terça-feira, 16 de outubro de 2012

CARGA FISCAL E CAPACIDADE DE COMPETIÇÃO

Por hipótese a soma de todas as demandas de uma sociedade moderna e urbana como a nossa sempre será muito maior do que a capacidade da sociedade gerar tributos. Há escolhas que devem ser feitas. Antes da ditadura a noção era de que o “progresso” traria automaticamente a qualidade de vida. Na ditadura a variante era a máxima do amigo de Lula, Delfim: só dividir depois de crescer. Agora a máxima foi recriada: dividir crescendo. 

Evidentemente algumas coisas como os mais de R$ 60 bi anuais que vão pelo ralo via diversos processos de apropriação privada de recursos – tributos – públicos deveriam ser considerados neste debate. 

Na questão das escolhas o problema está na escolha certa. Neste campo as respostas ideológicas não são as melhores. A não ser claro que se acredite, e muitos acreditam mesmo, que o Estado resolve tudo e resolve apesar da sociedade. 

Evidentemente um Estado que tributa no limite do tolerável só pode mesmo é “proteger” sua economia interna que certamente será nada competitiva frente às outras economias. Evidentemente essa economia “não-competitiva” haverá de ter um padrão de crescimento mais lento e sempre mais dependente de tributos. Evidentemente a mão do Estado está condicionada a atender primeiro os amigos da coalização e novos bilionários aparecerão. 

E a vida segue: mantemos níveis mínimos de bem estar e isso parece que resolve o voto. Os anos passados foram marcados por fortes transformações na área do consumo com o ingresso em massa de novos consumidores. Daqui para frente o impulso reduzirá muito e a economia para continuar desenvolvendo precisará de outros “motores”. É a hora de novas escolhas. 

DC 


Fonte: Portal do Instituto Millenium

Ricardo Galuppo[1]

Os cidadãos e as empresas brasileiras, como se sabe, carregam nas costas uma carga fiscal que alcança 36% do PIB e gera ineficiências de toda natureza. 

Por essa razão, conforme observou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, no debate realizado na sexta-feira passada, na cidade mexicana de Punta Mita, durante o 17º Meeting Internacional promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), se alguém pegar a indústria mais eficiente do mundo e instalá-la no Brasil com os mesmos empregados, o mesmo equipamento, instalações idênticas e mesma matéria prima “ela imediatamente perderá a liderança”. 

Por outro lado, o governador de Minas Gerais, Antônio Augusto Anastasia também lembrou que uma carga tributária do tamanho da mexicana (que está, dependendo da forma de cálculo empregada, entre 10% e 15% do PIB) inviabilizaria não só os programas sociais executados pelos poderes executivos no país como, na prática, impediria o custeio dos sistemas de saúde, educação e segurança – apenas para mencionar os três que são apontados como essenciais em qualquer discurso sobre o papel do Estado. 

A questão é encontrar o ponto de equilíbrio. 

A indústria do país poderia dar uma contribuição muito maior ao desenvolvimento 

Talvez também por essa razão, tanto o presidente da Promexico (a agência de desenvolvimento mexicana) Carlos Guzmann, quanto o coordenador de economia na campanha vitoriosa de Enrique Peña Nieto à presidência do país (e nome mais cotado para assumir o ministério da Fazenda local) Ildefonso Gallardo, dizem que seu país tem o que aprender com o Brasil. 

A atenção dos dois, a princípio, está mais voltada para a utilização do mercado interno como motor do desenvolvimento. A prova da fragilidade do mercado interno mexicano é que, de cada 10 automóveis produzidos nas montadoras locais, 7 são exportados para os Estados Unidos ou para outros países do mundo (inclusive o Brasil). 

Parte do modelo que tirou a economia local de uma crise que parecia ser eterna, a visão exportadora e a postura como centro de fornecimento de manufaturas para o vizinho poderoso já não bastam para garantir o desenvolvimento mexicano. 

A questão, naturalmente, é que, com um modelo fiscal como o que tem, o Brasil jamais poderá cumprir na totalidade o papel que o México vem exercendo com eficiência. 

A indústria do país, conforme foi debatido à exaustão em Punta Mita (e será discutido no artigo de amanhã) poderia dar uma contribuição muito maior ao desenvolvimento. No entanto, e pela segunda vez consecutiva, a contribuição da manufatura para o crescimento pífio previsto para este ano, será negativa. 

