sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

NOS ÚLTIMOS MOMENTOS DE SEU GOVERNO LULA CONCEDE ASILO A BATTISTI

Como era de se prever Lula assinou a concessão de asilo a Battisti no último minuto de seu governo. Evitando assim responder por seu ato, ainda no cargo, e livrando a cara de Dilma.

Não há nada de heróico nesta atitude que mancha a tradição brasileira na concessão de asilo político. Muito ao contrário das afirmações do advogado de defesa, Battista não é um foragido político é um assassino que cometeu, ele sim, crimes contra a democracia italiana e protegido, por razões nada claras, por algumas de nossas autoridades. 
Não era da tradição brasileira conceder asilo a pistoleiros. Infelizmente era.

Se teremos que conviver este criminoso, então seria muito bom que começássemos a procurar descobrir o que está por trás disto tudo. É muito improvável que tenham qualquer coisa a haver com humanismo.

Demetrio Carneiro

THE ECONOMIST: VOLTANDO À TERRA

O Tony foi referenciado nesta matéria do The Economist e me enviou. 
Aproveitei para traduzir, de forma livre, pois acho que tem uma abordagem bem interessante sobre os dilemas do futuro governo Dilma.

Demetrio Carneiro



VOLTANDO À TERRA

Dilma Roussef assume com uma economia em expansão – e aumento na inflação e nas taxas de juros, falte investimentos na infraestrutura e incontinencia fiscal dos legisladores.

A poucos passos da presidência do Brasil, em 01 de janeiro, Dilma Rousseff pode  ficar cautelosamente satisfeita consigo mesma. Ao escolher o seus 37 ministros, fez um trabalho razoável satisfazendo as demandas conflitantes do seu partido e da coligação, demandas regionais e blocos ideológicos e o seu próprio desejo de ter um terço dos cargos ocupados por mulheres (ela conseguiu nove). Ao fazer Antônio Palocci, um antigo ministro da Fazenda, seu chefe de equipe mostrou confiança em si mesmo: Alguns acreditam que ela se recusaria a colocar uma figura política poderosa em um papel central. Essa escolha e a promoção de Alexandre Tombini da Diretoria do Banco Central para a presidência safistez os investidores, que procuravam por sinais de ortodoxia econômica. Ela ainda conseguiu mostrar-se agradecida a seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, apesar dos comentários de seu mentor político sobre o seu procedimento.

Nos momentos antecedentes de sua posse, Rousseff recebeu também claros sinais sobre as dificuldades à frente. No discurso de vitória, em 31 de outubro, ela destacou que suas prioridades nos próximos quatro anos, serão eliminar a pobreza extrema e melhorar a qualidade da saúde e da educação, mantendo a estabilidade econômica e inflação baixa.

Ela disse que quer as taxas de juros reais, atualmente superiores aos de qualquer outra grande economia, em queda de 5% para 2% até 2014. Mas a inflação subiu para 5,6% em novembro. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que manterá o seu trabalho sob Rousseff, elevou as reservas bancárias e os requisitos necessários para o capital, em uma tentativa de esfriar a economia de forma a evitar aumentos. Embora o Banco Central tenha sido parceiro, o relatório trimestral de inflação, divulgado em 22 de dezembro, deixou claro que o alívio é temporário. Muitos economistas esperam um aumento de meio ponto na taxa básica de juros Selic (hoje 10,75%) em janeiro, e mais dois ou três aumentos durante o ano.

Isto irá colocar pressão crescente sobre a moeda brasileira, cujo valor mais que dobrou em relação ao dólar durante os oito anos de Lula como presidente. Tony Volpon, do Nomura Securities, uma corretora de valores, estima que o Tesouro do Brasil está perdendo cerca de R$ 40 bi (US$ 24 bi) por ano, ao vender Brazilian Bonds a estrangeiros, para investir esses recursos instrumentalmente, com o dólar cedendo menos dez pontos percentuais. Em outubro Mantega triplicou o imposto sobre os investimentos estrangeiros em títulos de renda fixa para tentar conter a inundação. Mas o real terminou o ano sem novas baixas.

Para as taxas de juro e a moeda que eles focaram, forem cair como Dilma Rousseff quer, ela vai ter que reduzir o frenético aumento dos gastos federais. Os projetos de lei para salários e pensões aumentaram esses mais que a inflação nos últimos anos. A tarefa de manter a inflação sob controle foi deixada inteiramente à política monetária. Nos últimos três anos, o governo aumentou os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento, o BNDES, em pelo menos 210 bilhões de reais, permitindo-lhe ampliar os empréstimos para projetos de infra-estrutura e uma série de outros empreendimentos que não tão obviamente merecem o apoio do Estado. Segundo o IPEA, um instituto de pesquisas econõmicas ligado ao governo, os juros subsidiados BNDES custarão para os contribuinte até R$ 21 bi anuais.

Dilma Rousseff tem falado da necessidade de acabar com a incontinência fiscal: Ela quer reduzir a Dívida Líquida do governo, de 42% para 30% do PIB durante seu mandato. Ela está resistindo à pressões de seu Partido, PT, e aliados para um grande aumento no salário mínimo. No final de novembro Mantega disse que ele daria ao BNDES em 2011 apenas metade do financiamento extra deste ano. Para incentivar o setor privado a assumir os espaço de folga nos investimentos ele vai cortar impostos como bônus para os novos projetos de infra-estrutura aprovados pelo governo. Mas, enquanto os elevados retornos em papéis governamentais estiverem disponíveis no curto prazo, cortar impostos pode não ser suficiente apetitoso para atrair investimentos no longo prazo.

Lula escolheu Dilma Rousseff como sua sucessora, em parte, porque as alternativas mais óbvias estavam envolvidas em vários escândalos. Mas ele também viu nela alguém que poderia transformar grandes planos em realidade. O Brasil durtante muito tempo gastou pouquíssimo com infra-estruturas e o crescimento econômico faz este o déficit sempre mais dolorosamente evidente. Como ministra da energia, Dilma Rousseff manteve as luzes acesas, depois de uma seca em 2001 que levou ao racionamento de energia elétrica. Ela passou a executar um programa governamental gigante na infra-estrutura, conhecido como PAC: Lula durante sua campanha eleitoral, a apelidou de "Mãe do PAC".

Se ela falhar nesta frente, sabe que será com o mundo observando. O Brasil vai sediar a Copa do Mundo em 2014. Até lá também ficará claro se o trabalhar para os Jogos Olímpicos, a realizarem no Rio de Janeiro dois anos mais tarde, estarão indo no caminho certo. Os aeroportos são a preocupação mais premente: O número de passageiros cresceu 13% em 2009 e um forte crescimento ainda é esperado. Mas a maioria dos principais aeroportos já estão operando acima da capacidade.Eles são administrados pela Infraero, uma empresa estatal dominado pela Força Aérea que é um exemplo brasileiro para a obstrução burocrática e a incompetência. Dos mais de 5 bilhões de reais destinados a Infraero para investimento em período que antecedeu a 2014, mais da metade está nos projetos, que já estão atrasados.

