quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O QUE SERÁ O AMANHÃ?






Continuando...o realejo diz que eu serei feliz! Seremos todos felizes? São naturais nessa época do ano votos de muita felicidade e prosperidade.

Vamos torcer para que seja verdade, mas nada indica que 2016 será melhor que 2017. Uma entrevista feita ontem com um empresário da informalidade dá a pista. Perguntado como iam as vendas ele disse que só começou a vender quando baixou o preço pela metade. Com o preço pela metade ele “ganhava pouco”, mas estava vendendo. Do que se trata? Ambição desenfreada? Preferimos apostar num seguro contra a inflação futura. É simples. O produtor não calcula seus custos passados. Verificando a alta generalizada ele calcula seus custos futuros. Ou seja, ele embute no seu preço a inflação futura e não apenas a passada. Este é o movimento de retroalimentação que deveria estar preocupando quem produz a política econômica de governo.

Nosso problema é que Dilma, e Barbosa, é do time da relativização. Ainda dotam a máxima de Delfin quando ministro da ditadura. Delfin afirmava que uma inflação de 12%, “um pouco de inflação”, não faz mal a ninguém e ajuda o país a crescer. É essa a mensagem que a presidente envia para o distinto público ao falar em um ajuste fiscal que permita o crescimento. Certamente é menos radical que Belluzzo que afirma que primeiro precisamos crescer para depois fazer o reajuste, mas o atalho da relativização está claro em ambos os casos.

Mas não fica apenas nisso.

O orçamento de 2016 tem toda a pinta de virar deficitário, mesmo com a aprovação compulsória da CPMF – mais uma vez o Congresso irá ficar de joelhos? -  pois a previsão de queda do produto é inicial. Sabemos que não há nada no horizonte de 2016 que indique uma melhoria relativa. Pelo contrário. Fatos como a perda do grau de investimento indicam o contrário. Tanto é assim que os gênios da economia já decidiram sacar por conta do Fundo Soberano R$ 800 milhões para tapar alguns buracos. Não custa lembrar que nosso fundo não é infinito e que não se trata exatamente de um exemplo de confiabilidade na condução da política fiscal.

É. Talvez o realejo precise se reprogramado, pois 2016 pode ser um ano bem complicado para nós e para um governo que precisa se apoiar em aliados rotos e trôpegos, como o governador do Estado do Rio.

O melhor símbolo da política de Dilma é a família Picciani e seu poço sem fundo do baixo clero. Com o debate sobre o impeachment entrando fevereiro à dentro e com a natural queda da atividade econômica de início de ano, multiplicada pela má gerência e crise de confiança, certamente o custo da basealiada vai crescer e novas despesas se farão necessárias. Melhor dar adeus ao ajuste fiscal. De fato, de fato, só promessas largadas ao vento como a Reforma da Previdência que conta com a desaprovação de todas as centrais. Não por acaso o bom moço começou a levar pedrada sem que sequer se completassem as primeiras 24 horas no cargo.

Para 2016 só falta mesmo é uma grande surpresa do tipo “bem que eu tentei, mas já que não deu certo...”. Afinal, em momento algum Dilma reconheceu que sua Nova Matriz estava errada e seu público interno realmente acredita que vai dar certo. O neoevangelismo petista está sempre à postos.

Isso tudo achamos que já sabemos. Mas, e a oposição? O que exatamente a oposição tem a oferecer ao país além do festival de bateção de cabeças.

Num ano eleitoral com repercussões fundamentais nas eleições presidenciais de 2018 a oposição tem algum projeto mais consistente, ou o projeto é cada qual para seu lado deixando o eleitor sem opções? Enfim, num momento onde o eleitor finalmente parece disposto a trocar o presente pelo futuro, qual o futuro que a oposição está disposta a apresentar ao distinto público?

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

DILMA PONZI, A RAINHA DAS PEDALADAS




            No livro Finanças Públicas¹, Giambiagi e Além, apontam o risco de um governo se tornar um devedor Ponzi². Os autores fazem referência a Charles Ponzi que, nos EUA e na década de 1920, tomava recursos emprestados e pagava juros altíssimos. O mecanismo deu certo enquanto Ponzi conseguiu novos investidores, pois pagava os juros dos investidores antigos com recursos dos investidores novos. Quando a corrente quebrou Ponzi quebrou junto e arrastou seus credores.