É para pensar. 



[1]Ricardo Galuppo é jornalista, foi editor das revistas "Veja" e "Exame", da Editora Abril, e diretor de redação da "Forbes Brasil". É diretor executivo, diretor de redação e jornalista responsável pelo jornal “Brasil Econômico”. Lançou os livros “Raça e amor, a saga do Clube Atlético Mineiro vista da arquibancada” (Dorea Books), “Aprendi com meu chefe” (Saraiva, 2008) e “O road show não pode parar - Desmutualização e Ipo da Bovespa” (Cultura). 

domingo, 14 de outubro de 2012

ALTERNATIVAS EM SANITIZAÇÃO: A TECNOLOGIA DE VASOS SECOS COMO UMA POSSÍVEL SOLUÇÃO PARA A QUESTÃO DAS MEGAESTRUTURAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO


Ninguém mais duvida do papel do saneamento básico na questão da qualidade de vida e da saúde pública e suas óbvias implicações na questão ambiental. Todo governo contemporâneo sempre têm por meta cobrir 100% de sua população em questões como esgotamento, disposição de resíduos sólidos,  água potável  e, finalmente, o controle das águas pluviais e inundações, questão que vai bem além das galerias pluviais. A dimensão da questão do aquecimento global dá especial foco para a este último assunto.

O governo brasileiro vem finalizando o Plansab – Plano Nacional de Saneamento básico[1],que deverá orientar as políticas públicas até o ano de 2030, num processo iniciado em 2008. Foi realizada uma consulta pública, encerrada em setembro passado [2 veja o resultado da consulta]. 

(Fonte: Portal Brasil)


As metas do Plansab são ambiciosas e envolvem valores de investimento na casa de R$ 420 bilhões, sendo 60% de aportes do governo federal e o restante dos governos estaduais, municipais e da iniciativa privada. Do total, os dois PAC, I e II, preveem aproximadamente R$ 85 bi até o ano de 2014[3]. Deste valor menos da metade- 40% - foi executado até o momento, o que caracteriza uma execução bem lenta. Mas supondo que executem todos os R$ 85 bi, ainda assim faltarão R$ 335 bi para serem executados em 16 anos, o que equivale 2/3 do custo do bolsa-família por ano, aproximadamente. A cobertura universal propriamente dita, segundo alguns especialistas, passaria da casa de R$ 1 tri e a área crítica está no esgotamento sanitário, 37% do investimento total, que envolve obras complexas, demoradas e seguramente as mais caras [4]. Sem contar que o esgotamento não é a obra preferida nas prefeituras. 

O portal voltado para a questão do meio ambiente da Universidade de Yale, Yale Environment 360, já havia tratado da questão da oferta de água numa dura critica à qualidade da avaliação de metas do PNUD, que merece se lida. Agora o portal vem como uma interessante matéria, How no-flush toilets can help make a healtier world ,justamente à propósito da questão do esgotamento sanitário, mas partindo da lógica de uma radical mudança de paradigma.

A matéria sugere uma reflexão por conta de questionar a escolha de construir sistemas convencionais de esgotamento sanitário. Após comentar a complexa situação do esgotamento sanitário na Índia, continua a matéria “ Um movimento ganha consistência no sentido de fazer algo sobre este que é o maior problema ambiental e de saúde pública no sul da Ásia e no mundo em desenvolvimento. A solução, dizem muitos especialistas, não é investir no estilo ocidental de vasos sanitário de fluxo de água e sistemas de esgotamento centralizados, mas em desenvolver alternativas de vasos sanitário e esgotamento descentralizados com tecnologias de tratamento de resíduos que usem menos água. Nesse campo a novidade mais recente foi a decisão da fundação Bill & Melinda Gates de investir U$ 40 milhões em um prêmio a financiamento de apoio a grupos que venham trabalhando em novas tecnologias”. 

O objetivo da Fundação Gates e de outras iniciativas internacionais e do sul da Ásia é desenvolver um prótóptipo de baixo custo que gaste pouca ou nenhuma água, consumindo um mínimo de energia, podendo transformar os dejetos humanos em resíduos utilizáveis sem a utilização de sistemas sépticos, protegendo assim os cursos de água, poços, evitando a contaminação do solo e a disseminação de doenças como o tifo, a hepatite e a disenteria que matam cerca de 1,5 milhão de crianças no mundo a cada ano. 