Rousseff considerou afastar a Infraero do Ministério da Defesa e transferi-la para o ministério dos Portos. Isso teria tornado mais fácil atrair recursos privados, e, talvez, a gestão privada também. Uma greve do empregados de empresas aéreas, evitada por pouco, por aumento de salários, na véspera do natal, pode ter consequências na movimentação do feriado.

O maior obstáculo aos planos Rousseff para gastar menos no dia a dia, a fim de investir na infra-estrutura, que é onde ela imagina que será lembrada, serão seus companheiros políticos. Se ela já não soubesse disso, recebeu um lembrete em 15 de dezembro, quando os membros do Congresso se auto-concederam um aumento salarial de 62%. Muitos governos estaduais e municípios já seguiram o exemplo. Se todos o fizerem, o custo total será de cerca de 2,2 bilhões de reais por ano. Em um raro erro de julgamento da opinião pública, Lula, rindo, lamentou o azar de estar saindo um pouco antes que generosidade houvesse chegado. "Eles estão brincando com o nosso dinheiro", dizia uma manchete de jornal. Nos aeroportos, os manifestantes carregavam cartazes cobrando a razão pela qual os políticos podem receber aumentos salariais enormes, mas eles não podiam. Sua greve ainda pode acontecer no ano novo, trazendo Rousseff de volta a terra, com um solavanco.

BRASIL PASSA A SER PERIFERIA COMERCIAL DA CHINA!

Na realidade o título, perfeito, é do post que está ai abaixo. 

Fonte: Ex-Blog do César Maia:

(Folha de SP, 31) Em 2005, a China respondia por mais de 10% das importações brasileiras em apenas 6 de 19 setores industriais; já nos doze meses encerrados em agosto de 2010, isso ocorria em 12 setores. Nesse período, US$ 21,4 bilhões foram importados dos chineses, valor que representa 14,5% das compras brasileiras -contra 7,3% em 2005.

O que ele está reportando é um lado do fenômeno do crescimento dependente (matéria-prima versus produtos acabados) brasileiro que poucos analistas estão abordando e que nossa querida esquerda nacional-desenvolvimentista parece, ou tenta fazer parecer, que desconhece. 

É verdade que devemos aproveitar nossas vantagens competitivas, mas elas deveriam ser aproveitadas para alavancar mudanças em profundidade (ação que a China sabe aproveitar muito mais do que nós)  e não para financiar um crescimento medíocre e sem futuro, que na sua essência, e apesar de toda a mídia milionária e babação dos aparelhados, não muda é nada. Pelo contrário aprofunda as relações mais tradicionais de poder. Sarney e seus dois futuros ministros de estado que o digam...

Provavelmente essas evidências, em décadas passadas, já dariam direito a uma boa passeata contra as relações de dominação e subordinação entre a China e o Brasil ou contra o imperialismo chinês.

Essencialmente é uma questão de desengatar de um lado (EUA, Europa Ocidental) para engatar em outro (China).
Ou, em outros termos, quem se projeta para vagão jamais chega a locomotiva.

Como dizia no post de ontem: A crise acumulou em nossa agenda novas questões a par das históricas.
É necessário que os próximos anos sejam de profundas transformações estruturais e de processo. 
É bom que se perceba que as janelas que abrem também fecham...

Demetrio Carneiro

A VITÓRIA DA CONVERSA FIADA

Na equipe ministerial de Dilma, há re¬presentantes de 15 dos 26 Estados e Distrito Federal.
São Paulo conta com 9 ministros.
Rio de Janeiro vem em segundo lugar com 6.
Bahia e Rio Grande do Sul tem 5, cada.
Maranhão tem 2 (Haja Sarney!).
Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte, Ceará, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Amazonas e Distrito Federal têm 1, cada.

Parte da campanha de Lula apoiando Dilma foi focada no “perfil” paulista de Serra e do PSDB, agora Dilma nomeia 9 ministros de SP, 6 do Rio, 1 do Espírito Santo 1(!) de MG (parece que estão dispostos a punir a infidelidade de Aécio).

São 17 ministros do Sudoeste, a maioria paulistas, 7 do Sul, totalizando 24 nas duas regiões e 13 do Norte/Nordeste/Centro-Oeste (zona privilegiada pela repartição do Fundo de Participação dos Estados, por conta das desigualdades regionais. É bom não esquecer que o FPE terá que ser rediscutido até 2012, por decisão do STF).

Tudo bem o que se fala em campanha não importa mesmo.

Demetrio Carneiro

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

COMO SERÁ 2011?

É verdade que a crise trouxe novas oportunidades e, comparativamente com as nações desenvolvidas (o que quer que realmente seja isso) poderemos ter, ainda, crescimento onde elas não crescerão. Estaremos de fato melhores ou estaremos melhores por q eu elas estarão piores? Num mundo de economias integradas qual será o significado do baixo crescimento das nações cujo consumo vinha alavancando o resto da economia mundial?

Ao contrário do mundo convergente, que seria a solução da crise, podemos estar caminhando para um o reforço das vontades nacionais e para o que pode ser o retorno do autoritarismo de caráter nacionalista e não é apenas um movimento sentido na América Latina. Na Europa Central já aparecem os primeiros sinais. Não há ai nenhum catastrofismo. O processo de consolidação do ideal democrático não será tão facilmente abatido como foi entre as duas grandes guerras do século passado. Mas nada autoriza a tranqüilidade. É bom ir acendendo a luz amarela.

Muito bem, essa esplêndida janela de oportunidades, onde cresceremos mais em relação aos outros que crescerão menos, tem exatamente qual significado?
É simplesmente crescer e tudo bem?
Poderemos crescer com bases nos mesmos paradigmas que são os responsáveis pela crise em toda sua realidade?

De fato a leitura simplificante do da ideologia mais tradicional de esquerda que concede ao “neo-liberalismo” as honras da crise está muito longe que traduzir os fatos.
A raiz da crise está no padrão de desenvolvimento fundado no consumo a qualquer custo, no estímulo ao hiper-consumo.
Está na simplificação esterilizante do modelo de exportação da indústria suja para a periferia e depois da industria de transformação. As primeiras atrás da inexistência de regulações ambientais nesses países. A segunda atrás da farta e barata mão de obra. Daí que a produção do conhecimento, a nova economia, não foi suficiente para sustentar o consumo vertiginoso e monumental.
Talvez modelo econômico algum seja capaz disso e talvez por isso o sistema, visto como um todo, precisa gerar bolhas que são os pontos de multiplicação máxima do capital e geração de excedentes para o hiper-consumo.
O que difere nosso modelo atual de desenvolvimento do modelo do centro nas suas linhas gerais de dependência completa da alavancagem do consumo das famílias, mesmo sem base material, do paradigma central do carro individual movido à combustível fóssil, objeto de desejo de 99 entre 100, da crescimento de alto risco ambiental? Isto para ficarmos apenas nas questões mais badaladas.
Difere pouco, pouquíssimo ou nada?