No caso os autores acima se referem ao fato de um dado governo precisar pagar uma dívida antiga criando uma dívida nova. Em 2016 cerca de metade da arrecadação prevista, R$ 800 bilhões, estará destinada ao giro da Dívida Pública. Dilma e seus petetes sempre insistem em afirmar que a nossa dívida líquida é baixa, cerca de 32% do PIB, e que mesmo a dívida bruta não é tão alta, cerca de 68% do PIB. Tudo comparativamente aos países desenvolvidos. Apenas não consideram o montante de sacrifício fiscal anualmente destinado ao giro da dívida.

Obviamente em alguma hora essa matemática não vai dar certo e ou não se paga a dívida ou aumentam os tributos. Certamente Dilma e Barbosa farão o possível para jogar o abacaxi para depois de 2018...

Essa alienação fiscal cria uma falsa noção de que a dívida pública tem muito espaço para crescer. Esta é a lógica da MP 702/2015 que, por exemplo, destinou cerca de R$ 11 bilhões para repor débitos do governo federal com o FGTS, referente a não transferência de rendimentos da atualização monetária. Esses rendimentos foram desviados para utilização em outras finalidades. A chamada Pedalada Fiscal. O ressarcimento se dará no formato de créditos extraordinários, ou seja, extra orçamentários. Como dinheiro não brota no chão a saída é formar nova dívida. Querendo gastar além do factível Dilma à época não quis fazer dívida nova para não entregar o jogo. Pedalou. Agora que descobriu que é um crime resolveu assumir o erro emitindo títulos públicos para cobrir o buraco.

Incrível é que toda a maracutaias foi produzida, digamos assim, nas barbas das fogosas centrais sindicais brasileiras, que gastam centenas de milhares de reais para defender nas ruas do país a ilustre presidenta. Mas parece que é normal. Estamos no mesmo país em que o Relator das pedaladas na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional decidiu ignorar o parecer técnico do TCU, isentando a aliada de um crime de responsabilidade evidente. Dizem que fez isso em nome de nossos pobres governadores, parceiros de crime da presidente. Afinal quem precisa de controle ou leis que demandem coerência fiscal? Do lado de baixo do Equador não há nada que um discursozinho não resolva. Não é Barbosa?



1 Finanças Públicas, 2a ed.  , Rio de Janeiro, Ed.   Campus, 2000, p.   210.  

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

SE A CONTA NÃO FECHA A FÉ RESOLVE?



A pesquisa do DATAFOLHA mostra uma maioria pró-impeachment na Câmara. Os 215 deputados que se manifestaram a favor não são número suficiente, mas vamos convencionar que, depois de tantos esforços de Dilma, é muito mais do que deveria ser. Há 138 deputados que não se definiram ou não responderam. Não é pouco, são 27% dos deputados. Provável que esses migrem para um lado ou outro conforme o andar da carruagem. Do ponto de vista do governo só pode representar um custo a mais.

O custo a mais do parágrafo anterior pode representar a pedra no sapato do novo ministro. Com um histórico que não deixa dúvidas o ministro Barbosa é recebido com queda na bolsa e dólar mais caro, já ultrapassando os R$ 4,00. Então, como irá se comportar o defensor da flexibilização do Equilíbrio Fiscal num momento onde se espera dele austeridade? O novo ministro irá mesmo deixar de gastar quando Dilma precisa de votos para livrar o pescoço presidencial?

A conta não fecha. Não fecharia nem com o ministro anterior. Essa longa agonia até depois do carnaval só irá piorar o problema. Os sucessivos governos petistas só fizeram piorar o sistema de compra e venda de votos no Congresso e o custo de um voto, daqueles 138 indefinidos tenderá a aumentar exponencialmente ao longo das próximas semanas. Não há nada a ser negociado por fora com a Lava Jato em andamento. As negociações terão que ser feitas por dentro. Isto é, no orçamento.

Difícil acreditar que Barbosa possa cumprir sua promessa, mesmo tendo pretendido 0%, de manter os minguados 0,5%. Mais difícil ainda acreditar que as reformas estruturais prometidas começarão pela Reforma da Previdência, idade mínima, especialmente mexendo no vespeiro da base sindical, quando o governo vê minguar seus votos no Congresso.

Enfim, exatamente o que o novo ministro tem para entregar que não seja o que Levy tentou entregar?


