas e Energia. O conhecimento que ambos tem da área é o mesmo, nenhum!

Teoricamente, Dilma havia estudado o sistema brasileiro durante seu mestrado e doutorado na Unicamp, como esses cursos não passavam de uma breve mentira curricular, que, segundo a ministra, contou com apoio de um hacker misterioso que invadiu o Currículo Lates da ex-doutora e o site da Casa Civil e manteve por vários meses essa informação lá, é fatal que os estudos sobre o setor enquadrem-se na mesma categoria.

O setor, que não está em crise oficial, apesar dos apagões, teve um aumento fantástico na sua previsão orçamentária. Tão incrível que ultrapassou o orçamento previsto para 2010 do Ministério da Defesa e do Ministério da Saúde, usuais terceiro e segundo maiores orçamentos da Esplanada, ficando atrás apenas do orçamento da Previdência.

Ora, ou o PAC 2 está centrado no Ministério de Minas e Energia, o que seria evidência de falta de investimento durante o governo Lula, ou o sequência de ministros incompetentes começou a cobrar seu preço. Pena que com o atual gestor boa parte do recurso deva acabar no ralo, ou melhor, na rachadura da barragem.

abs

José Carneiro

Meio Ambiente?! Nosso Inimigo Mortal Número 1!!!!

Além de desmascara os porcos, também é útil lembrarmos das antas.

Veja AQUI o vídeo da ex-doutora, ex-mestre e ex-terrorista, virtual candidata do PT à sucessão de Lula.

Para a sumidade, o Meio-Ambiente é uma ameaça à espécie humana. Isso deve ser algum tipo de lógica marxista-leninista-neo-stalinista-pós-modernista.

Abs

José Carneiro

Quando Um Porco Mostra Que É... Um Porco!

Em tempos de início de campanha eleitoral vale lembrar de que categoria são as “elites” estratégicas e intelectuais de cada governo.

O vídeo abaixo mostra um dos homens de visão mais deturpada a ocupar um cargo relevante na República, alguém que crê na mentira como ferramenta útil e na ditadura bolivariana como instrumento libertador. É claro essas crenças só podem ter duas fontes: falta de vergonha na cara, ou falta de massa cinzenta.

Em julho de 2007, Marco Aurélio Garcia, assessor especial do presidente Lula para assuntos bolivarianos e anti-imperialistas, assistia o Jornal Nacional sem saber que era filmado, ao ouvir a notícia de que problemas técnicos no aparelho, e não na pista, poderiam ser os responsáveis pela tragédia do vôo TAM 3054, o “grande pensador” demonstrou de forma clara e impecável como vê o mundo. Para ele, as vítimas e a dor de suas famílias não eram problema, ou mesmo algo relevante!

Assista ao vídeo AQUI.

Abs

José Carneiro

PS: peço desculpas se algum suíno genuíno ofendeu-se com a comparação.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

EVENTUALMENTE A VERDADE DOS FATOS FAZ BEM - 1

Tem hora que tem de tirar o chapéu e fazer as honras.
O Blog do Reinaldo Azevedo tem sido um dos, muitíssimo, poucos onde a coragem de estar diariamente desmascarando as artimanhas e espertezas do Rei, o outro, é profissão de fé.
Muita gente se esconde por trás dos altos índices de aprovação presidencial para fazer de conta que não vê o que de fato se vê, como se essa atitude fizesse parte de alguma estratégia pensada e não fosse apenas covardia política.


Não sei dar todos esses coloridos, mas ai vai uma das matérias de hoje, quarta, 27.


Demetrio Carneiro


A Folha Online publicou ontem, dia 26, às 17h18, um “erramos”, corrigindo a transcrição que fez da fala de Lula sobre as enchentes. O texto da correção é este:
“Diferentemente do que foi publicado nas legendas da reportagem “Lula diz ter deixado São Paulo ‘para se livrar das enchentes’” (Videocast - 25/01/2010 - 15h47), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que muitas vezes não ia trabalhar porque a [avenida] Presidente Wilson enchia e, obviamente, “gostava porque não tinha que trabalhar naquele dia”, e não que “não gostava porque não conseguia trabalhar”. A legenda do vídeo foi corrigida.
Leiam esta seqüência de fatos. Volto depois para comentar alguns aspectos jornalísticos e políticos:
1 - às 19h11 do dia 25, publiquei o post LULA DIZ QUE GOSTAVA DE ENCHENTE “PORQUE NÃO TINHA DE TRABALHAR”. EU JURO! ELE DISSE ISSO MESMO!. O post trazia o link da CBN com a gravação da fala de Lula. O som era perfeito;
2 - às 6h29 do dia 26, publiquei um longo texto analítico ligando aquela fala de Lula ao desastre de bilheteira (caso se considerem a expectativa e o investimento) do filme hagiográfico. Chama-se LULA FELIZ NA ENCHENTE;
3 - tem início, na manha de ontem, uma verdadeira corrente na Internet afirmando que eu distorci - na verdade, inverti - o que dissera o presidente. Estranhei. Até que um petralha me enviou um link da Folha Online que trazia uma transcrição errada da fala de Lula;
4 - às 14h59 de ontem, escrevi o post FOLHA ONLINE FAZ TRANSCRIÇÃO ERRADA DA FALA DE LULA E INVERTE O SENTIDO DO QUE DISSE O PRESIDENTE , afirmando que a Folha devia um “erramos” a seus leitores;
5) às 17h18, quase 26 horas depois da publicação da transcrição errada, a Folha publicou o “Erramos”. Não porque eu cobrei, claro. Mas porque era sua obrigação, não é mesmo?
Comento
No que diz respeito à questão da informação, é claro que a Folha Online demorou demais para corrigir o erro. A rigor, se tivesse tentado achar um áudio decente — e o da CBN estava disponível fazia tempo —, o erro não teria acontecido. Não é problema meu, é óbvio, e não sou conselheiro de veículos alheios, mas um exército reunia mais condições de varrer as várias fontes possíveis para saber o que Lula realmente dissera do que um só — no caso, eu. Noto que os portais, muitas vezes, trabalham como se os outros — a concorrência — não existisse. Isso é uma grande bobagem, especialmente na rede.
Quanto à questão do erro propriamente, vocês não têm idéia do quanto apanhei enquanto aquela transcrição errada da Folha Online ficou no ar. E, claro!, os petralhas nem mesmo se ocuparam em ouvir a fala de Lula que a CBN levara ao ar. Uma boa síntese desses comentários pode ser este aqui, de uma coitada chamada “Jussara”. Divirtam-se um pouco:
Engraçado, onde você diz que tem o áudio correto, não existe nada. Agora, em quem acreditar? Como tenho em casa um engenheiro de som e uma parafernália danada, foi possível ver que a Folha não errou (desta vez, não), ao contrário de quando publicou uma montagem bem fajuta da ficha da Dilma. Então, quem está mentindo, heim????
Como eu não acredito em nada do que leio na internet, sempre confiro. Fui conferir sua informaçãoo e nada!! Engraçado que ninguém comenta isso, não é mesmo?
Não é mesmo encantador? Não é piada da moça, não. Ela não sai do blog. Sempre com essa precisão.
Para encerrar
Quem leu meu post das 14h59 de ontem sabe que não afirmei que houve má-fé da Folha. Até escrevi que não se tratou de uma distorção deliberada, consciente. Isso pode até contar a favor da moral de quem transcreveu a fala, mas depõe contra o jornalismo (ver post acima). É um sintoma de uma doença que se estendeu aos jornais. É inequívoco constatar que há uma certa tolerância irrefletida com as batatadas que Lula costuma dizer. Assim como noto certa intolerância, não menos irrefletida, com as oposições.