As novas tecnologias são dramaticamente diferentes dos sistemas convencionais. O primeiro prêmio da Fundação Gates foi para o cientista ambiental professor Michael R. Hoffmann do CalTech cuja equipe desenvolveu um vaso que utiliza a luz solar para transformar os dejetos humanos em fertilizante e hidrogênio. O hidrogênio da reação elétricoquímica como pode utilizado como fonte de energia e a água pode ser reutilizada, depois de tratada, para irrigação. O cientista disse que a validade da tecnologia já havia sido comprovada na década de 1.990 nos estudos para a Estação Espacial Internacional. O segundo prêmio foi para um vaso que transforma os dejetos em um carvão biológico, minerais e água limpa. O terceiro vencedor desenvolveu um método que trata separadamente fezes e urina, usando areia para filtrar a urina; as fezes são secas dentro do vaso e podem ser utilizadas como fertilizante.




Esquema do vaso que utiliza luz solar


No sul da Ásia empreendedores com visão de futuro e engenheiros começaram importantes projetos piloto, igualmente antigas adaptações combinam a tecnologia de vasos sanitários ecológicos com recipientes de água das chuvas, coletores duplos e compostagem. A Eran Scientific Solution, empresa do estado de Kerala, na Índia, recebeu apoio da Fundação Gates na segunda etapa de premiação para desenvolver um modelo de vaso baseado no uso de bactérias anaeróbicas para digerir os dejetos humanos. A e-toillet é um compartimento colorido que pode estar nas ruas das cidades. Foi testada em 300 cidades de Kerala, um estado onde a população tem alto nível educacional. A empresa planeja vender seu produto nos países em desenvolvimento, mas um modelo operado à base de moedas, auto-sanitizado, pode ser viável em países desenvolvidos e pode ser conectado a um sistema de monitoramento para facilitar sua localização por usuários potenciais. A empresa também trabalha num sistema descentralizado capaz de atender mais de 25 famílias.

                                                           E-toillet

                 

Contudo, nas palavras de Eklavya Prasad, diretor de uma coalização de grupos populares voltados para a questão da sanitização, não se trata apenas de opções tecnológicas é preciso ter em conta hábitos e cultura das populações locais, do contrário toda pesquisa será inútil. 

Nitya Jacob, especialista em água e sanitização do Center for Science and Environment, Nova Deli, argumenta que esses novos sistemas têm potenciam para colocar fora de uso os sistemas de esgotamento tradicional “eliminando a corrupção e a burocracia que anda junto com eles”. Contudo comenta que o maior obstáculo será convencer planejadores e promotores do desenvolvimento a ter em vista algo que desafia o conceito tradicional de vasos sanitários ligados a sistemas de esgotamento. 

Como se vê a material do Yale Environment 360 toca no nervo de questões complexas como hábitos culturais e bilhões de reais em recursos que nem sempre chegam a seu destino. Talvez isso já justifique alguma reflexão. 

DC 



Notas:


[1] 
Lei 11.445/2007 e Dec. 7.127/2010

[2

[3] 
PAC I – 2007/2011 : R$ 40 bi. PAC II – 2012/2014: R$ 45 bi. De concreto segundo o Ministério das Cidades são R$ 49 bi em contratos já firmados. 
Portal da Câmara dos Deputados

[4] 
Ele (Leodegar Tiscoski - Secretário Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades) informou que o histórico do investimento em esgoto é o pior de todos. “As companhias estaduais e municipais investiram muito em água. Investir em esgoto significa praticamente aplicar o dobro do que é investido em água per capita”, comparou. Atualmente, disse, menos de 50% da cobertura do esgoto está devidamente coletada e tratada, e há um percentual expressivo de esgoto coletado, mas não tratado. “De pouco adianta coletar e não tratar, por isso é que os investimentos prioritários têm sido em esgoto”, afirmou. 
“Execução de Obras de Saneamento do PAC está lenta, admite Secretário”.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A RESPONSABILIZAÇÃO COMO UMA QUESTÃO DE DEMOCRACIA

A matéria do FT [1] trás uma contribuição importante ao evidenciar o uso do princípio de responsabilização dos agentes políticos principais e seu reflexo no amadurecimento da democracia brasileira. 