A resposta só pode ser: hora de ter fé, irmãs e irmãos.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

GANHOU O NEOEVANGELISMO PETISTA





           
      Barbosa atende a todas as expectativas do petismo neoevangelista:

  1. Co-autor da Nova Matriz;
  2. É de seu ministério que saíram o estranho PPA que nos “orientará’(?) até 2019, a LDO com seu PIB irreal e a LOA cuja meta de superávit já se sabe hoje que não será alcançada.

Petistas estão secos para acreditar em alguma coisa que explique o assalto à máquina pública. É simples. Passou a virar uma questão de fé. Que se dane a lógica e a evidência dos fatos. A fé resolve tudo.

Acreditam que Lula é o messias e Dilma e Barbosa são seus apóstolos. O resto se resolve naturalmente. Lula não dizia isso durante seus dois mandatos? Que tudo iria acabar acontecendo porque tinha que acontecer?

“E se não der” é um problema para os não-crente-no-messias. Os porra-loucas de fato acreditam que o paraíso está logo ali.


REI MORTO, REI POSTO




Correm as horas e não se anuncia o novo Ministro da Fazenda. As especulações são de todo tipo, mas convergem na avaliação de que o novo ministro será alguém que não deverá ser tão apegado à austeridade, preocupado com economias num momento onde a presidente e seus chegados preferem gastar para tentar salvar o pouco que sobrou do fantasioso projeto petista que pretendia transformar o Brasil em primeiro mundo no curto prazo, por meio de atalhos e muito discurso redentor.
Assim como não sabemos quem será o novo ministro, também não sabemos que coelho será tirado da cartola para sustentar o projeto. Realmente o histórico passado e a conjuntura presente, dentro e fora do país, não sugerem otimismo.
Também não sugere otimismo a insistência nas trapalhadas orçamentárias. Agora mesmo o Congresso Nacional foi capaz de aprovar uma Lei Orçamentária Anual da qual tem-se quase certeza que não cumprirá sua meta de 0,5 de superávit, como também incorpora uma receita tributária, CPMF, que sequer foi autorizada legalmente pelo mesmo Congresso. É ou não é o Samba do Criolo Doido? Dilma não está sozinha na sua irresponsabilidade.
Dizem que as instituições da democracia estão sendo postas à provam e que resistem. O problema é que as instituições da economia dependem de confiança e projetos legítimos. O governo Dilma estrebucha e esperneia, mas não consegue levar aos agentes econômicos, não estamos falando apenas do mercado, nem uma coisa e nem outra. A sensação de todos que não estão imbuídos no espírito neoevangélico petista é de desorientação, desorganização e ausência de rumos. A questão é por quanto tempo mais as instituições econômicas resistirão e se as instituições democráticas irão aguentar o baque.

Há risco no ar.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

QUE VENHA O NOVO MINISTRO!