É PORQUÊ OS CHINESES SÃO…CHINESES?


O Tony Volpon me enviou ontem, 26, essa matéria publicada no FT. No e-mail ele escreve apenas “China...”. Eu respondi que deveria ter escrito “China!!!”.
Reproduzo mais abaixo o texto da matéria.


É uma interessante comparação da pesquisa científica entre os BRICs e aponta, como já deixa claro o título, o quanto a China vem se distanciando da Índia, Rússia e Brasil. Tece comentários sobre a Índia e a Rússia, mas do Brasil apenas comenta as áreas de concentração.
Com referência à China vale ressaltar o trecho abaixo:
“Segundo o Sr. Wilsdon, três fatores principais orientam a pesquisa chinesa. Primeiro é enorme investimento do governo, com aumentos de financiamento muito acima da taxa de inflação, em todos os níveis do sistema das escolas até a investigação de pós-graduação.
Em segundo lugar está o fluxo organizado de conhecimentos da ciência básica para aplicações comerciais. O terceiro é a maneira eficiente e flexível em que a China está aproveitando o conhecimento da sua vasta diáspora científica na América do Norte e Europa, tentando trazer de volta cientistas de carreira média estimulando-os passar parte do ano trabalhando no oeste e parte da China . “


Realmente o estudo comparado da pesquisa científica não é meu chão. Já temos por aqui quem faça, e bem, esse trabalho. Cito como exemplo o Blog “Ciência Brasil”. A mim interessa é o quanto isso interfere no desenvolvimento.
Sabemos todos que a formação de conhecimento é o investimento mais importante nessa nova economia que se desenha para o futuro e o resultado concreto do trabalho de pesquisa científica é a formação e acúmulo de conhecimentos que irão estimular e fundamentar nosso desenvolvimento.
Alguns teóricos da questão ambiental já defendem para os países do centro o chamado “zero ground”, o crescimento zero como forma de reduzir o impacto ambiental do atual modelo de indústria e consumo. Certamente, com tantas complexidades, com nossa pirâmide de concentração de renda, nossa pobreza, nosso projeto de desenvolvimento, mesmo que tenha que mirar novos paradigmas, não poderá ser o zero ground.


Acreditem. Essa é uma leitura bastante instrutiva.


Demetrio Carneiro


China se prepara para liderança global nas pesquisas científicas


A China tem experimentado na pesquisa científica maior crescimento que qualquer país nas últimas três décadas, de acordo com dados do Financial Times, e o ritmo não mostra sinais de desaceleração.


Jonathan Adams, Diretor de Avaliação de Pesquisa da Thomson Reuters(1), disse que o crescimento “inspirador de respeito” da China significava que ela é agora o segundo maior produtor de conhecimento científico e estava a caminho de ultrapassar os E.U.A, em 2020, se continuar nessa trajetória.


A Thomson Reuters, que indexou “papers” de 10.500 revistas científicas, analisou o desempenho dos quatro países dos mercados emergentes - Brasil, Rússia, Índia e China - durante os últimos 30 anos.


A China agora superou todas as outras nações, com um aumento de 64 vezes na revisão comparativa de artigos científicos desde 1981, com uma força especial em química e ciência dos materiais.


"A China está, por sua própria conta, muito à frente do bloco", disse James Wilsdon, diretor de ciências políticas na Royal Society(2), em Londres.


"Se significa alguma coisa, o desempenho recente da China em pesquisas ultrapassou até as expectativas de quatro ou cinco anos atrás, enquanto a Índia não se moveu tão rápido como o esperado e pode ter perdido uma oportunidade."


Embora ainda não tão interativa, a pesquisa chinês também se tornou mais colaborativa, com quase 9 por cento dos papéis originários da China, tendo pelo menos um autor norte-americano.


"Nós estamos vendo mais do que o crescimento de uma forte base de investigação interna", disse Adams. "As redes regionais de colaboração científica estão se desenvolvendo rapidamente, particularmente na região da Ásia-Pacífico."