Esta é que questão para 2011 e os próximos anos: A crise não abriu apenas uma janela de oportunidades. Ela também acelerou o fim de toda uma era e será preciso muito mais que copiar os modelos atuais dos países desenvolvidos, porque na verdade desenvolvimento hoje é outra coisa bem diferente.

Demetrio Carneiro

A NEO REPÚBLICA DO NEO DESENVOLVIMENTO: A DESCARACTERIZAÇÃO URBANA DA LAPA

Com um ar de sofisticação nossos nacional-desenvolvimentistas fundaram o "novo-desenvolvimentismo" ou o "neo-desenvolvimentismo".  Ceretamente precisam de uma "neo-República" para acomodar seus interesses hegemônicos, autoritários e...econômicos.

Filho dileto do pensamento desenvolvimentista da ditadura nosso neo-desenvolvimentismo aos poucos vai produzindo sua organicidade dentro do aparelho do Estado. Parte significativa dos quadros vem do movimento sindical. Fato que não é difícil de entender em função do caráter nitidamente para-estatal da estrutura sindicalista brasileira.

Tenho insistido muito com a questão do Capitalismo de Estado e das alianças de poder firmadas entorno dele. Abaixo mais um exemplo da lógica de operação desses grupos. No caso específico é bom lembrar que os Fundos das estatais são controlados pelos oriundi da estrutura sindical ligada a base de governo.

No caso específico imagino que os cariocas não irão se submeter passivamente a isto...


Demetrio Carneiro

MEMÓRIA SOBRE O CASO DO MONSTRENGO DA ELETROBRÁS, NO CENTRO DO RIO!

Fonte: Ex-blog César Maia

1. Ontem (29), a imprensa divulgou a informação que finalmente a Eletrobrás havia comprado terreno do governo do Estado para construir um monstrengo no Corredor Cultural do Rio. Um absurdo. Abaixo, notas publicadas por este Ex-Blog, meses atrás.

2. (11/01/2010) Edifício da Eletrobrás de 44 andares no Corredor Cultural do Centro do Rio. 1. (Globo, 08) Será no Corredor Cultural no Centro do Rio, na área da Lapa o novo edifício-sede da Eletrobrás de 44 andares. A lei 106 mudou o gabarito na Rua dos Arcos.

3. (ram, 10/01/2010) "Uma lei da prefeitura, altera pela primeira vez, a Lei do Corredor Cultural. Esta previa para a Rua dos Arcos, na Lapa, uma altura máxima correspondente a seis pavimentos. Mas a alteração aprovada irá permitir a construção de um espigão da Eletrobrás no eixo de visada dos Arcos da Lapa. O instituto de previdência dono dos terrenos quer ver suas possibilidades de lucro maximizadas. Os representantes da nova geração de administradores públicos adeptos da gestão de cunho empresarial, se lixam para o dano à imagem da Lapa. A torre proposta pela Eletrobrás trará para o meio da visão dos Arcos da Lapa um imenso elemento vertical, de 133 metros, com 44 pavimentos, que interferirá muitíssimo naquela paisagem. Onde está o IAB -instituto dos arquitetos- e os órgãos de defesa do patrimônio?"

4. (18/01/2010) Mais informações sobre o espigão da Eletrobrás no Corredor Cultural do Centro do Rio. A Eletrobrás, com mil funcionários e uma parte em Brasília, não precisa de um prédio de 44 andares. O que pretendem fazer é comprar o terreno e assinar contrato com construtora, que se ressarciria com aluguel da grande parte das salas que a Eletrobrás não precisa. Este Ex-Blog já publicou na parte de anúncios classificados de jornais, o nome da empresa que -já está acertada- para ser contratada. É uma importante empreiteira do Rio.

5. Carta Aberta à Diretoria da Eletrobrás. Conheça teor completo. Enviada como notificação extrajudicial em mãos, em 20 de janeiro de 2010.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

VOLPON E PREVISÕES PARA 2011

Outro post do Tony Volpon publicado no Blog Beyondbrics do FT, hoje, 29.
Como sempre em tradução livre.

Demetrio Carneiro

O 11 do 11 de 2011: o governo do Brasil vai conter a política fiscal?

O desempenho recente do governo brasileiro, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está de saída, não sugere que a sua escolhida sucessora, Dilma Rousseff, vai conter a política fiscal.

Ignorando os números altamente distorcidos do superávit fiscal e olhando apenas para o gasto, os do governo central, nos últimos 12 meses, foram de R$ 616 bi, um incrível aumento de 44 por cento com base em 2008.
Com Lula deixando o cargo registrando popularidade recorde Rousseff ousaria mudar alguma coisa?

Muitos analistas dizem que não, mas nós pensamos que sim. A crença de que o próximo governo vai continuar sua políticas as usual não reconhece duas realidades:

Primeiro, o Brasil claramente passou por um caso particularmente agudo do "ciclo político-econômico", tendência, bem documentada, dos gastos dos governos subirem rampa acima antes das eleições.

Os recentes incrementos dos enormes gastos, primeiro justificados como anti-cíclicos, uma resposta keynesiana a crise de 2008, continuaram inabaláveis, mesmo com o crescimento econômico superando 7 por cento ao ano. Agora, com a eleição ganha, não há razões eleitorais para manter o crescimento de gastos no nível atual.

A segunda realidade a ser reconhecida é que esse aumento dos gastos já está causando graves desequilíbrios na economia. Isso já pode ser visto no mercado de trabalho muito incrementado, crescentes importações, e contínua alta de inflação nos itens não-comercializáveis (como os serviços, que geralmente não podem ser importados).

Mais importante do que esses efeitos de curto prazo, é que o "modelo Lula" para a economia brasileira está finalmente mostrando as suas limitações estruturais.

A política econômica de Lula pode ser facilmente descrita como "um pé no acelerador e um pé no freio", em outras palavras, muita facilidade fiscal, salarial e de política de crédito equilibrada por uma muito restrita política monetária para manter a inflação baixa. Esse "mix" foi politicamente bem sucedido, proporcionando um crescimento forte e inflação baixa (principalmente em um ambiente internacional favorável para o Brasil). Mas uma conseqüência natural da combinação dessas políticas é a valorização da moeda: desde 2009, a moeda brasileira valorizou mais de 40 por cento em termos reais.

Se as políticas atuais continuarem, o Brasil vai finalmente enfrentar um explosivo déficit em conta corrente e a destruição de sua capacidade de exportação de manufaturas - e do novo governo compreende isso.

Livre, temporariamente, do ciclo eleitoral podendo olhar para quatro anos adiante, esse novo governo já sinalizou como muda a política: corte de gastos e de crédito para aliviar a pressão sobre a demanda e reduzindo a absurdamente alta taxa de juros reais do Brasil, aliviando a pressão sobre a moeda brasileira.

A contenção orçamentária é o elemento chave de um novo "modelo" econômico para o Brasil, e apesar de que mudar a política fiscal é sempre lento e difícil, os incentivos para fazê-lo agora são grandes. Como Rousseff sabe, uma crise econômica é a única forma segura de perder o poder político.