A notícia da vez é que o ministro da Fazenda já haveria acerta com Dilma a sua demissão. O que se fala é que Levy teria chegado a seu limite. Mas na verdade não se trata disso. É Dilma quem chegou a seu limite.
O nacional desenvolvimentismo que a move é uma extração de baixa qualidade do keynesianismo e tenta elaborar uma teoria fiscalista onde o gasto é o centro do processo de renovação e confirmação do Poder. Nos ciclos econômico-políticos tradicionais durante algum tempo o gestor economiza e durante outro tempo o gestor gasta para sustentar suas alianças de poder. Lula fez alguma coisa parecida. No caso de Dilma ela já pegou a mação bichada e, ao contrário de respeitar a natureza do ciclo preferiu seguir por outra via onde o gasto tem que se dar de forma permanente. Claro que não há máquina pública que suporte o gasto contínuo e crescente. Especialmente num momento onde a receita tributária não dá mais margem à recordes de tributação e rendas extra orçamentárias vão minguando. Aí está a origem das maracutaias de Lula e de Dilma. Não havendo recursos a sacar pelos canais normais da política financeira passaram rapidamente para a criatividade. Aliás admissível tanto pelo emaranhado legal que são as finanças públicas brasileiras quanto pela absoluta ignorância do distinto público na matéria. Complicado explicar o que foi feito, as decisões do corpo técnico do TCU e até mesmo as razões do impeachment para o eleitor comum. Com Collor foi bem mais fácil: roubou ou não roubou!
A discussão entre Levy e o resto do governo, incluso o PT e segmentos nacional desenvolvimentistas aliados, nunca foi sobre valores de superávit, mas sim sobre poder gastar e de onde retirar os recursos para gastar. Dilma como seus pares de pensamento não acredita no equilíbrio fiscal ou na economia de meios para reduzir a dívida pública. A aposta desse pensamento é na capacidade de ampliação da Dívida Pública, cujo montante se mantém em níveis internacionalmente baixos, ainda. Vão brincar de gastar até o teto admissível que pode ser 100% ou 130%. Não importa muito, para eles, o perfil de curto prazo. A Lei de Orçamento Anual de 2016, que está no centro dessa polêmica, prevê um gasto de mais de R$ 800 bilhões para rolagem da dívida. Esses números ficam no meio de um emaranhado de planilhas. Bem longe dos olhos do distinto público. Em vista do total de R$ 1 trilhão e tanto, estamos falando que 50% de tudo que se produz em termos de tributos, ou seja cerca de 17% de tudo que se cria como valor do trabalho dos brasileiros serve para “rolar” a dívida. Acreditem é um rolo mesmo quando se cria dívida nova para pagar dívida antiga. É como se você usasse o cheque especial para pagar o débito do cartão de crédito que já vem rolando há algum tempo. Não foi por acaso que Levy disse que já tinha recursos de caixa para saldar toda a dívida pública de curto prazo.
Mas nada disso impressiona Dilma. Em um post da semana passada, quando ainda falavam que ela queria reduzir o superávit de 0,7% para 0,5%, comentávamos que ela queria mesmo era 0%. Não deu outra. Não vamos exagerar se afirmarmos que essa não será apenas a terceira vez que ela muda a meta. Não esquecer que a proposta veio para a Câmara com superávit, que posteriormente foi reduzido.
É fora de dúvida que o Congresso Nacional liberou geral e que essa coisa de meta fiscal ficou para as calendas. O orçamento público brasileiro não tem mais uma meta fiscal. Ele tem uma referência, digamos demissível ad hoc. Nesse ponto é bom registrar que nossa bagunça fiscal não se deve apenas à desorientação de Dilma. Nosso Congresso Nacional está firme e forte no apoio à desorientação.
Tudo indica que iremos persistir nessa trilha. Aparentemente leis de finanças públicas frouxas interessam a todos os governos, já que todos os governos gostam muito dos atalhos que produzam resultados para o período do mandato. Soluções de médio e longo prazo não dão muito IBOPE. Essa discussão sobre cortar ou não o Bolsa envolve um pouco esse debate. Pessoalmente achamos que o corte no programa se justifica pelo seu resultado em termos de ineficiência de um programa que foi criado como paliativo e assume caráter permanente. Dilma defende sua permanência de olho nos votos que poderá perder, inclusive dentro do Congresso.
De concreto algum corte teria que ser feito para manter o superávit de 0,7%, mas com o orçamento engessado nas despesas obrigatórias fica difícil fazer cortes. Outro problema é o conceito de partir dos valores do ano anterior para corrigi-los no ano seguinte. Nessa lógica orçamentária o orçamento de um ano sempre será maior que o orçamento do ano anterior. Não importa se haverá redução de receita. Esse conceito é um beco sem saída em momentos de crise. A melhor solução seria a adoção do chamado orçamento de base zero. Nesse conceito os gastos de um ano são avaliados pela sua eficiência e podem ou não subir. Nosso problema é que tanto a desvinculação quanto o orçamento zero demandam debate, demandam um tempo que governo algum parece ter e Dilma, especialmente, não tem, pressionada que está pelo desmoronamento de sua gestão.
Que venha o novo ministro!


Fonte da imagem: https://www.pinterest.com/karlinhabarros/motiva%C3%A7%C3%A3o/
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        



sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

NO MEIO DO CAMINHO TEM UMA PEDRA, TEM UMA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO.