O Brasil também está construindo um formidável esforço de pesquisa, especialmente em agricultura e ciências da vida. Em 1981 a sua produção de artigos científicos foi 1/7 da Índia, em 2008 ele tinha quase alcançado a Índia.


A Rússia, que tem sido vista como um líder na investigação científica, produziu menos papéis que o Brasil ou a Índia em 2008.


Apenas 20 anos atrás, nas vésperas da desintegração da União Soviética, a Rússia foi uma superpotência científica, realizando mais pesquisas que a China, a Índia e o Brasil juntos.


Desde então, ele foi deixado para trás, não só pelo mundo, batida pelo crescimento da ciência chinesa, mas também pela Índia e pelo Brasil.


Grandes mudanças no panorama científico do mundo são reveladas na análise da produção dos quatro países do Bric desde 1981.


Segundo o Sr. Wilsdon, três fatores principais orientam a pesquisa chinesa. Primeiro é enorme investimento do governo, com aumentos de financiamento muito acima da taxa de inflação, em todos os níveis do sistema das escolas até a investigação de pós-graduação.


Em segundo lugar está o fluxo organizado de conhecimentos da ciência básica para aplicações comerciais. O terceiro é a maneira eficiente e flexível em que a China está aproveitando o conhecimento da sua vasta diáspora científica na América do Norte e Europa, tentando trazer de volta cientistas de carreira média estimulando-os passar parte do ano trabalhando no oeste e parte da China .


Embora as estatísticas que medem “papers” em revistas científicas revistas passem um ar de respeitabilidade, "a qualidade [na China] é ainda bastante mediana", afirmou Adams. Mas isso não seria tão importante: "Eles têm alguns incentivos muito bons para produzir investigação de alta qualidade no futuro".


Tal como a China, a Índia tem uma grande diáspora - e muitos NRIs( non-residents indians)(3) cientificamente treinados que estão voltando, mas eles vão principalmente para negócios e não para a pesquisa. "Na Índia, existe uma ligação muito fraca entre as empresas de alta tecnologia e a base de pesquisa local," disse o Sr. Wilsdon. "Mesmo no Indian Institutes of Tecnology (IIT), a instituição de mais alto nível no sistema, existe dificuldade para recrutar professores qualificados".


Um sintoma disso é o fraco desempenho da Índia nas comparações internacionais de padrõe universitários. O Asian University Rankings 2009, elaborado pela consultoria de ensino superior QS(4), revela que a melhor instituição superior indiana, o IIT de Bombaim, está na 30ª posição, 10 universidades da China e Hong Kong esrão em posição melhor.


Parte do problema acadêmico da Índia pode ser o domínio burocrático nas suas universidades, disse Ben Sowter, chefe da Unidade de Inteligência QS. Outro problema foi o de que as melhores instituições foram tão sobrecarregado com pedidos de candidatos a alunos e professores da própria Índia que eles não cultivaram perspectivas internacionais, essenciais para o padrão de universidades de ponta.


Isso parece prestes a mudar o Ministro de Recursos Humanos da Índia tem intensificado os esforços para construir laços com instituições nos E.U.A e Reino Unido.


Em contraste com a China, Índia e Rússia, cuja pesquisa tendem a ser fortes nas ciências físicas, química e engenharia, o Brasil se destaca na área da saúde, ciências da vida, da agricultura e investigação ambiental.


Da Rússia, o Sr. Adams disse: "A questão é a grande redução no financiamento da investigação e desenvolvimento na Rússia após o colapso da União Soviética".
"Embora tenha havido um êxodo de muitas das estrelas em ascensão da investigação, há ainda um potencial de talentos lá.


"Não é do interesse do resto do mundo o êxodo para continuar, e precisamos co-financiar mais medidas para ajudar a investigação russa a tomar velocidade."




(1) – NT. A Thonson Reuters é a maior agência internacional e notícias e multimídia. Aqui entre nós é mais conhecida como Reuters apenas.
(2)-NT. Sociedade nacional de ciências do Reino Unido
(3)-NT. Cidadãos da Índia não residentes nos países em que trabalham.
(4)-NT. Auto-definição da QS: A nossa ambição é ser líder mundial de mídia, eventos e empresa de software no domínio do ensino superior. A QS é o mais confiável on-line e off-line local de encontros para todos os candidatos, escolas e empresas com relação às carreiras de ensino e para decisões relacionadas com isso.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

OBAMA BOTA O PÉ NO FREIO?



A notícia abaixo foi divulgada pelo NYT. Segunda, 25.
Talvez quem defenda o gasto como única saída precise começar a colocar as barbas de molho.


O mundo não foi salvo tão rapidamente. Nem a fartura de gastos públicos está sendo a solução milagrosa. Pelo visto a economia funciona com coisas mais complexas do que adicionar demanda agregada, como, por exemplo, a confiança do agente econômico ou a necessidade de impor limites aos gastos.
Atalhos nem sempre são tão eficientes quanto pode parecer.


A atitude de Obama pode ser apenas uma ação precaucional, para trabalhar expectativas, condicionada ao ritmo do crescimento americano. Tipo “se o crescimento se mantiver consistente está na hora de botar o pé no freio”. Se não se mantiver continuamos a gastar.


Contudo, nem tudo são ouro e festa no paraíso.
De um texto que o Tony Volpon me enviou ontem “U.S. GROWTH IN THE DECADE AHEAD”, de Martin S. Feldstein, publicado pelo NATIONAL BUREAU OF ECONOMIC RESEARCH:
“These projected fiscal deficits could completely absorb all of the
private saving, leaving no national saving to finance additions to the capitalstock. If that happens, all net investment in plant and equipment and in housing would have to be financed by capital inflows from abroad.”
Enfim, o déficit fiscal americano poderá chegar a um número que neutralizará a poupança interna, levando à dependência de fontes externas de capital.
Eu acho que a gente já conhece alguma coisa muito parecida. Não é?
Demetrio Carneiro

Obama buscará congelar por três anos gastos com muitos programas domésticos.