JAPÃO SE DEFENDE DA CHINA

A continuada agressividade da política de exportação chinesa, em meio a uma crise que se mostra mais longa do que as expectativas anteriores anunciavam, começa a gerar reações.

Notável que a reação mais forte venha do Japão, tradicional parceiro chinês e mostra que o quadro do comércio internacional tende a se deteriorar, ou não, na direção de políticas de defesa de fronteiras, seja por questão da Balança ou por questões do parque industrial local. O atual movimento parece mais um "recado" no sentido de forçar a China a apreciar com mais vontade o Yuan, contudo terá seus desdobramentos.

De uma forma ou de outra as porteiras do protecionismo começam a ser articuladas. A se ver como a China manterá seu necessário, internamente, ritmo de crescimento num ambiente onde sua competitividade extrema poderá começar a encontrar barreiras.

A questão afeta diretamente nosso posição de primeiro vagão da locomotiva chinesa. 
O protecionismo, se ampliado, haverá de gerar reflexos diretos em nossas exportações com implicações para o desempenho da economia brasileira. 
Esse fator de risco aponta, mais uma vez, para a consolidação do mercado interno. O que envolve as promessas eleitorais de Dilma e lhe asseguram a possibilidade de um difícil caminho a ser percorrido. Sem os anos dourados.


“Segundo o jornal Yomiuri Shimbun, o governo japonês decidiu ontem (28) aumentar os impostos de importação para mais de 400 produtos chineses.
Conforme a notícia, o Japão tem mantido um sistema tarifário preferencial à China com o objetivo de auxiliar o desenvolvimento econômico de países em desenvolvimento. No entanto, como a China ultrapassou o Japão e se tornou a segunda maior economia mundial, o governo japonês decidiu abandonar a política por acreditar que a China não precisa mais de ajuda nessa área.
De acordo com o projeto, no futuro serão quase 450 itens importados da China, em contrapartida com apenas 13 no passado, que não gozarão do sistema tarifário preferencial. Os produtos incluem artigos de uso diário, vestuário e produtos agrícolas. O governo japonês planeja propor o projeto à Dieta do Japão, parlamento nacional, no início de 2011 e executá-lo a partir de 1º de abril.”

Demetrio Carneiro

BATTISTI RECEBE HOJE CONCESSÃO DE ASILO NO BRASIL

Naquilo que talvez seja o último ato importante de seu governo está previsto que Lula assine a concessão de asilo ao terrorista italiano Battisti.
A medida precisa ser olhada pelo que representa.

Deverá argumentar que não foi ele, mas os advogados do governo que decidiram o assunto, mas é bom que se estabeleça que decidiu com argumentos que humilham e ofendem o povo italiano e acabam por ofender a nós próprios, brasileiros, que abrigaremos um assassino disfarçado de democrata arrependido. O que é revoltante e mostra o desprezo evidente por nossas instituições.

Para evitar danos a si próprio espertamente assinará a concessão no último minuto de governo. Não é sinal de sapiência, mas de má fé, que também afeta a Dilma. Haverá reações e irão cair diretamente no colo dela, já desnudando que tipo de governo teremos adiante, a partir da justificativa para explicar a difícil situação diplomática em nos colocaremos.  Dirá o quê? Que não foi ela? Ou será apenas incorporado como parte da herança maldita de Lula?

Demetrio Carneiro

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A GOVERNANÇA MIDIÁTICA E O FIM DOS PARTIDOS DE MILITÂNCIA ATIVA

Se há algo que o projeto petista domina com vigor é a percepção do papel da mídia nas propostas de poder no Estado.

Não é nenhuma coincidência o governador eleito do DF, o petista Agnelo, haver criado uma “Secretaria da Publicidade”. Abmael Nunes Carvalho, o secretário, já foi Coordenador de comunicação do PT. É alguém de dentro da máquina, já que suas outras qualificações: Professor pós-graduado em Geoprocessamento ou Administrador Regional não são exatamente assuntos ligados ao ramo.

Já passou a época que publicidade era colocar placa e fazer comício. Hoje a política trabalha não com o fato concreto, mas com a percepção do eleitor. Não é tanto o que se faz, mas como o eleitor percebe o que é feito. Boa parte da explicação dos números de Lula vem daí e foi essa percepção que ele não conseguiu transferir para Dilma, embora tenha conquistado a eleição dela com base nos acordos fisiológicos.
O que Lula conseguiu produzir foi a percepção de que de alguma forma ele é o responsável pessoal por todos as coisas positivas de seu governo e que as negativas nunca existiram, foram fantasias da mídia. Esse último tema tem sido presença constante em 9 de 10 falas do quase ex-presidente.
A produção dessa percepção na se dá a custo zero e é depende de uma estratégia clara e muito bem delineada. São as questões que derrotaram Serra.

Esse fazer política não sobre o que é feito, embora seja claro que deve haver uma base real mínima de partida, mas sobre o que o eleitor percebe é um formato muito diferente da política tradicional e empresta à propaganda uma qualidade que antes era da militância: Formação de opinião. Nesse modelo a militância reflui ao seu papel mais tradicional de mobilização durante as eleições. Estamos viivendo os momentos agônicos dos partidos de militância ativa.

O novo estilo de governança prescinde de produção de política orgânica e resolve sua sustentação de poder na ampliação ao infinito da “rede” de repetidoras da leitura oficial. Daí a extrema importância na organização da blogosfera e da rede social governista que vai se somando aos veículos institucionais numa verdadeira invasão do espaço público.

É na raíz desse novo formato de prática política que está a irrefreável vontade e necessidade de controle da mídia institucional. A não institucional devem imaginar capaz de ser esmagada pelo peso da rede social governista.

De outro lado a necessidade de velocidade, capilaridade e recepção da mensagem reforçam o uso do discurso ideológico nos estilo pobres contra ricos etc. Fortíssimos elementos presentes em nossa cultura. Uso extremamente facilitado pela despolitização da política, a inexistência do debate de categorias e pela inabilidade da oposição em repolitizar a política e reintroduzir o debate de categorias.

Essa é uma questão para 2012 e que vai muito além das propostas meramente administrativas ou organizacionais.

Demetrio Carneiro

Lula coloca publicidade estatal em 8.094 veículos

Desde 2003, aumento é de 1.522% em rádio, TV, jornal, revista e blog atendidos. Neste ano eleitoral, 1.047 novos meios de comunicação passaram a receber recursos de publicidade federal.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

ANIVALDO MIRANDA: O OCEANO NÃO É UMA CLOACA

Abaixo um depoimento de Anivaldo Miranda. É um alerta, uma denúncia e um delicado puxão de orelha, no seu jeito sempre bem educado, para todos que considerem a questão ambiental como relevante. Além de ambientalista convicto Anivaldo é jornalista e tem grande experiência na área executiva do poder público. Não é um curioso e sabe do que fala.