Na realidade o que está em jogo é se, no limite, as instituições atuais da democracia brasileira são capazes ou não para garantir o funcionamento de uma República nos moldes previstos pela Constituição Federal de 1988. Não esquecendo que todo o projeto petista era (ainda é, e não é apenas do PT, bom não esquecer) a determinação do poder executivo sobre os demais poderes. 

O processo manipulatório a partir do poder executivo tem seu “controle” na possibilidade da responsabilização do agente político principal. É essa questão que envolve o debate da condenação de Dirceu e da ausência de Lula no banco dos réus. Tanto mais eficiente será o accountability quanto mais alto a responsabilização chegar. 

A questão será se o accountability, inclusive a participação ativa do controle da sociedade, até por que o controle social falhou (os vacilos da instituição Congresso Nacional mostram isso. Está o fim premeditadamente inconclusivo da CPI do Cachoeira), vira norma e a punição dos principais vira regra ou se anda permaneceremos no terreno turvo da punição apenas dos “inimigos”. 

DC 

[1]Condenação de petistas mostra que Brasil quer responsabilização de políticos, 'Financial Times' afirma que instituições democráticas brasileiras estão amadurecendo agora.

domingo, 7 de outubro de 2012

FRAUDE: DOCUMENTÁRIO COM UMA LEITURA ALTERNATIVA PARA A CRISE ECONÔMICA

O portal do Instituto Ludwig Von Mises do Brasil está divulgando um documentário, abaixo, com uma leitura alternativa sobre a atual crise. Certamente não será o que muitos esperam: mais uma crítica "demolidora" contra o capitalismo e o regime de mercado; mais uma crítica que não aponta absolutamente nenhuma saída a não ser aquela das generalidades mais óbvias e que não nos levarão a lugar algum.

Ao contrário da leitura dominante o que há aqui é o contraponto que mostra o quanto o "herói" do momento, o Estado e seus agentes políticos, têm a haver com tudo o que vem acontecendo e provavelmente ainda irá acontecer.

Desde o primeiro momento a leitura estatizante emprestou ao arremedo de keynesianismo que é a total liberalidade fiscal a principal responsabilidade para "resolver" a crise. Montanhas, antes inimagináveis, de dólares e euros depois a crise permanece. O governo americano nos promete mais ainda. Só que agora num aporte praticamente ilimitado baseado no "enquanto for necessário". 

Aqui e agora o "mercado" é o culpado de tudo. Sendo o capitalismo um "regime de mercado" ele também é o culpado acessório. Como a banca é beneficiada,  a banca é adicionada ao mercado e ao capitalismo, como se a banca não fosse ela mesma resultado da ação regulatória do próprio Estado e da complacência de seus agentes políticos.

Com nossa absoluta tradição estatizante, que permeia mentes e corações, não será um vídeo fácil de se ver e muitas nucas ficarão muito arrepiadas. Mas fazer o quê? A leitura equivocada da crise, a propostas equivocada de suas soluções só estão trazendo mais crise. Está na hora d outras leituras.  É preciso ter ouvidos para escutar.

DC

sábado, 6 de outubro de 2012

ISRAEL ABATE EM SEU ESPAÇO AÉREO DRONE DE ORIGEM DESCONHECIDA: MAIS TENSÃO NO ORIENTE MÉDIO

A situação no Oriente médio nunca deixa de ser tensa, mas agora começa a acumular elementos de maior volatilidade. 

Não bastasse o conflito entre Síria e Turquia agora chega a informação de que Israel acaba de abater um drone (nave não pilotada) de origem desconhecida. Zero Hedge comenta que o drone aparece pouco depois dos iranianos haverem abatido um drone americano, que misteriosamente permaneceu intacto, e foi utilizado como modelo para a construção do dispositivo iraniano.

DC

A CENTRALIZAÇÃO DO EXECUTIVO E O "LOCAL"


O conceito de “local” trás embutido o conceito de “diverso”. Nele se assume que A por ser diferente de B pode ter outro caminho que se reflete em outras políticas públicas ou outra dosagem, pelo menos.

O Executivo Central não está satisfeito em reter os recursos. Ele quer decidir o que será feito com eles. É o contrário da República Federativa.

Claro que prefeituras despreparadas, 100% dependentes de recursos controlados de fora, mesmo que gerados no âmbito municipal, são um prato feito para um executivo central hegemonizante.