Presidente Obama vai pedir um período de três anos de congelamento nos gastos em muitos programas nacionais e aumentos não superiores a inflação após isso, uma iniciativa destinada a sinalizar sua atitude séria sobre a redução do déficit orçamentário, comentáram funcionários graduados nessa segunda.

GOVERNO CITA, FINALMENTE, ARGUMENTAÇÃO TÉCNICA PARA COMPRAR JATOS FRANCESES.


Apavorados, brasileiros temem que Jobim anuncie a compra dos Rafale com o argumento de que “ao casar com Carla, o presidente Sarkozy já provou que entende de avião”.


A VONTADE E O MUNDO REAL


A Secretaria do Tesouro Nacional divulgou hoje, terça, 26, o Plano Anual de Financiamento da Dívida Pública, além de prever uma possível expansão do estoque da dívida de mais de 15% com relação à 2009 ( de R$1,49 tri. para um máximo de R$1,73 tri. ), aponta uma clara estratégia de desviar a remuneração dos papeis em Selic (de 33,4% em 2009 para um mínimo de 30% em 2010) para outros índices. Já a estrutura dos vencimentos de curto prazo, 12 meses e de médio prazo, 36/48 meses não tem previstas significativas mudanças.


Além do crescimento acelerado da dívida, que pode ser debitado às políticas de expansão fiscal com objetivo de combater a redução da atividade econômica, antes, agora são outros os motivos, é interessante observar como vai se preparando o terreno para aumentos na taxa Selic.


Na semana passada já comentávamos a tentativa de utilização de instrumentos fiscais com vistas a tentar conter uma possível aceleração do ritmo inflacionário. Há uma enorme distância entre o discurso político das “vontades” e o mundo real da economia.
Evidentemente essa gestão trabalhará para esticar ao máximo a data a partir da qual a taxa Selic será alterada para cima, mas isso acabará acontecendo, pois a política eleitoral de expansão dos gastos induzirá a isso.
A atitude da Secretaria do Tesouro é apenas o reconhecimento do inevitável.
De qualquer forma é conveniente guardar essas informações de estoque, sua evolução e perfil. Serão úteis quando iniciar o verdadeiro debate sobre as necessidades de financiamento que serão geradas pelo Pré-Sal, Copa e Olimpíadas. Estamos só no começo.



Demetrio Carneiro


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

DOIS MAIS DOIS DÁ QUATRO, SEMPRE


Perfeitamente coerente a decisão do PT de recuperar os militantes afastados, já que eles nunca deixaram de estar na montagem das estratégias.
Existe um todo orgânico entre o projeto de poder e seu financiamento. O fio que une tudo é o desprezo evidente pela democracia como finalidade e seu uso apenas como meio de manutenção e tomada do poder.
A crise econômica e a retomada dos projetos desenvolvimentistas e, principalmente, o fortalecimento do pensamento nacional-desenvolvimentista que é uma recuperação dos temas clássicos da esquerda brasileira e latinoamericana tipo “todos contras os juros altos”, “abaixo o rentismo’ , “vamos defender as empresas brasileiras”, “abaixo o imperialismo”, “união dos povos do terceiro mundo”, somada aos “novos”(?) conceitos de superação da democracia representativa pela via da democracia direta, certamente empolgam corações e mentes. Nada mais justo que o núcleo desse pensamento volte à cena.
O estranho é esse canto de sereia nacional desenvolvimentista atrair setores da esquerda democrática. E, pior, achando que esse projeto de desenvolvimento está desconectado da proposta política.
Demetrio Carneiro


PT resgata seus mensaleiros em novo Diretório Nacional


Dirceu, Genoino e João Paulo voltam a ter direito de voto na sigla em ano eleitoral
Controle das finanças da campanha de Dilma ficará nas mãos de grupo egresso do sindicalismo bancário, que originou os "aloprados"
O PT oficializou ontem a volta de nomes envolvidos no escândalo do mensalão à direção do partido. Conforme indicação da corrente majoritária da legenda, a CNB (Construindo um Novo Brasil), José Dirceu, João Paulo Cunha e José Genoino irão compor o novo Diretório Nacional, que tomará posse no mês que vem.

MERCADO INTERNO E FORMAÇÃO DE DÍVIDA


Deveria ser um princípio básico para economias saudáveis depender basicamente de seu mercado interno, exportando apenas excedentes e buscando no resto do mundo complementos para consumo ou investimento.
Seria assim num mundo idílico.
No mundo real, quando o mercado de trabalho não foi capaz de prover ganhos que sustentassem o crescimento do consumo, a classe média dos Estados Unidos e do Canadá foi se endividar tendo por base o seu local de moradia.
No Brasil, quando começou a ficar claro que o ciclo de commodities dos anos dourados estava chegando ao fim e a demanda externa poderia recuar, as políticas de governo foram na direção de estimular o que se podia controlar, a demanda interna. O atalho seria o aumento do consumo via crédito.
Ainda não se escuta falar em políticas substanciais de geração de emprego qualificado e com sustentação, se é que se escutará, mas todos acompanham atentamente o comportamento do crédito ao consumidor, conscientes de que há limites.
O debate sobre se e quando chegaremos aos limites físicos da capacidade potencial de produção interna tem fortes vínculos com a questão da retomada do processo inflacionário e, por via de consequência, com a promessa de “lutar” contra altas taxas de juros, nessa altura promessa do governo, mas também da oposição.
Então monitorar o processo de uma possível retomada inflacionária passou a ser questão relevante. Talvez, já que também deveria ser relevante para o debate político, fosse interessante trazer também para o debate os efeitos da estratégia de atalho para fortalecer a demanda interna. Certamente, expandir consumo via formação de dívida das famílias não é exatamente uma trilha que vai rumo ao infinito.