Em recente texto, escrito para a Revista Política Democrática, n° 27, pag. 80, “uma nova invasão, uma nova exclusão”, Ele critica o uso excludente da faixa de litoral brasileira, basicamente destinado à especulação mobiliária, setor hoteleiros e similares, em detrimento das populações tradicionais, sem qualquer preocupação ambiental, criando bolsões de crescimento que acabam formando em seu entorno bolsões de miséria e pobreza com as populações desqualificadas tanto as tradicionais do local, como as atraídas pela esperança de um futuro melhor. Recentemente estive em Porto Seguro para uma palestra e o que se vê é um discurso demagógico sobre “qualificação” que não resiste aos fatos. Da mesma forma populações tradicionais como a dos pescadores ficam relegadas ao segundo plano, apesar do “Ministério das Pesca” e vão minguando, sem projeto concretos e, anote-se, plausíveis.
Nesse artigo Anivaldo trata de outro assunto ligado ao litoral, mas agora no sentido do uso das águas oceânicas como deposito de todo tipo de rejeito. Anote-se que o que ele denuncia para Alagoas vale para todo o resto do Brasil . 

Em nosso maior cartão postal, a cidade do Rio de Janeiro, a chegada ao Galeão é deprimente, com a vista do estado das águas da Baia de Guanabara. Isso lembrando que o programa de despoluição já tem 16 anos e já consumiu até agora cerca de R$1 bi, em meio a todo tipo de denúncias sobre desvio de verbas.

É evidente que as tarefas de construir um projeto de desenvolvimento para uma nação são complexas. Mas não se trata disso e sim do próprio modelo.
O atual modelo de desenvolvimento, auto-denominado “desenvolvimentista”, mas que pode tranquilamente ser chamado de “nacional-desenvolvimentista”, defendido com muito orgulho por Mercadante, na sua farsa de defesa de tese de doutorado na Unicamp, tem suas raízes numa época onde a questão da sustentabilidade ambiental do crescimento econômico não havia sido trazida para o centro do debate. Da mesma forma o desenvolvimento enquanto totalidade ou resultado da coesão social não eram elementos centrais dos conceitos constitutivos das estratégias de desenvolvimento.

O atual modelo nacional-desenvolvimentista ainda é, por princípio, de viés unicamente estatista e com um arco de alianças Estado/Sociedade Civil formulado basicamente dentro dos conceitos do Capitalismo de Estado. A visão de processo ainda está fortemente ligada ao crescimento industrial a qualquer custo, estimulado pelo gasto público, sem o debate de sua qualidade. Da mesma forma a coesão é vista como resultado do dado midiático e não da participação efetiva da cidadania.

Por todas estas limitações o atual modelo de desenvolvimento é incapaz de produzir algo mais do que já produza e é por isso que a luta mais importante a ser travada nos próximos anos vai estar entorno da mudança do modelo. 
 Pessoalmente tinha esperanças de que as eleições presidenciais de 2010 fossem o chão desse debate, mas parece faltou a compreensão da dimensão e da prioridade. A praticamente todos.

Demetrio Carneiro


Anivaldo Miranda

O Instituto do Meio Ambiente (IMA) vai solicitar da Companhia de Abastecimento de Água e Saneamento de Alagoas (CASAL) que apresente a documentação oficial que autoriza o lançamento, no mar, através do emissário submarino que é operado pela Companhia, do chorume produzido pelo recém inaugurado Aterro Sanitário de Maceió. A informação foi dada pelos representantes do órgão ambiental estadual na reunião plenária do Conselho Estadual de Proteção Ambiental (CEPRAM), realizada nesta última terça-feira, 21 de dezembro, no salão de reuniões do Palácio dos Martírios.
O IMA, atendendo a demanda reiterada no próprio CEPRAM pelo representante da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Márcio Barbosa, quer saber, ainda, e diretamente da empresa responsável pelo Aterro, como é que esse chorume está sendo recolhido, transportado e manipulado, qual a sua composição e em que condições está sendo lançado no oceano.
Como o IMA e o CEPRAM –leia-se a área ambiental do Estado– não tiveram acesso, conforme também anunciado na reunião, ao projeto final do polêmico Aterro Sanitário, uma vez que a Prefeitura de Maceió avançou o sinal e exorbitou de suas competências licenciando o equipamento abusivamente, nada se sabe, oficialmente, sobre os detalhes, as condicionantes e restrições da licença municipal quanto ao sistema de tratamento previsto para o chorume e os parâmetros para o efluente final resultante desse tratamento.
Uma coisa é certa: o tratamento do chorume é, seguramente, a parte mais complexa do licenciamento ambiental de equipamento da natureza de um aterro sanitário. Em segundo lugar, o entendimento técnico mais usual é de que esse tratamento seja feito, com máxima eficiência, no próprio local do aterro, conforme tecnologias comprovadamente apropriadas. Em terceiro lugar, quando de sua bombástica apresentação, as autoridades municipais garantiram, com a imodéstia que é característica da atual administração municipal, que esse tratamento seria o mais moderno do Brasil.
Como se vê a coisa não andou muito na direção da euforia com que o Aterro foi apresentado na propaganda oficial da Prefeitura, pois é inusitada a solução que está sendo utilizada para descarte de efluente tão poluente como é o caso do chorume, composto, entre outras coisas, de substâncias altamente nocivas à saúde pública como é o caso dos metais pesados.
Nas mãos do conselheiro Márcio Barbosa e outros membros do CEPRAM está uma documentação que a Prefeitura Municipal enviou. Porém, segundo comentários preliminares feitos durante a já referida reunião do CEPRAM, essa documentação não atenderia às principais indagações e preocupações suscitadas pelo conjunto de instituições que representam a população e o poder público no colegiado que tem como missão fiscalizar, licenciar e acompanhar as ações de maior impacto ambiental no Estado.
O oceano não é uma cloaca, apta a aceitar todo o tipo de efluente só porque suas águas têm altíssimo poder de diluição. Daí a existência de toda uma legislação e normas que regulamentam a matéria, inclusive aquelas que prevêem outorga para lançamento de efluentes em corpos hídricos. Descartar chorume no mar nunca foi uma boa idéia e, se ficar comprovado que se trata de chorume não tratado ou tratado sem o rigor demandado, aí o caldo, não só do chorume, digamos assim, poderá engrossar muito mais.

domingo, 26 de dezembro de 2010

DILMA E AS MULHERES NA POLÍTICA: UMA NOVA ERA?

Em recente fala o que sai(?), Lula, comentou seu orgulho em ser o primeiro presidente “operário”(?) a entregar a faixa presidencial a uma mulher.Certamente será mais uma coisa a registrar em cartório, ser repetida pelas próximas décadas e apresentada como troféu.

Dilma na presidência indica uma nova era para a questão de gênero? É certo que ela falou em cota para as mulheres em seu ministério, constituído em sua absoluta maioria por homens. É certo que o show dia primeiro terá diversas mulheres.

O fato é que para efeitos políticos Dilma poderá ser a “representante das mulheres no poder” e certamente os partidos da base saberão capitalizar para si a forte imagem. Mas também é certo que não estamos falando de auto-representação, mas sim mulheres falando o discurso   da política convencional. Com efeito, até aqui, Dilma é a vocalização de Lula. Isto anda muito longe de ser auto-representação.