É este movimento de hegemonização é o canal por onde opera a correia de transmissão política de dominação e subordinação da base municipal. É este canal que é apropriado/parasitado pela rede patrimonialista[1] que funciona em paralelo e está entranhada nos três níveis federativos . Centralização executiva, hegemonização e patrimonialismo andam na mesma direção e vivem os mesmo interesses no Brasil contemporâneo.

É onde tudo começa e onde tudo precisará acabar se pretendermos mesmo uma República Democrática. Claro que isto nos remete ao problema do parlamentarismo como única saída para romper ao mesmo tempo com o centralismo executivo e seu parasita, o patrimonialismo. O que certamente deixa muita gente de cabelo arrepiado.

Nota: Ai está o motivo pelo qual punir pessoas não irá reduzir a corrupção a níveis “civilizados”. Poderá reprimir por um tempo ações mais ousadas, mas não vai evitar que políticas públicas sejam apropriadas privadamente em escala que faça a ação estatal ineficiente se olharmos para o total da apropriação dos recursos da sociedade.

[1] É preciso ter claro que a rede não depende da consciência de si mesma para ser "rede". Quer dizer não é preciso que cada pessoa individualmente seja consciente de que faz parte de um processo mais amplo e mais complexo.

DC


Novos prefeitos terão de lidar com escassez de recursos
João Villaverde e Iuri Dantas, Estadão.com.br

Os prefeitos eleitos na atual campanha tomarão posse em janeiro com um "programa de governo" elaborado pela presidente Dilma Rousseff. Caberá aos gestores municipais conduzir mais de 200 programas da União, função que exige cada vez mais esforço e mais dinheiro. Ao mesmo tempo, num cenário de crise financeira mundial, as medidas de estímulo à economia adotadas em Brasília drenam recursos que normalmente irrigariam os cofres municipais.

Diante desse cenário, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que representa prefeituras de todo o País, vem confrontando o governo federal, em busca de mais recursos e menos obrigações. A equipe presidencial diz que a situação financeira não é tão ruim assim e que os programas federais servem de "norte" para os futuros gestores.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

É POSSÍVEL TER ENERGIA VERDE SEM AMBIENTE DE INVESTIMENTOS?

A percepção do intervencionismo estatal brasileiro estava presente na matéria do FT sobre Dilma.

O pensamento estatizante é centrado em seu próprio umbigo e sempre é muito espaçoso. O ambiente institucional para investimentos não é o mesmo e a intenção de intervir nos preços públicos da energia criaram insegurança que repercute nos planos de investimentos das empresas, conforme já havíamos previsto.

O Valor Econômico informa que a CPFL Renováveis [1] cancelou oferta publica inicial de ações  (IPO) em virtude da crise econômica global e..."Embora a medida (governamental) não gere impactos relevantes sobre os ativos da CPFL Renováveis, as perdas percebidas recentemente pelos investidores com as ações do setor e as incertezas dos agentes sobre os efeitos diretos e indiretos das medidas criaram um cenário de insegurança", explica o presidente da companhia, Miguel Normando Abdalla Saad, em nota.

Um ambiente inseguro para investimentos, não é por ai que as coisas irão acontecer. Deveríamos estar dentro de outra lógica completamente diferente. Não tem classe média emergente que resolva isto...

[1] A companhia conta atualmente com 1.133 MW em operação, sendo 307 MW em Pequenas Centrais Hidrelétricas e 556 MW em parques eólicos

Demetrio Carneiro

PODERIA SER UMA PIADA, MAS NÃO É. SEM LUZ E SEM TELEFONE




O que ocorreu com Dilma esta tarde é emblemático da qualidade dos serviços públicos brasileiros e da qualidade do serviço prestado pelas "agências" de controle.

Sem luz na capital do país a presidente não conseguiu reclamar: também não tinha linha... 

Demetrio Carneiro
Dilma tenta cobrar explicações para queda de energia, mas ligação cai

DILMA JOGA PARA A PLATÉIA E BATE FORTE NO SISTEMA FINANCEIRO

Dilma joga o jogo e repete seu mestre: ao invés de usar todo o seu imenso poder para colaborar na estruturação de uma oferta de crédito mais democrática, desconcentrando o mercado que Lula ajudou demais a concentrar, prefere posar de heroína da classe média, endividada no cheque especial ou no cartão de crédito. Endividada aliás sob os auspícios públicos. Com certeza dá mais votos, mas não muda nada. O que muda é "concorrência".