Dívidas no cartão de crédito explodem
Segundo dados do Banco Central, o total de dívidas no cartão de crédito cresceu quase 20% em 2009 e chegou ao valor inédito de R$ 26,3 bilhões em dezembro do ano passado, o dobro do visto há três anos.
Leia mais.

domingo, 24 de janeiro de 2010

TIRO NO PÉ


Os defensores da dupla nada dinâmica “+Estado/+Gastos” insistem em ignorar o simples fato do caráter altamente regressivo da carga tributária brasileira. Essa leitura liga diversos economistas atualmente. A crise econômica e o papel do Estado na redução do seu impacto e na retomada do crescimento econômico foram potentes estímulos para a volta das propostas econômicas que dão ao tamanho do Estado e sua capacidade da gasto preponderância. Evidentemente gastar mais significa tributar mais.


Pesquisa divulgada domingo, 24, no Estado de São Paulo mostra com bastante clareza que a altíssima carga tributária brasileira já chegou à percepção dos eleitores. Certamente vai gerar muito debate, pois desmonta muitas lógicas eleitorais.


Segunda a matéria “pesquisas indicam que 7 em cada 10 brasileiros defendem redução de impostos e não de juros para gerar empregos”. Mais “67% das pessoas com renda familiar de até R$465,00 dizem preferir um presidente que reduza os impostos dos alimentos para que se compre comida mais barata a um que aumente o Bolsa-Família – opção de 32% dos entrevistados.”


Deve haver no passado desse Blog mais de uma dezena de posts tratando dessa questão do caráter regressiva da carga tributária e da percepção das pessoas. Agora a pesquisa vem confirmar.


Forçar o debate para o lado do “somos todos iguais, somos todos contra os juros” (quem não é?), sem mostrar claramente que existe um modelo de Estado que está relacionado com um específico modelo de desenvolvimento e que esse modelo de Estado implica sempre em mais tributação parece não ser a melhor estratégia. Alguém pode estar dando um tiro no pé.


Demetrio Carneiro


Eleitor pobre quer corte de tributos


A elevada carga tributária é apontada pelo eleitor de baixa renda como o maior empecilho para a geração de emprego e o aumento do consumo no País. Sete em cada dez brasileiros defendem a redução dos impostos, e não dos juros, como forma de gerar empregos - 65% aceitam menos programas sociais, como o Bolsa-Família, se a contrapartida for reduzir tributos para derrubar os preços.


O HAITÍ É AQUI


Agora seria uma boa hora para um balanço sobre a “contribuição” brasileira ao Haiti nos últimos anos, mas o Ministro das Relações Exteriores, Garcia, perdão, Amorim, não perde tempo em incensar o chefe e já fala num plano se salvação do Haiti que teria o modesto nome de PLANO LULA. Tudo bem é o emprego dele e já está bem claro que as políticas de governo é que enquadram as políticas de Estado.
A única coisa a lamentar é que não tenha havido um “Plano Lula” , com todos os seus bilhões, para brasileiros e brasileiras vítimas de catástrofes naturais ainda esse ano. Claro, isso não sai na mídia internacional e não nos coloca mais próximos do assento no Conselho de Segurança.
Não bastou a ridícula atitude quanto à ajuda americana. É preciso ir mais fundo e ser mais ridículo ainda.
Demetrio Carneiro

Brasil quer "Plano Lula" para reerguer país
Amorim sugere que governo brasileiro lidere reconstrução haitiana e anuncia que ajuda de Brasília dobrará para US$ 30 milhões.
Chanceler diz que presença brasileira é de longo prazo enquanto que a americana é passageira, e que liderança regional não é preocupação.
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"Por que tem que ser um plano Marshall? Pode ser plano Lula. Não é só quem dá mais dinheiro, é quem está mais empenhado", disse o ministro em entrevista coletiva na base das tropas brasileiras que comandam desde 2004 a Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti).
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Amorim, que não foi recebido pelo presidente René Préval mas pelo premiê Jean Max Bellerive, disse ainda que os brasileiros ajudarão na formação de novos funcionários para o governo do Haiti, para substituir os que morreram na tragédia.

sábado, 23 de janeiro de 2010

O PARAÍSO QUE DILMA NOS EFERECE


Difícil fugir da associação disparada por Temer e assumida prazerosamente por Dilma. “A classe operária vai ao paraíso” foi um filme lançado no início da década de 70, 71. Só nos chegou efetivamente com o fim da ditadura. É considerado um dos clássicos da filmografia política italiana no pós-guerra. Seu personagem principal é Lulu. Operário metalúrgico meio alienado que se transforma politicamente ao sofrer um acidente e perder um dos dedos, passa pelo sindicalismo, mas oscila entre a luta política e o consumismo. A arte imita a vida?
O grande dilema do filme é estabelecer de qual paraíso se está falando. É a mesma dificuldade com Dilma, mas a construção dos links que retomem o projeto petista como um projeto de esquerda fica sempre mais evidente. A imagem deve ter deliciado o PSTU, MST, PSOL e outros, que passados dois mandatos ainda imaginam que “dessa vez”, no terceiro, o projeto revolucionário se concretizará.
Resta saber se a soma de tantas tensões em direções diferentes, não dá para dizer que o PMDB esteja exatamente na esquerda, vai resultar num governo que responda aos desafios que estarão postos e que decorrem não só da mais lenta recuperação da economia mundial, mas também das medidas equivocadas que são tomadas hoje.
Demetrio Carneiro


Dilma diz que gostaria de levar brasileiros ao paraíso
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse hoje que "gostaria muito de levar os brasileiros ao paraíso", ao ser indagada se assumiria a missão de ser a candidata à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Acho uma das maiores e melhores ambições que podemos ter", afirmou após cerimônia de cessão de uma área pública ao município de Rio Claro, SP, que teve a participação do ministro da Relações Institucionais, Alexandre Padilha, deputados e 25 prefeitos.