No país de Dilma é a crise internacional a culpada de todos os problemas, mas tirando isso o resto todo vai bem...os pobres estão cada vez mais ricos e, contraditando Lula, vão continuar a comer carne, as casas populares vão surgir aos borbotões e, finalmente, a Pátria educará a todos com a melhor das qualidades. O país de Dilma caminha para o Centro do Modo Capitalista e brevemente estará entre os países mais desenvolvidos.
O problema de Dilma é que para o país dela existir é preciso gastar muito, gastar além do que se arrecada. Ai, complica, pois, a crise que não existe reduziu drasticamente a arrecadação tributária e vai secando as receitas extraordinárias que tanto ajudaram nos últimos anos. E, pior, nem dá para aumentar a carga fiscal nesse mundo de hipócritas.
Bem no meio do caminho de Dilma caminho tem uma pedra, a LRF, cujo nome completo é Lei de Responsabilidade Fiscal.  
A pedra no meio do caminho impede aos governantes de hoje utilizar uma antiga prática centenária: fabricar a seu bel prazer notinhas de R$ 100,00. Ela impede muitas outras coisas, mas em especial a pedra impede que os bancos controlados por Dilma emprestem para Dilma aquilo que ela precisa para dar continuidade à construção do país de seus sonhos.
Normalmente chamaríamos o que Dilma fez de irresponsabilidade, mas Dilma chamou seus sonhos de Nova Matriz e em nome deles resolveu chutar a pedra. Para isso contou com o engenho e arte de fiéis amigos como Mantega, Coutinho e outros.

Ops! Parece que Dilma machucou o dedão.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

HÁ RISCO DE A INFLAÇÃO SAIR DE CONTROLE?






É um tema clássico do nacional desenvolvimentismo petista, bom registrar que há outras variantes, não o combate à inflação, mas o combate ao combate à inflação. Para eles os instrumentos de combate à alta generalizada de preços quando aplicados inibem o crescimento da economia, portanto interferem diretamente na formação da renda.
Nesse projeto a renda dos mais pobres deve crescer initerruptamente até que cheguemos a um patamar semelhante aos países desenvolvidos ou algo semelhante. Faz parte dele a relativização da inflação. Foi o que Dilma determinou. Não se tratava do centro da meta. Isto é, o centro da meta de inflação não deveria ser o alvo das políticas econômicas. Já que havia um teto a variação de 2% seria admissível e 6,5% de inflação seria tolerável. Não haveria necessidade de aplicar instrumentos de contenção da inflação e o governo poderia continuar estimulando o consumo e o gasto público. Veio a crise a mais forte e com ela a necessidade de colocar as Contas Públicas em ordem. Nesse momento instalou-se a esquizofrenia econômica. Ao mesmo tempo que buscam o combate a inflação via seus instrumentos mais clássicos, até como forma de transmitir um mínimo de credibilidade ao governo, a intenção de gasto público permanece. Não por acaso enquanto o consumo das empresas e famílias cai o consumo do governo se mantém positivo.
Foi por esse caminho que chegamos à inflação de dois dígitos para 2015 e a persistir o caminho poderemos chegar a valores semelhantes em 2016. Não adianta tranquilizar alegando que as expectativas para 2016 não falam de dois dígitos quando justamente essas expectativas já se aproximam de 8%.
Dilma e seus acólitos se mostram incapazes de propor mudanças de rumos que sinalizem o contrário. Visíveis são a falta de governabilidade, perda de consistência na base política, perda de grau de investimento e mais uma fila extensa de outros problemas. Situações que consolidam a insegurança dos agentes econômicos quando sabemos por farta experiência histórica que a inflação de dois dígitos é uma barreira psicológica e que a partir de um certo ponto há a retroalimentação do processo inflacionário. Ou seja, os agentes econômicos passam a incorporar aos seus preços não a inflação passada, mas sim a inflação futura. Esta é uma raiz possível dos processos de alta inflação com tudo aquilo que já vivemos em um passado nem tão distante.
Não combater esse movimento de consolidação dos dois dígitos de inflação não é uma opção, mesmo que esse governo destrambelhado não seja ele mesmo uma opção para o Brasil.


Fonte da imagem: http://chargistaclaudio.zip.net/arch2009-11-22_2009-11-28.html

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

DILMA: A RAINHA VAI FICAR NUA....


Quando a maré alta da liquidez baixar vamos descobrir quem está nadando nu...
Warren Buffet


A derrota na votação da Comissão Especial para o Impeachment foi um forte sinal de esvaziamento da base aliada e amplia a percepção de inconsistência da governabilidade, aumentando a insegurança dos agentes econômicos. É um efeito sem volta. Isto é, mesmo que Dilma se safe o estrago está feito.

A citação de Buffet coloca uma questão básica da economia que pode ser resumida da seguinte forma: quando há excesso de liquidez na economia as falhas mais graves de política pública não são necessariamente perceptíveis.