Um exemplo da contradição do discurso governista é o belo trabalho feito por Geraldo Magela, todo poderoso petista do DF, nas desconstrução e aparelhamento do projeto do Banco do Povo.

Detalhe: taxas nominais mais baixas nunca serão americamente baixas ou européiamente baixas pelas simples presença a inflação brasileira que anda muito longe da inflação dos steites ou da Europa. A escolha pela inflação tem seu ônus...

Demetrio Carneiro

Dilma bate forte no sistema financeiro

GOVERNO APOSTA NO 4º TRIMESTRE: VAI FUNCIONAR?



As apostas agora são para o último trimestre do ano: o período do natal finalmente faria o crescimento retomar seu caminho natural dos 4% ao ano. A matéria da Folha mostra que pode não ser bem assim. Atente em especial para o gráfico de intenção de compra. Não há destino manifesto em política econômica e o Estado não controla todos os resultados de suas políticas, por mais que pretenda.
Demetrio Carneiro


Leia mais: Redução do IPI antecipa compras e pode esfriar Natal

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O BRASIL VISTO DE FORA ATRAVÉS DE DILMA: A MATÉRIA DO FT



No Brasil controle exercido pelo presidencialismo é absoluto. Estamos muito longe de uma República Federativa. Todos sabem disso e Dilma especificamente deixa claro  todo momento.  Vivemos uma democracia de maiorias fundada na zona de conforto imediato de um amplo segmento do eleitorado nada disposto a arriscar as conquistas dos anos recentes. Esta é outra questão que todos sabem, também...

O viés autoritário/estatizante somado ao poder de quem assina  as faturas dá ao Executivo Central capacidades importantes na relação com o seu suposto “controlador” o Congresso Nacional. A lição de Collor ensinou que é preciso manter o Congresso no cabresto curto. E é assim que se faz: a gestão do parlamento pela via das MPs. O Congresso pode tudo, desde que não perturbe a trajetória já decidida pela presidência.

Esse quadro torna uma matéria, com base em depoimentos, sobre Dilma importante sinalizadora do sentido e da velocidade das coisas no Brasil. Olhando para Dilma o FT ( a matéria foi parcialmente repercutida pelaVeja e agora está na edição em português do FT, lançada hoje) vê o Brasil nos seus próximos momentos e não vacila em criticar a falta de alternativas à limitada proposta de promoção da dita “classe média emergente”. Limitada proposta por não lidar com os entraves institucionais e estruturais.

Dilma parece imaginar que a simples existência de um amplo mercado emergente de consumo resolve todas as coisas. No fundo é uma proposta totalmente liberal ao inverso...Para os liberais é deixar o mercado livre para agir que tudo acontece per si. Para Dilma a presença dessa imensa massa de consumidores, desde que mantido seu poder de compra, per si trará outras mudanças. Cabe ao Estado intervir contra qualquer que pareça o obstáculo a esse “caminho natural”. A questão está no que se considera obstáculo. Para Dilma são todos os que estão aqui e agora. O futuro pertence ao futuro.

Provavelmente pensando nas travas estruturais e institucionais o Tony comenta na mesma matéria que Dilma pode escolher entre crescer a mais de 3%, com inflação alta ou crescer abaixo de 3%, com uma inflação moderada: "Tony Volpon, economista da Nomura, em Nova York, afirma que a taxa potencial de crescimento do Brasil - a velocidade em que o pais pode se expandir sem gerar inflação alta - caiu de 4 por cento na última década, para mais perto de 3 por cento. Isso porque o crescimento na última década foi, em parte, o resultado da entrada de novos trabalhadores na força de trabalho formal de pessoas que se juntam a força de trabalho formal. Hoje, com o desemprego relativamente baixo, a vantagem desapareceu.

A matéria reconhece mudanças positivas, mas é sintomática de um momento em que os investidores vão ficando arrepiados com as atitudes intervencionistas e ao mesmo tempo atentos para os problemas fiscais que vão se anunciando no horizonte. Já vai se firmando a noção de que o baixo crescimento vai resultar em queda efetiva da tributação, que somada às desonerações provavelmente colocarão a poupança pública abaixo do previsto no superávit primário. Fora de dúvida haverá reflexos não apenas no pé no freio dos investimentos, mas também nos custos da rolagem da dívida. Talvez por não poder responder com muito mais gastos Dilma tenha se irritado com a generosidade fiscal americana.