DESCONSTRUINDO A DEMOCRACIA: O PAPEL CORROSIVO DO ESCÁRNIO


Faz parte da mitologia de esquerda a figura do grande condutor, o guia genial, usando os termos do maoísmo que já requentava o stalinismo. A cultura de idolatria das massas por essas figuras, estimuladas conscientemente pelo pensamento político e vista a idolatria como forma de ação política são muito conhecidas. A lógica petista não é diferente.
O que isso de fato mexeu com a cabeça de Lula ainda iremos saber um dia, mas o fato é que o autoritarismo necessário a esse “papel” de vez em quando extravasa no formato do conflito com o princípio da autoridade num regime democrático. Coisas como não mentir ou permanecer fiel ao princípio das leis. O “não li” como resposta às violações constitucionais do PNDH3 ainda vai virar um clássico no segmento do cinismo na política.
Lula parece não dar muita bola e o petismo militante, com seu desprezo evidentemente pela democracia, deve achar que esse formato burguês de gestão, respeitar as leis, está ultrapassado. Os pontos de vista convergem.
A campanha antecipada já vem ocorrendo há meses. A Justiça Eleitoral faz de conta que não vê para não se desmoralizar mais ainda quando suas instruções não forem cumpridas. Mas qual é o problema? A própria oposição passou o mesmo tempo fazendo de conta que estamos em Marte....
Demetrio Carneiro


LULA DEBOCHA DA PROIBIÇÃO DA FAZER CAMPANHA
De O Globo:
O tom de campanha marcou a noite que pôs lado a lado, mais uma vez, nesta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República e quem ele chamou de "palanqueira".

VENEZUELA: COMO NÃO SAIR DA CRISE


Não acho que haja muito o que comentar.
Devido principalmente ao péssimo serviço de gestão da máquina pública e seu poderes, a economia venezuelana entrou em parafuso.
A solução da crise econômica vem pela via de mais intervencionismo.
Não tem nada a haver com luta contra a pobreza ou pelo socialismo. É incompetência misturada com fascismo.
Demetrio Carneiro


Em tempo recorde, a Assembleia Nacional venezuelana, dominada quase totalmente por partidos que apoiam o presidente Hugo Chávez, aprovou na quinta-feira à noite uma reforma da lei sobre expropriações que tem como objetivo dar valor legal à estatização da rede franco-colombiana de hipermercado Êxito.


Pela nova norma, apresentada pelo Instituto de Defesa das Pessoas no Acesso a Bens e Serviço (Indepabis), uma espécie de agência reguladora de expropriações vinculada ao Executivo, a expropriação de qualquer bem poderá ser efetuada sem que o Parlamento declare sua condição de "utilidade pública".

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A NOITE EM QUE TODOS OS GATOS SÃO PRETOS- 2

A estabilidade é um patrimônio a ser mantido?
Uma definição importante num momento em que o conceito de estabilidade e seus instrumentos vêm sendo ferrenhamente atacado pelos desenvolvimentistas dentro de uma leitura completamente ideológica que sustenta um projeto de poder muito específico.


Mais interessante que o governo e seu entorno tecno-burocrático entenderem assim é constatar grupos de oposição imaginarem que têm que verbalizar a critica aos instrumentos de estabilidade, também por questões eleitorais, esperando uma “adesão” à esquerda.
Talvez até seja uma estratégia pensada, mas ao contrário de atrair a tal esquerda (falta o resto da radicalidade, tipo apoio integral e não esse meio silêncio, às propostas do PNDH3) o que a estratégia faz é confundir os eleitores.


O eleitor médio com certeza aposta na estabilidade e acredita que ela é um patrimônio. Quem viveu o período de alta inflação sabe disso e esse período está presente na mente de todo um eleitorado ainda ativo. Não é uma coisa remota, abstrata.


A esquerda democrática terá que escolher se consolida suas propostas e atua no rumo da construção de um novo projeto de desenvolvimento ou se cai na armadilha eleitoral e se rende a um passado que deveria estar superado.


No final é o peso da cultura desenvolvimentista tradicional, da qual esse nacional-desenvolvimentismo é filhote, que jamais se preocupou com a questão da estabilidade, pois na pressa de ver o crescimento sempre acreditou nos “atalhos” e soluções criativas.
Estamos fazendo isso nos últimos 70 anos.
Rápido, né?


Demetrio Carneiro

A NOITE EM QUE TODOS OS GATOS SÃO PRETOS - 1


Uma nota do Blog do Noblat, com base em matéria d’O Globo, “Governo se arma contra a inflação”, mostra um pouco como se dá o debate econômico nesse momento pré-eleitoral.
Preocupado com o que nega veementemente, uma possível alta da inflação e procurando não recuar da posição de não aceitar o aumento da taxa de juros, o governo vai pelo caminho criativo e decide substituir a política monetária pela política fiscal no combate ao aumento de preços.
A capacidade das políticas fiscais como as propostas, que envolvem renúncia fiscal e importação são evidentemente de curto prazo e visivelmente se destinam a fins eleitorais. Ficaria muito estranho depois de tantas falas o BC aumentar a taxa de juros. Assim Dilma poderá seguir na mesma linha de bater nos juros “altos” como se isso não tivesse nada a haver com a própria política econômica praticada pelo governo.
Certamente o discurso-que-atrai-as-esquerdas, o anticapitalismo básico da proposta de crítica ao rentismo como se ele fosse a causa e não a conseqüência continuará na ordem do dia.
Demetrio Carneiro