Em parte, foi assim que Lula governou boa parte do tempo em seus dois mandatos e é assim que Dilma governa, pois ainda há muita liquidez no mercado mundial e essa liquidez mantém um fluxo de capitais que acaba gerando um efeito positivo, apesar de todas as mazelas.

Poderia ser muito pior. Não só poderia, como poderá. A notícia da vez é que a agência Moody’s já pensa em tirar o grau de investimento do Brasil. Conforme está no O Globo: Relatório alega piora da trajetória fiscal e econômica e risco de paralisia política. O leitor me dispensará de comentários maiores, pois basta ler as manchetes para perceber que a observação da Agência de Risco faz sentido.

Sem a liquidez aquilo que agora chamam de recessão pode ser transformar numa aguda depressão, que alcançará rapidamente as contas externas. Nossas reservas são poderosas, mas não são infinitas. Adicionalmente, confirmada a perda de grau pela Moody’s e se outras agências a acompanharem, a retirada dos investidores institucionais estrangeiros terá como consequência imediata a majoração dos custos de manutenção da dívida pública brasileira e a quebra dos poucos investimentos possíveis nos próximos anos.

Vai chegando um momento em que o afastamento de Dilma fica vantajoso para todos os atores.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A MEDIOCRIDADE QUE NOS AVASSALA




Dilma eleita em seu primeiro mandato nos dava a impressão de ser apenas uma presidente medíocre que nos levaria ao futuro com um crescimento baixo, mas algum crescimento. Lá traz, no dia da posse, nem mesmo seu crítico mais feroz seria capaz de imaginar o que tínhamos pela frente. Passamos por um primeiro mandato desastroso e apenas ao fim dele é que começamos a vislumbrar que o que estava ruim poderia ser muito pior.
E de fato está sendo. A sensação deste momento é que o pior não acabou. Dilma se comporta como altista e sua basealiada, amparada em sua extrema fragilidade, se comporta como um bando de cupins capazes de traçar tudo que estiver pela frente. Seus apoiadores, mesmo aqueles que pareciam mais sensatos, parecem ser incapazes de entender o rumo das coisas. Ainda estão ancorados na década de 1960 e ainda precisam dividir o mundo entre nós direitistas e eles esquerdistas redentores. Não conseguem entender que o mundo é diferente e que as leituras em bloco tipo tudo o que eles pensam, propõem ou fazem é certo, e, portanto, tudo o que nós outros pensamos ou propomos ou fazemos é errado.
Convenhamos a mediocridade entre nós virou mérito. Só resta acreditar que a sociedade desperte de sua letargia e se dê conta de que aqui não há qualquer ponte para lugar algum. Apenas o abismo e não sabemos onde está o fundo.
Mas o pior talvez seja apenas um conceito relativo. Talvez a incompetência mais séria não seja nenhuma dessas como o PIB negativo por dois ou mais anos seguidos, promovendo um monumental retrocesso na economia brasileira, da possibilidade da retroalimentação da inflação que quebrou o limite psicológico dos dois dígitos viabilizando patamares mais altos, ou o aumento do desemprego, a queda dos investimentos externos por conta da perda do grau de investimentos.
Noves fora tudo junto significa que a nossa Caminhada para o Centro, em direção ao padrão de vida dos países desenvolvidos, cantada em prosa e verso por Lula, mudou de direção e vai virando um Retorno para a Periferia. Wallerstein deve estar de queixo caído...
Contudo, dentro da relatividade do conceito de pior há uma questão que ainda está na lateral dos debates, escanteada por tantos números negativos e pelo debate do impeachment: quais seriam as consequências da instalação e ampliação da epidemia de Zika no Brasil? Até aqui o que sabemos é da incapacidade e da incompetência na gestão ambiental e de saneamento nos três níveis federativos. Na saúde o episódio recente mais marcante foi o uso da cadeira do ministério como moeda de troca política, como se não tivesse bastado o aparelhamento e o desvirtuamento do quadro técnico.
Mas, e se realmente a epidemia de Zika se alastrar? Qual será o impacto de parte de uma geração de crianças com microcefalia ou outras doenças do sistema nervoso central? No mínimo dois: 1) aumento de número de crianças com deficiência, quando nossas políticas públicas para pessoas com deficiência estão a quilômetros do que seria necessário; 2) antecipação do envelhecimento da população economicamente ativa, quando também nesse caso nossas políticas públicas estão muito longe de serem minimamente satisfatórias.

