UM AZUL PARA O VERMELHO
domingo, 11 de abril de 2010 | 6:15
Dilma discursou no ato ilegal promovido neste sábado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e pelas centrais sindicais em defesa da sua candidatura. Por que chamo de “ilegal”? Porque os recursos que pagaram aquela manifestação pertencem às entidades e não podem servir a uma candidatura. Lula não gosta das leis. Acha que a gente não deve se subordinar a elas.
O discurso da pré-candidata petista seguiu o modelo do confronto, do “nós” (eles) contra “eles” (nós). Chega a ser impressionante que arrote tanta suposta moralidade num evento de escancarada ilegalidade. Mas isso não deixa de ser a melhor expressão de sua prática e do seu pensamento. Vamos a um vermelho-e-azul básico.
Companheiros e Companheiras do ABC.
Estou aqui hoje e quero aproveitar este momento para me identificar com maior clareza. Os da oposição precisam dizer quem são. Vocês sabem quem eu sou, e vão saber ainda mais. O que eu fiz, o que planejo fazer e, uma coisa muito importante, o que eu não faço de jeito nenhum. Por isso gostaria de dizer que:
Epa! Os da oposição são os que fizeram o Plano Real e legaram a Lula coisinhas básicas como metas de inflação, superávit primário, câmbio flutuante, inflação sob controle, Lei de Responsabilidade Fiscal e programas sociais reunidos, depois, no Bolsa Família. Nem todo mundo sabe quem Dilma é. Por exemplo, poucos sabem os nomes das pessoas que as organizações terroristas a que ele pertenceu mataram.
Eu não fujo quando a situação fica difícil. Eu não tenho medo da luta. Posso apanhar, sofrer, ser maltratada, mas estou sempre firme com minhas convicções. Em cada época da minha vida, fiz o que fiz por acreditar no que fazia. Só segui o que a minha alma e o meu coração mandavam. Nunca me submeti. Nunca abandonei o barco.
É uma indecência. Está se referindo ao fato de que José Serra se exilou para não ser preso pela ditadura militar. Está chamando isso de “fugir”, que evidencia que essa gente não tem mesmo limites. Seus companheiros, Franklin Martins inclusive, seqüestraram pessoas para libertar presos políticos — justamente para que se exilassem. Havia uma ordem de captura contra Serra, e, mais tarde, foi enviada ao Chile uma recomendação para que ele fosse eliminado. Vejam como Dilma torna heróica a sua trajetória e tenta vilipendiar a do adversário. Isso é pistolagem retórica. Do mesmo modo que o PT assaca contra a história do país, Dilma assaca contra a história pessoal do oponente, não respeitando nem mesmo aquele que é um direito básico de todo ser humano: tentar fugir dos que querem capturá-lo — especialmente naquelas circunstâncias.
Eu não sou de esmorecer. Vocês não me verão entregando os pontos, desistindo, jogando a toalha. Vou lutar até o fim por aquilo em que acredito. Estarei velhinha, ao lado dos meus netos, mas lutando sempre pelos meus princípios. Por um País desenvolvido com oportunidades para todos, com renda e mobilidade social, soberano e democrático;
Essas são crenças a que Dilma aderiu depois de bastante madura. Quando ela pertenceu a grupos terroristas, queria implantar uma ditadura no Brasil.
Eu não apelo. Vocês não verão Dilma Rousseff usando métodos desonestos e eticamente condenáveis para ganhar ou vencer. Não me verão usando mercenários para caluniar e difamar adversários. Não me verão fazendo ou permitindo que meus seguidores cometam ataques pessoais a ninguém. Minhas críticas serão duras, mas serão políticas e civilizadas. Mesmo que eu seja alvo de ataques difamantes.
Não apela? Afirmar, como voltou a fazer neste sábado, que os adversários são “lobos em pele de cordeiro”, ou que “eles querem acabar com tudo”, é retórica da mais fina extração democrática, não é? Mercenários? Disso os petistas entendem. A Lula News paga hoje blogueiros a peso de ouro. Estatais já financiaram páginas na Internet da mais escancarada pistolagem contra os inimigos do PT. Quem já tem montada hoje uma estrutura para criar perfis falsos na Internet? O PT! O que Dilma chama de difamação? Vejam aquela afirmação que fiz lá no alto. Afirmar que as organizações a que ela pertenceu matou inocentes é fato ou difamação? Acusar o adversário de querer privatizar estatais, como Lula e ela própria voltaram a fazer neste sábado, mesmo sabendo que se trata de uma mentira, é crítica política ou é prática vizinha da difamação?
Eu não traio o povo brasileiro. Tudo o que eu fiz em política sempre foi em defesa do povo brasileiro. Eu nunca traí os interesses e os direitos do povo. E nunca trairei. Vocês não me verão por aí pedindo que esqueçam o que afirmei ou escrevi. O povo brasileiro é a minha bússola. A eles dedico meu maior esforço. É por eles que qualquer sacrifício vale a pena.
Não! A União Soviética era a bússola da Dilma quando os movimentos a que pertenceu assaltavam e matavam. Não era o Brasil. Não eram os brasileiros. A alusão a FHC é uma tolice. Em primeiro lugar, nunca disse a tal frase sobre esquecerem o que escreveu. É mentira também. Em segundo lugar, isso não seria necessário.