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Desenvolvimento Segundo Lula: o caso do Etanol

A propaganda oficial diz que o Brasil é o país do Etanol. Produto desenvolvido durante a ditadura militar, o álcool nosso de cada dia é cercado de mitos, dentre os quais se afirma ser ele pouco poluente e que o Brasil é tão bom nisso, mas tão bom, que dominará o mercado americano e mundial. De fato, alguns chegam a delirar com a submissão do Tio Sam à dura realidade do superior combustível brasileiro.
Infelizmente, a verdade costuma bater à porta. Pesquisas recentes mostram que o álcool é mais poluente que a gasolina, então seus defensores alteraram o discurso e afirmam que a plantação de cana neutraliza o impacto ambiental da queima de álcool. Muitas vezes, os que dizem isso são os mesmos que depois denunciam os impactos ambientais da produção de cana!
Lula, com suas idéias tortas de desenvolvimento, e sua ex-doutora Dilma, em conluio com alguns empresários marxistas-leninistas neo-stalinistas (na verdade, é só gente picareta que ganha dinheiro nas costas do governo) promoveram um movimento de concentração da produção de Etanol, como nossa ex-doutora nunca fez nem mestrado (e Lula tem preguiça de ler), ela nunca leu The Nature of Firm, e não sabe que essa história de tendência ao monopólio por causa da competição não passa de estória. Houvesse estudado de verdade, saberia que crescer não melhora, necessariamente, a eficiência da firma ou sua competitividade.
Bem, chega agora a primeira conseqüência da política desenvolvimentista de Lula, em um setor definido por ele como prioritário: O BRASIL ESTUDA IMPORTAR ETANOL DOS EUA!!
Viva a política definindo o que é melhor para a economia!
Segue o link da notícia: http://dinheiro.br.msn.com/artigo.aspx?cp-documentid=23299951
Abs

José Carneiro

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Estupidez, Burrice ou Falta de Vergonha?! Dilma tem Medo que Vitória de Serra Transforme o Brasil no Chile.

Em seu blog, o projeto de caudilho latino-americano Dilma Rousseff postou (provavelmente não foi a ex-terrorista, ex-mestre e ex-doutora, mas algum assessor sustentado com verba pública) a figura abaixo:



onde se lê: “não podemos seguir o exemplo do Chile... ... Serra é retrocesso”.
Creio que a caríssima candidata tem como proposta seguirmos o exemplo de Cuba ou Venezuela.
O Chile é o país latino que mais cresceu nos últimos anos, seu PIB per capita era em 2008 cerca de 40% superior ao brasileiro, lá há menos pessoas abaixo da linha de pobreza, a violência é muito, mas muito, mas muito... ... mas muito menor, o índice de desemprego é menor, a estabilidade legal e política é maior, é o país menos corrupto da AL e um dos menos corruptos do mundo etc etc etc.
Resta saber que tipo de exemplo nossa “caudilha” deseja evitar... creio que é aquele que poria José Dirceu, seu “chefe de campanha”, e sua trupe na cadeia!
A candidata ex-doutora é tão genial que criou um novo conceito, segundo o qual 3 é menor do que 2.
Deixarei de ser sarcástico, mas creio que a caríssima acredita que trocar centro-esquerda por centro-direita seja retrocesso. Avanço mesmo é passar direto à Ditadura do Proletariado (onde Zé Dirceu e Dilma são os representantes da classe e Lula, bem... Lula é o próprio Deus).
No Chile venceu a democracia! A centro-esquerda chilena não foi capaz de enfrentar o maior problema de lá, a desigualdade de renda. A pesar de todas as promessas e gastos sociais recordes, o sistema tributário ruim, casado com políticas equivocas, cobrou seu preço.
O povo escolheu outro representante, em pleno exercício democrático. Onde há retrocesso nisso?! Só aqueles que acreditam ser a democracia um atraso podem escrever uma asneira como essa!
Temos agora duas alternativas, ou nossa ex-doutora é vigarista, ou analfabeta. Nem sei o que dizer de seus leitores....

Vamos aos números:

Crescimento do PIB per Capita:
Brasil: 4,26% (2007) e 4,1% (2008) (Entre 1990 e 2003, o PIB per capita brasileiro cresceu 2,65% em média)
Chile: 4,3% (2007) e 2,05% (2008) (Entre 1990 e 2005, o PIB per capita chileno cresceu 4,2% em média)

PIB Per Capita em PPP:
Brasil: USD 9.400 (2006), 9.800 (2007) e 10.200 (2008)
Chile: USD 14.000 (2006); 14.600 (2007) e 14.900 (2008)

Taxa de desemprego:
Brasil: 9,3% (2007) e 7,9% (2008)
Chile: 7% (2007) e 7,8% (2008)

População Abaixo da Linha da Pobreza:
Brasil: 31% (2005)
Chile: 18,2% (2005)

Índice de Gini:
Brasil: 58,5 (2005)
Chile: 57,1 (2005)

Mortalidade Infantil
Brasil: 22,58/1000 (2009)
Chile: 7,71/1000 (2009)

Expectativa de Vida ao Nascer
Brasil: 71,99 (2009)
Chile: 77,34 anos (2009)

Taxa de Alfabetização:

Brasil: 88,6%
Chile: 95,7% (2002)

Abs

José Carneiro

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ESTRATÉGIAS DE SAÍDA E DAY AFTER


O texto abaixo é do César Maia e foi publicado hoje em seu ex-blog.
Diversas questões interessantes estão postadas ai, mas gostaria de ressaltar duas:


A “estratégia de saída da crise”
A que foi adotada por nosso governo foi voltada para o gasto como forma de manter a estrutura de poder político. CM chama a atenção da inexistência de qualquer preocupação de investimento na competitividade, já que certamente existe uma queda na demanda mundial que só se resolve buscando que indústria e serviços sejam mais competitivos.
Certamente essa preocupação não esteve no horizonte de nossas autoridades já que a aposta são as commodities com todas as conseqüências boas ou más. Atualmente a “bolha” de investimentos especulativos vem sustentando preços mais elevados, embora a demanda real não justifique. Logo ou porque politicamente não será possível manter tanta liquidez à custa dos governos – vide Obama – ou porque outros segmentos poderão estar mais atrativos e chega a hora de realizar lucros ou porque a economia chinesa pode não manter seu fôlego de crescimento contínuo, essa bolha pode colapsar repetindo outros tantos ciclos vividos por nossa economia. Ler Jorge Amado pode ser bem instrutivo nessas horas;


O “Day after”
Nem sempre o dia seguinte precisa ser resultado de situações de crise climática. As crises econômicas também dão bons roteiros para o Day after.
No caso CM chama atenção para o resultado da irresponsabilidade e a aventura eleitoreira. Certamente elas trarão um custo e ele será pago em termos de dificuldades que afetarão a qualidade de vida das pessoas, mas também será sentido em medidas mais fortes que acabarão impactando as avaliações da gestão pública e poderão sim levar a uma comparação “antes e depois”.
O “remédio” para isso não resolverá a crise ou a expectativa de baixa de conceito na opinião pública, mas certamente ele existe e estará em que a oposição seja realmente capaz e eficiente em organizar um programa de governo, hoje, e mais tarde uma ação de governo que traga para a cena propostas que mudem verdadeiramente o projeto de desenvolvimento e não sejam apenas mais um repeteco do mesmo de sempre, melhorado pela estabilidade tão criticada e as oportunidades de um crescimento mundial pontual.
Nosso projeto de desenvolvimento tem que ser capaz de responder aos problemas ambientais, sociais mas também tem que ser capaz de responder às necessidades de quebrar esse perfil secular de dependência de um perfil de inserção no mundo que sempre acaba gerando mais e mais crescimento medíocre.


Demetrio Carneiro




BRASIL SAI MUITO MAL DA CRISE ECONÔMICA!




1. As ações implementadas pelo governo brasileiro para enfrentar a crise produziram resultados numericamente positivos em curto prazo, mas comprometeram a estabilidade econômica e financeira em médio prazo. Na medida em que os números de 2009 vão sendo abertos, fica a sensação de que ao se empurrar os problemas para frente, pode até haver fôlego para terminar 2010, mas a herança para o próximo governo será pesada.


2. Mesmo sabendo que a demanda agregada mundial na saída da crise viria reduzida pelo enxugamento dos derivativos e a crise no crédito, e que por isso o gasto público compensatório deveria atuar sobre os elementos da competitividade brasileira, especialmente a recuperação e ampliação da infraestrutura econômica (aeroportos, portos, ferrovias, rodovias, energia, pesquisa...). Mas o que se viu foi o facilitário dos gastos correntes, que afagando o eleitor em curto prazo, vão gerar sacrifícios em médio prazo.


3. Com isso, a taxa de desemprego foi sustentada as custas de um aumento do desemprego de maior profissionalização, compensado pelo emprego de menor renda e qualificação. De forma a sustentar o emprego nos setores onde o "sindicalismo cutista" está mais presente, impostos desses setores foram reduzidos, afetando os preços relativos em favor do consumo de bens supérfluos e desestimulando a poupança.


4. A consequência foi uma forte baixa na taxa de poupança nacional e, portanto, nos investimentos. A capacidade de crescer em longo prazo foi debilitada. O déficit público nominal (incluindo os juros), que é o que interessa em nível internacional, dobrou e fecha o ano em mais que 4% do PIB. Enquanto isso, se disfarça a dívida pública líquida com empréstimos intragoverno, em direção aos bancos estatais e, portanto, a dívida pública bruta continuou crescendo.


5. O setor externo foi seriamente afetado, transformando, em um ano, a economia brasileira em primário-exportadora pela perda de competitividade do setor industrial. O caso da China é o mais eloquente por ter se transformado no principal parceiro comercial junto com os EUA. A pauta de exportações para a China é de 80% de produtos primários. E as relações comerciais com os EUA se deterioram elevando o déficit e, pela primeira vez em muitos anos, invertendo a proporção de commodities, que ultrapassou os produtos industrializados.


6. O déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, em 2009, de 20 bilhões de dólares, será dobrado para 40 bilhões de dólares segundo os especialistas. A inflação comemorada como a mais baixa em alguns anos, deve ser ponderada por suas razões. A crise e a recessão já seriam fator suficiente para a redução do nível anualizado de inflação. Mas sobre isso, o real fortemente valorizado, acentuou a tendência, gerando uma falsa comodidade no curto prazo contra pressões inflacionárias muito maiores a partir de 2010.


7. A redução da taxa de juros -vis a vis uma conjuntura recessiva- foi módica, sinalizando -por um lado- a preocupação com a artificialidade dos vetores antiinflacionários descritos e, por outro lado, a necessidade de manter o afluxo de capital externo, engordando as reservas, empurrando a bolsa de valores, mas sinalizando problemas -tipo bolha- no momento em que o mercado antecipar a artificialidade dos números.


8. Se não bastasse, o ano termina com um golpe sobre a segurança jurídica em atos governamentais de caráter político. O paciente foi colocado num respirador artificial e passa bem. Mas a alimentação do mesmo tem vida curta. Caberá ao próximo governo fazer o jogo da verdade, sacrificando sua imagem, e dando a sensação, para a opinião pública média, que o anterior iria melhor. Se isso não ficar evidente ainda em 2010 (como ocorreu em 1998), quem sai estará satisfeito e aguardando 2014. Mas se ocorrer no final de 2010, ou for assim percebido em 2011, o tombo do alto de sua popularidade poderá ser muito grande.