Talvez o impeachment e o completo afastamento de toda estrutura de poder montada pelo PT não seja uma opção, mas uma necessidade.

Fonte da imagem: http://quixeramobimagora.blogspot.com.br/2015/04/charge-do-bruno.html

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

OS PETISTAS NO PODER. SUAS COMPETÊNCIA E INCOMPETÊNCIAS NATURAIS.




Apenas para registar...

Competentes para se aliar ao patrimonialismo.
Usando a terminologia do líder nunca, jamais, em tempo algum, políticos no governo fizeram um trabalho tão profundo de aproximação entre grupos empresariais e estruturas de poder no governo federal. Bom, talvez seja exagero, já que não sabemos ou sabemos pouco das relações de poder na mega construção de Brasília.  Seja lá como for, do sabido os bilhões desviados para enriquecimento próprio ou das empresas são um número considerável, especialmente quando o Estado se apropria de mais de um terço da renda do trabalho das famílias brasileiras.

Incompetentes para governar.
            Lá trás, na posse do primeiro mandato a impressão era de que Dilma faria aquilo que interessava a Lula: esquentar a cadeira. Não esperávamos nenhum milagre de genialidade do poste da hora. Imaginávamos um governo apenas medíocre, com baixo crescimento, mas Dilma precisava ser Dilmas e resolveu botar em prática tudo que a esquerda propugnava em termos da ação do Estado nas finanças públicas e na gestão da economia. O poste esqueceu da principal lição do Mestre: apenas diga que vai fazer...não faça. Schumpeter décadas atrás fez um achado econômico relevante: os momentos de queda do ciclo de crescimento do capitalismo cumpriam um importante papel de renovação tecnológica. A crise destrói o capital físico e sua tecnologia antiga e a retomada traz para a nova cena novo capital físico revigorado pelas novas tecnologias. É o que ele chamou apropriadamente de destruição criativa. A destruição criativa cumpre um importante papel no ciclo de crescimento capitalista, pois agrega mais produtividade e competividade ao processo, produzindo riquezas com maior velocidade. Dilma inovou no terreno da teoria econômica...criou a destruição destruitiva. Em seus dois mandatos o poste que pensa conseguiu nos lançar de volta ao passado ao ponto de muito começarem a imaginar que não se trata mais de uma recessão e sim de um processo depressão da economia. Talvez a melhor imagem dessa depressão seja a destruição destruitiva que irá se instalar em decorrência, tanto da total falta de confiabilidade por parte dos agentes econômicos, quanto pelas sucessivas previsões de recuo do PIB. Não é tarefa para qualquer um acumular um recuo no produto de mais de 7% somados o ano de 2015 e as previsões de 2016.

Incompetentes para se defender.
É incrível, mas é verdade. Os petistas conseguiram num mesmo dia acumular três fantásticas mancadas: As duas primeiras de autoria do homem de Lula no controle (?) do governo Dilma, Jaques Wagner. Na primeira Wagner divulgou um tal Manifesto dos Governadores do Nordeste contra o impeachment. Nada demais, já que Dilma se elegeu na região. Só esqueceram de combinar com os russos e o governador de Pernambuco veio à público informar que não assinou o manifesto; a segunda foi quando Wagner liberou a informação que Temer iria ajudar na defesa de Dilma. Seria bom, já que Temer é constitucionalista respeitado nos meios jurídicos e acadêmicos. Bola fora. Temer negou publicamente que tenha feito o que Wagner lhe atribuiu. Aliás, é bom lembrar que Dilma fez seu pronunciamento ao largo do vice-presidente. A terceira mancada foi dos parlamentares do PT que recorreram ao Supremo para sustar o processo de impeachment e decidiram retirar o MS quando souberam que iria para o Ministro Mendes. Conseguiram outro feito inédito do mesmo partido ofender gravemente a corte em menos de um mês. Lembrando que Delcídio, ainda líder do governo no Senado, declarou que resolveria seus problemas no Supremo. O constrangimento foi tal que Adans, AGU, em entrevista esta manhã de sexta na CBN, provocado pelo repórter sobre a retirada do MS, pisando em ovos teve que reconhecer o equívoco, elogiando a competência do ministro Mendes.