Demetrio Carneiro

terça-feira, 2 de outubro de 2012

ESCOLHAS ENTRE SER EQUILIBRISTA E SER ESTADISTA

Em artigo publicado no jornal carioca O Globo, "Dilma erra" o senador (PDT/DF) Cristovam Buarque faz uma interessante comparação entre o ser "equilibrista na crise econômica do presente" e o ser "estadista para fazer o Brasil estar em sintonia com a economia do futuro", seguindo a lógica equilibrista "pouco ou nada tem sido feito para transformar o Brasil numa nação inovadora". Comenta o senador ainda "ela erra como estadista por não estar acenando e liderando o país para uma inflexão histórica no longo prazo: transformar o Brasil numa sociedade moderna e com competividade científica e tecnológica com um modelo de crescimento estruturalmente distributivo e em equilíbrio com o meio ambiente".

Claro que num pequeno texto não dá para colocar tudo, mas o senador se poupa de comentar que o motivo da escolha de ser "equilibrista" a não "estadista" está na lógica de poder voltada para os resultados imediatos e uma plataforma de poder apoiada no crescimento real da renda do que chamam de "classe média emergente". Enquanto render votos este modelo político-econômico permanecerá imutável. 

Outra questão do discurso do senador não esclarecida é que não havendo chande alguma de distribuir renda por decreto presidencial, a única possibilidade está em fazer funcionar os mecanismos que de fato interveem na distribuição de renda: formação de Capital Humano. quesito, entre outros, onde somos especialmente ruins e talvez venhamos a ficar piores conforme o bônus demográfico for se confirmando.

Para finalizar: concordamos que "a qualquer momento, se um vento do norte balançar a corda, o equilíbrio se desfaz...". Contudo deixamos como sugestão que o senador avalie em seu próximo artigo o fato de a China, que não é do "norte", está se tornando, historicamente, ao mesmo tempo nossa principal importadora e nossa principal exportadora. Isto certamente tem riscos potencial não para desequilibrar, embora até possa, mas para criar a mesma relação de dependência que já vivemos com portugueses, ingleses e americanos. A posição geográfica em relação os polos não fará muita diferença. Aliás nesse quadro é até interessante acompanhar o debate entre os governos brasileiros e americano quanto à questão do protecionismo brasileiro. Até por serem os americanos atualmente os nossos maiores importadores...

Demetrio Carneiro

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

NOTAS SOBRE A INDÚSTRIA DE PRODUÇÃO DE ENERGIA EÓLICA EM ALTAS ALTITUDES


1 - Lendo o artigo de Levitan,postado ontem, dá para perceber por que o Centro, países desenvolvidos,  é o Centro. 
Lá o Google investe milhões de dólares em setores com alto risco de retorno, mas muito promissores. Aqui o BNDES financia Eike Batista com juros subsidiados para comprar carvão vegetal na Bolívia com a finalidade de tocar a tecnologia superada das termoelétricas movidas a carvão...
O Estilo de Crescimento pela via do atalho oportuniza a tecnologia já desenvolvida . Pode parecer vantagem e efetivamente até é mesmo, mas só é vantagem se e economia de meios de investigação e pesquisa puder ser utilizada para alavancar outros setores estruturantes e dinâmicos, do contrário sempre teremos mais da mesma dependência que nos deixa na semi-periferia, ou como eternos emergentes para coisa alguma, na direção inversa da sociedade do conhecimento.

2 - Também é importante constatar a diversidade de projetos. É certo que o ambiente estimula oportunidades de negócio e este estímulo é que abre caminho para a diversidade de propostas.

3 - A matéria trata de tecnologias mais adaptadas para a geração de energia ambientada dentro de redes de distribuição, as Fazendas de Vento ou Parques Eólicos, e outras tecnologias mais adaptadas para uso fora da rede.
O intenso processo de urbanização que ora ocorre no Brasil pode ser importante na geração de economia em escala para o transporte e distribuição de energia, mas certamente deve gerar deseconomias para fazer chegar energia às regiões menos adensadas ou fora dos eixos principais.  Podemos olhar para essas tecnologias como potenciais geradoras autônomas de energia que dispensem a conexão à rede geral de distribuição.

Demetrio Carneiro