Se nessa farsa haverá espaço para o crescimento dos projetos de auto-representação feminina autêntica só o futuro dirá, mas o que fica mais evidente é o formato da manipulação que se desenha no horizonte. Nessa arapuca cai quem quiser, mas é bom que as autenticas militantes da auto-representação feminina se preparem para o que virá.

Demetrio Carneiro

ALTERAÇÕES DA LEI DE BIOSSEGURANÇA: POLÍTICA E CAPITALISMO DE ESTADO

Há um Projeto de Lei, de autoria do líder do governo na Câmara Federal, Cândido Vacarezza, que busca alterar o conteúdo de artigos da Lei 11.105/2005, Lei de Biossegurança. Está em tramitação, mas acredito que acabará indo a voto apenas na próxima legislatura, na dependência de outros acertos, já que o deputado não foi reeleito.
Merece atenção, pois de certo ponto de vista é emblemático das relações que se estabelecem entre agentes políticos e grupos associados ao poder real.

Alterando os artigos 3º e 6º pretende autorizar o que estava proibido: “utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso”. Proibido em decorrência moratória aceita pelo Brasil, desde 1998, na Convenção sobre biodiversidade da ONU.

Alterando o artigo 40 pretende critérios não discriminatórios para a a declaração legal de conteúdo referente ao produtos geneticamente modificados:
“Percebe-se que a rotulagem tem sido utilizada como instrumento de contrapropaganda com relação aos OGMs e seus derivados. O uso indevido de métodos para desacreditar um produto que contém um OGM já previamente aprovado pela CTNBio induz o consumidor a equívoco sobre o produto, o que é vedado pelo Código de Defesa do Consumidor, já que este preconiza a informação clara, precisa e correta.” Justificação do PL.

O quadro é basicamente o seguinte:
O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de commodities agrícolas, com forte tendência a ser transformar no maior e, por esta condição, tem sido alvo de interesse das multinacionais da área de produção de sementes.

Atualmente o must da área são as sementes e não mais apenas defensivos ou fertilizantes. É onde se concentram boa parte dos milionários investimentos em pesquisas: Sementes modificadas. Entorno desse tema se travam os debates.
De um lado grupos ambientalistas e pesquisadores se postam de forma crítica e questionam a pressa de introduzir na natureza organismos modificados sem que se tenha uma clara noção do efeito em cadeia desses produtos na natureza ou mesmo na economia.
De outro as multinacionais e seus aliados falam da urgência de alimentar as populações famintas e da possibilidade de lucro dos agricultores.
“Entretanto, as técnicas de melhoramento convencional demandam longo tempo para a obtenção do produto desejado, e muitas vezes não se consegue atingir os objetivos propostos. Por meio da engenharia genética, pode-se obter esses cultivares de uma maneira mais rápida e segura para o consumidor.” Justificação do PL

São grupos extremamente poderosos e “em nome do progresso” algumas coisas vão passando.

Nesse meio tempo outras coisas vão mudando e, do lado do consumidor, já há fortes restrições ao uso humano de produtos oriundos de sementes modificadas, tanto no mercado externo, como no mercado interno.

Na questão da produção de sementes modificadas e no caso brasileiro, a Monsanto é virtualmente uma empresa monopolista e que utiliza práticas típicas de formação de monopólio através da produção de conhecimento científico novo e patenteamento.

Do lado das práticas monopolistas há um debate sobre o direito de retorno por conta do investimento feito em pesquisas. Não é muito diferente da prática dos grandes laboratórios que dominam o segmento de medicamentos e pesam nos orçamentos de todos os ministérios de saúde do planeta.

No caso específico uma das questões em pauta são as sementes híbridas. Sementes que não dão “filhotes.

“Dessa forma, o artigo 4º, ao revogar o inciso VII do artigo 6º da Lei N.º 11.105/05, retira a proibição da “utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso”.(Justificação do PL).

Contudo é bom mencionar que o deputado não se limitou a alterar ,favoravelmente à Monsanto, o Artigo 6°. Ele também altera e em profundidade, o conteúdo do Artigo 40 e, certamente, presta bons serviços à toda comunidade de empresas do ramo. Sua contribuição não se limita a melhorar o kaput do artigo 40.

Na Lei de Biossegurança:

Art. 40. Os alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM ou derivados deverão conter informação nesse sentido em seus rótulos, conforme regulamento.

Na proposta de Vacarezza:

“Art. 40. Os alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham o OGM ou derivados, seja qual for o limite, deverão conter informação nesse sentido em seus rótulos, conforme regulamento.

Parágrafo único. Fica expressamente vedada a adoção de qualquer
símbolo ou expressões na rotulagem dos alimentos que contenham OGMs ou derivados que possam induzir o consumidor a qualquer juízo de valor, positivo ou negativo, sobre o produto.”

Na Justificação do Projeto de Lei o deputado argumenta pela “necessidades de mudanças da Lei N.º 11.105/05, com objetivo de garantir a soberania tecnológica e a agilidade para a pesquisa em nosso país. As propostas de mudanças foram traduzidas no presente Projeto de Lei.”

Tudo em nome do progresso.
Talvez seja em nome dele que haja tantas dificuldades de se identificar com clareza os produtos que usam componentes geneticamente modificados. Afinal a “discriminação” é prejudicial aos negócios. Acredito que acabamos de descobrir uma nova forma de defesa das minorias.

Em nome do progresso também iremos romper com a moratória?
A principal linha de argumento da moratória foi conter nos países em desenvolvimento toda uma sistemática de construção de uma agricultura dependente de empresas do ramo.

“Além disso, é importante ressaltar que a grande maioria das áreas cultiváveis no mundo hoje são semeadas com variedades de sementes híbridas. Tecnicamente, híbridos são o cruzamento de duas variedades diferentes, resultando numa planta com traços de ambas variedades. Plantas híbridas geralmente são maiores e produzem sementes ou frutos maiores, ou têm alguma característica desejável não possuída por nenhum dos pais. Esta resposta, conhecida como vigor híbrido é uma de suas vantagens. Outra é a uniformidade genética: plantas de mesma altura, com grãos e frutos uniformes, com mesma época de maturação e colheita facilitando os tratos culturais. A grande desvantagem ecológica dos híbridos é que as sementes produzidas por estas plantas não podem ser replantadas pelo agricultor, porque a recombinação de genes no cruzamento não irá gerar plantas com o mesmo vigor e características desejáveis dos pais. Ou seja, a cada ano os agricultores são obrigados a comprar sementes híbridas das empresas produtoras de sementes, que não por acaso também dominam o mercado de agrotóxicos ou de fertilizantes.
Em culturas de tubérculos ou com outros mecanismos de reprodução assexuada como a batata e a banana, uma vez que um híbrido é produzido com um conjunto de características desejáveis, ele é, então propagado assexuadamente como um clone. Este método de propagar híbridos sem sementes apesar de amplamente usado, só pode ser desenvolvido por laboratórios especializados que vendem esta muda a um preço relativamente caro para a maioria dos produtores rurais dos países em desenvolvimento.
Seja qual for o meio de reproduzir as plantas gera-se, na agricultura convencional, um verdadeiro "círculo vicioso" de dependência econômica: os agricultores ao comprarem sementes ou mudas de plantas híbridas necessitam adquirir também todo um "pacote tecnológico" da indústria de insumos que inclui produtos como fertilizantes sintéticos e agrotóxicos para que as culturas expressem todo seu potencial.” Planeta Orgânico.