Eu não entrego o meu país. Tenham certeza de que nunca, jamais me verão tomando decisões ou assumindo posições que signifiquem a entrega das riquezas nacionais a quem quer que seja. Não vou destruir o estado, diminuindo seu papel a ponto de tornar-se omisso e inexistente. Não permitirei, se tiver forças para isto, que o patrimônio nacional, representado por suas riquezas naturais e suas empresas públicas, seja dilapidado e partido em pedaços. O estado deve estar a serviço do interesse nacional e da emancipação do povo brasileiro.
É o discurso do “nós” contra ele “eles”, insistindo na farsa de que as riquezas nacionais foram entregues. Atenção: não se trata de uma questão de escolha ideológica, mas de verdade ou de mentira. E é mentira que se tenha tentado destruir o Estado. O PT chegou ao governo em janeiro de 2003. Se as privatizações eram ruins, por que não as reviu? Ao contrário: o que os petistas fizeram foi se aproximar das empresas que haviam participado dos leilões de privatização. Lula e Dilma Rousseff patrocinaram a mudança de uma lei só para permitir que uma gigante da telefonia pudesse comprar outra. Trata-se de um discurso fraudulento.
Eu respeito os movimentos sociais. Esteja onde estiver, respeitarei sempre os movimentos sociais, o movimento sindical, as organizações independentes do povo. Farei isso porque entendo que os movimentos sociais são a base de uma sociedade verdadeiramente democrática. Defendo com unhas e dentes a democracia representativa e vejo nela uma das mais importantes conquistas da humanidade.
O que Dilma chama “movimentos sociais”, não raro, são braços do petismo, a exemplo do que se viu nas manifestações da Apeoesp em São Paulo, que terminaram com uma chuva de ovos contra Bebel. Assim, ficamos sabendo que Dilma respeita é o próprio partido. Dilma defende a democracia representativa com “unhas e dentes”? Com as mesmas unhas e os mesmos dentes, ela já defendeu a luta armada e o terrorismo — já que pertenceu a organizações terroristas. Ou é mentira? Ademais, o país precisa de cérebro, não de unhas e dentes.
Tendo passado tudo o que passei justamente pela falta de liberdade e por estar lutando pela liberdade, valorizo e defenderei a democracia. Defendo também que democracia é voto, é opinião. Mas democracia é também conquista de direitos e oportunidades. É participação, é distribuição de renda, é divisão de poder.
Mentira! Molipo, VPR e VAR-Palmares defendiam ditadura, não democracia. Desafio Dilma a exibir um só documento ou prova de que essas eram organizações que queriam democracia. Fato: democracia é isso que ela diz acima, princípios que seu partido frauda freqüentemente. Dilma, aliás, falava num evento que fraudava a democracia. O financiamento de campanha eleitoral por sindicatos é ilegal.
A democracia que desrespeita os movimentos sociais fica comprometida e precisa mudar para não definhar. O que estamos fazendo no governo Lula e continuaremos fazendo é garantir que todos sejam ouvidos. Democrata que se preza não agride os movimentos sociais. Não trata grevistas como caso de polícia. Não bate em manifestantes que estejam lutando pacificamente pelos seus interesses legítimos.
É uma referência à Apeoesp, rejeitada amplamente pela maioria democrática de São Paulo. Dilma está defendendo que crianças pobres sejam usadas como massa de manobra do corporativismo mais vigarista. Ademais, quem atacou a polícia foram os queimadores de livros. A candidata parece chateada com o fato de que a armação deu com os burros n’água.
Companheiras e companheiros,
Aquele país triste, da estagnação e do desemprego, ficou pra trás. O povo brasileiro não quer esse passado de volta.
Acabou o tempo dos exterminadores de emprego, dos exterminadores de futuro. O tempo agora é dos criadores de emprego, dos criadores de futuro.
Porque, hoje, o Brasil é um país que sabe o quer, sabe aonde quer chegar e conhece o caminho. É o caminho que Lula nos mostrou e por ele vamos prosseguir. Avançando. Com a força do povo e a graça de Deus.
Isso é pura depredação do passado. Fala aí a representante do partido político que, enquanto esteve fora do poder, como lembrou Aécio Neves, sabotou todas as tentativas de corrigir as graves deficiências do Brasil. Não se pôde contar com o PT nem mesmo para o ato que significou, na prática, o fim da ditadura. Se o PMDB e outros oposicionistas tivessem agido como o PT, em vez de Tancredo Neves, Paulo Maluf teria sido eleito presidente da República. Se sucessivos governos tivessem dado ouvidos ao PT, estaríamos, hoje, na taba.
Os petistas deram continuidade à política econômica de FHC porque já não cabia mais recuo e porque a população rejeitava o pensamento petista. Por isso os lobos tiveram de posar de carneiros.
Hoje, mesmo que vençam, os petistas não têm como recuar nas questões essenciais da economia. Mas ainda não se conformaram com a democracia. Por isso querem o jogo do “nós” (eles) contra “eles” (nós). Por isso não se conformam com as leis, como Lula deixa claro todos os dias.