“Pelo risco que representa, no âmbito da Conversão sobre Biodiversidade Biológica, existe uma moratória internacional para que nenhum país plante essas sementes nem faça estufa em plantio experimental, muito menos, em plantio comercial. Esse projeto de lei pega o artigo da Lei de Biossegurança, que reforça a moratória na legislação nacional, e altera a redação justamente para permitir essa tecnologia”, explica o engenheiro agrônomo Gabriel Fernandes, da ONG Agricultura familiar e agroecologia (Aspta).” Congresso em foco.

Este é o quadro geral.

Foi a ampla repercussão na própria base aliada da matéria do Congresso em foco  que trouxe para o debate o papel do deputado na alteração da Lei de Biossegurança. 
Na verdade não se trata de questionar o direito de lobby da empresa. A relevância veio por conta das alterações favoráveis à Monsanto terem sido realizadas por um deputado do PT e líder do governo na Câmara. Certamente o simbolismo não passou desapercebido.

Explicitamente, embora a negação do deputado tenha alcançado rapidamente a rede governista, a matéria do Congresso em foco comprova uma ação a quatro mãos: Vacarezza e a advogada da Monsanto Patrícia Fukuma, na produção do Projeto de Lei:

"Na avaliação das entidades, a coautoria da advogada conselheira das multinacionais comprova os interesses da indústria de alimentos e de multinacional que detém patentes de transgenias na aprovação do projeto de Vaccarezza.  A advogada é conselheira do Conselho de Informação sobre Biotecnologia (CIB), que além da Monsanto, tem como associados multinacionais como a Basf, Bayer, Cargill, Dupont e Arborgen. 

Os indícios da participação da advogada na elaboração do projeto do líder do governo aparecem no arquivo da proposta que consta no site da Câmara. Na página do projeto, o arquivo em PDF do PL 5575/2009 tem como autora Patrícia Fukuma. O nome da advogada aparece nas propriedades do documento. Em arquivos de matérias legislativas, a Câmara não costuma identificar o autor do documento."
Congresso em foco.

Não é, de fato, um debate simples e algumas posições hostis às sementes modificadas podem facilmente ser confundidas como o fundamentalismo da Via Campesina. 
Não se trata de estar contra as inovações e seu papel no desenvolvimento, mas sim de atitudes prudenciais. 
No caso específico das sementes híbridas, como se citou, trata-se da criação de um mecanismo de dependência de toda uma cadeia de produção aos interesses comerciais de uma unica empresa, desconhecendo, ai sim, um importante papel do Estado na economia. No caso da rotulagem há uma nítida tentativa de vitimizar os segmentos que aderiram aos transgênicos.

É importante ressaltar que não se trata de uma ação isolada, mas do exemplo do processo de construção de um modelo de desenvolvimento fundado no Capitalismo de Estado cujo padrão é a aliança entre o Estado e as empresas monopolistas ou oligopolistas. Não se trata tanto de um juízo de valor, mas de expor as contradições entre o discurso e a prática concreta.
É muito semelhante ao debate econômico. O desenvolvimentismo que vê um crime no valor da taxa básica de juros não vê qualquer problema nas taxas bancárias e na política de estímulo aos oligopólios.

Agora é aguardar a próxima legislatura para acompanhar o desdobramento dessa situação. Certamente algum outro deputado ligado à base de governo dará sequência ao Projeto de Lei.

Demetrio Carneiro


sábado, 25 de dezembro de 2010

A HEGEMONIZAÇÃO PETISTA NA ACADEMIA

"Essa ideia de que o pesquisador tem que dissociar a paixão da racionalidade é uma visão superada pela neurociência", defendeu-se Mercadante, na saída.
18-12-2010 FSP

Alguma coisa errada em defender posturas ideológicas? Na verdade não. Se a banca, organizada formalmente e dentro de sua competência considerou a fala de defesa do projeto lulista como um argumento acadêmico válido é problema dela.
A ideologia desenvolvimentista que os une, os participantes da banca, inclusive o Bresser, parece que falou mais alto.
A não ser o que o fato de estarem frente a um futuro ministro (reparem que a matéria no site da universidade é datada de 17 de dezembro) tenha constrangido a banca...

O que está errado é utilizar dois pesos e duas medidas (leia aqui e aqui) num ambiente institucional onde a norma precisa ser clara, coletiva e objetiva.
Mercadante, além de ter mentido explicitamente quando afirmou, no passado que já era doutor, voltou para defender sua “tese” sem cumprir os pré-requisitos de quem se afastou do ambiente acadêmico por tantos anos.
É uma norma que, nesses casos, tudo recomece do começo. Novo processo de seleção, fazer as matérias todas etc.
Enfim, o título tem valor legal duvidoso e todos os que deviam saber já sabiam.
Triste é ter havido uma banca de acadêmicos que ignorou a questão.
Triste é o Departamento ter ignorado.
Triste é a universidade ter ignorado.
Triste é se a Capes ignorar.
Triste é se o Ministério da Educação ignorar.
O título terá que ser homologado. É meio ingênuo de minha parte, mas ainda dá tempo de evitar o vexame.

O que não dá para compreender é a razão de terem admitido se chegar onde se chegou. Havia saídas mais honrosas. A não ser que essa tenha sido mesmo a proposta.

Infelizmente, mais uma vez, a lógica petista se considera acima das instituições, atua fortemente para desmoralizá-las e encontra quem compactue com ela.

Mercadante estava na dele. Fez o único tipo de política de sabe fazer e será ungido ao Ministério de Ciências e Tecnologia, com enorme poder de dissuasão sobre a academia, para fazer o que sabe: Impor a hegemonia petista.

O episódio do doutorado dá a Mercadante um início de Ministério meio negro, mas parece que em termos de manchas negras ele não será o único na equipe ministerial.

Com pesar.

Demetrio Carneiro


sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

PRESENTE DE NATAL

Qual presente de natal posso oferecer aos meus leitores?

Posso prometer paz e prosperidade, mas só posso prometer que isso se obtém lutando e, então só posso prometer que aqui continuaremos insistindo num país melhor, mesmo que não queiram escutar ainda assim continuaremos.

Feliz Natal para todas e todos.
Sem sinos, neve ou Papai Noel porque o espírito tem que estar é em nós próprios. O ano inteiro e não apenas hoje.

Demetrio Carneiro

MINISTÉRIO DE DILMA JÁ APRESENTA SEUS PROBLEMAS: A VITÓRIA DA FSIOLOGIA TEM UM CUSTO PARA A DEMOCRACIA

A mídia já vai mapeando os problemas envolvendo alguns ministros que tomarão posse dia 1º, como no caso do futuro Ministro do Turismo.

Tem sentido. A vitória de Dilma não foi a vitória de Lula ou do PT. Foi a vitória da aliança com o centrão fisiológico. Embora Lula esteja se cobrindo com todas as glórias da eleição de Dilma o personagem real é quem está mais silencioso: Sarney. Ele tem sido o esteio de sustenção do atual projeto de poder.

Embora muitos acadêmicos e comentaristas mais sérios o refutem, o neo-coronelismo vai se consolidando e agora chega a seu ápice. É fato que o PT empolgou a maioria absoluta dos ministérios em detrimento mesmo de aliados fiéis como o PSB, mas também é fato que esses quadros petistas podem funcionar sem problemas em sintonia com o fisiologismo formando alianças substanciais, o que indica uma forte possibilidade de concentração política. Não tanto pela criação de um partido único, mas de uma fortíssima aliança fisiológica que certamente irá influenciar pesadamente as eleições municipais de 2012.

É esta possibilidade de influência que já deveria estar entrando nos radares que quem pretenda estar no universo da política, pois, ao contrário do que parece, as nossas eleições municipais não são eleições de segunda categoria, mas sim a plataforma sobre a qual se constrói o processo das eleições estaduais e federais. O que não é pouco num país de cultura executiva onde a Presidência da República está no topo da cadeia alimentar. O PMDB que o diga.

Demetrio Carneiro

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

ATENÇÃO: PARLAMENTARES CONCEDEM GENEROSO AUMENTO NO SALÁRIO MÍNIMO

Sua excelências parlamentres foram generosas e autorizaram hoje o aumento do salário-mínimo para R$540,00.
Ou seja, antes um trabalhador precisaria acumular os vencimentos de 52 meses, 4 anos e pouco, para igualar um mês de salário de suas Excelências. Agora precisará trabalhar apenas 49 meses. Nossos ilustrem representantes permitiram que o povo trabalhador ganhasse 3 meses todinhos para eles. Claro que é um espetacular ganho de qualidade de vida.
Que gente piedosa! E ainda tem gente que se trave a falar que eles não olham pelo povo.

Demetrio Carneiro

COMO SE ESPERAVA A FARRA COM RECURSOS PÚBLICOS SE AMPLIA

O governador eleito do DF, Agnelo Queirós(PT), acaba de anunciar que sancionará, em favor próprio, a lei aprovada pela Câmara Distrital, também em favor próprio, que lhe concede o generoso salário de pouco mais de R$26 mil. Parece que o futuro governador assimilou a famosa frase de Moreira Franco, em alta: “Meu nome é trabalho”. Portanto acha que merece isso e muito mais.

Demetrio Carneiro

DÚVIDAS SOBRE UM AJUSTE FISCAL EM 2011

As intervenções do Estado na economia foram mais intensas na crise, mas permaneceram após ela. Imagina-se que tenham permanecido por conta das eleições executando a lógica do ciclo político-eleitoral de gastos na fase pré-eleitoral. Com o novo governo imagina-se também a continuidade da lógica do ciclo: Conter a expansão fiscal.

Durante os últimos anos a fonte da expansão vinha dos sucessivos recordes de arrecadação, o que não parece ser a perspectiva mais correta para os próximos anos, portanto permanecer expandindo gastos parece não ser uma escolha, mas manter o mesmo ritmo de gastos também parece que não é. Existe uma clara contradição entre manter o ritmo de gastos públicos e o desempenho da economia, ela fica externada na ritmo inflacionário e na manutenção das taxas de juros reais.
A questão da taxa real de juros é uma forte marca no debate econômico é há evidente relação entre gastos públicos "além do necessário" para manter o ritmo econômico e seu custo refletido não apenas na pesada carga tributária, mas também na necessidade de manter os juros nominais em patamares mais altos para atrair recursos que financiem a dívida e sua rolagem. Não é problema apenas nosso. Agora mesmo a Espanha se vê na contingência de ter seus títulos pouco demandados pelo mercado por conta de uma taxa que se considera insuficiente.

Enfim, se juros reais mais baixos são tema do dia o corte no gasto público se torna assunto a ser evidenciado. Dilma uma hora prometeu cortes ou hora nem tanto. Supondo que ela busque os cortes de gastos, entre a pura vontade dela, a vontade que evidencia pelo pragmatismo que tem marcado todos esses anos de governo petista, e seu objeto de desejo estão as limitações do jogo que se jogou todos esses anos na área fiscal.

Embora não seja uma abordagem nova, e muito especialistas em finanças públicas já sinalizaram a dificuldade de cortes frente ao tipo de gasto que se realiza, texto abaixo, referenciado num resumo do Ex-Blog do César Maia e de autoria de Mansueto F. Almeida Júnior,  trás, de forma embasada, um interessante debate sobre os limites do corte de gasto tendo em vista todas as restrições e introduz a noção de "custeio restrito".

Interessante comentar que na exposição da LDO 2011 o Ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, comentava, num linha paralela de lógica, sobre a dificuldade de obter recursos orçamentários para investimento nas obras do PAC, com referência ao Orçamento Geral da União de 2011, por conta do "engessamento" das despesas públicas nas contas de pssoal, saúde, educação etc. É nessa fala que ele abre as portas para a possibilidade de aumento arrecadação via aumento da tributação nos próximos anos, por conta da necessidade de investimentos. Apenas anotem essa lógica para referência futura, pois esse é outro debate que vai render muito.

Demetrio Carneiro

A Difícil Tarefa de Cortar o Custeio

Vou direto ao ponto. O Brasil não tem como fazer um ajuste fiscal profundo em um ano. Por que? Simples. Nos últimos onze anos, mais de 70% do crescimento dos gastos não financeiros do governo federal vem de gastos sociais e INSS. Se acrescentarmos a essa conta o custeio especifico da saúde e educação, esse número vai para 85%. Com esse perfil, a única forma de fazer um ajuste fiscal é sendo mais parcimonioso ao longo dos anos, concedendo reajustes menores ao salario mínimo e controlando os aumentos dos funcionários públicos.

A possibilidade de redução drástica de custeio também não é possível. Vamos, por exemplo, ver o caso dos gastos com educação e saúde. Em 2009, excluindo os gastos com servidores inativos, o gasto total com as funções saúde e educação pelo governo federal foi, respectivamente, R$ 53,7 bilhões e R$ 34,1 bilhões. De acordo com a estrutura do gasto detalhada nas tabelas abaixo, 96% do gasto com saúde são gastos com custeio (84%) e pessoal (12%); e 89% dos gastos com educação são gastos de custeio (47%) e pessoal (42%). Não há como, no curto-prazo, os hospitais deixarem de comprar material cirúrgico ou pagar os leitos que o SUS utiliza nos hospitais privados. Assim, o potencial de ajuste nessas áreas é muito pequeno. E quanto essas contas representam do custeio?