terça-feira, 16 de outubro de 2012

CARGA FISCAL E CAPACIDADE DE COMPETIÇÃO

Por hipótese a soma de todas as demandas de uma sociedade moderna e urbana como a nossa sempre será muito maior do que a capacidade da sociedade gerar tributos. Há escolhas que devem ser feitas. Antes da ditadura a noção era de que o “progresso” traria automaticamente a qualidade de vida. Na ditadura a variante era a máxima do amigo de Lula, Delfim: só dividir depois de crescer. Agora a máxima foi recriada: dividir crescendo. 

Evidentemente algumas coisas como os mais de R$ 60 bi anuais que vão pelo ralo via diversos processos de apropriação privada de recursos – tributos – públicos deveriam ser considerados neste debate. 

Na questão das escolhas o problema está na escolha certa. Neste campo as respostas ideológicas não são as melhores. A não ser claro que se acredite, e muitos acreditam mesmo, que o Estado resolve tudo e resolve apesar da sociedade. 

Evidentemente um Estado que tributa no limite do tolerável só pode mesmo é “proteger” sua economia interna que certamente será nada competitiva frente às outras economias. Evidentemente essa economia “não-competitiva” haverá de ter um padrão de crescimento mais lento e sempre mais dependente de tributos. Evidentemente a mão do Estado está condicionada a atender primeiro os amigos da coalização e novos bilionários aparecerão. 

E a vida segue: mantemos níveis mínimos de bem estar e isso parece que resolve o voto. Os anos passados foram marcados por fortes transformações na área do consumo com o ingresso em massa de novos consumidores. Daqui para frente o impulso reduzirá muito e a economia para continuar desenvolvendo precisará de outros “motores”. É a hora de novas escolhas. 

DC 


Fonte: Portal do Instituto Millenium

Ricardo Galuppo[1]

Os cidadãos e as empresas brasileiras, como se sabe, carregam nas costas uma carga fiscal que alcança 36% do PIB e gera ineficiências de toda natureza. 

Por essa razão, conforme observou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, no debate realizado na sexta-feira passada, na cidade mexicana de Punta Mita, durante o 17º Meeting Internacional promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), se alguém pegar a indústria mais eficiente do mundo e instalá-la no Brasil com os mesmos empregados, o mesmo equipamento, instalações idênticas e mesma matéria prima “ela imediatamente perderá a liderança”. 

Por outro lado, o governador de Minas Gerais, Antônio Augusto Anastasia também lembrou que uma carga tributária do tamanho da mexicana (que está, dependendo da forma de cálculo empregada, entre 10% e 15% do PIB) inviabilizaria não só os programas sociais executados pelos poderes executivos no país como, na prática, impediria o custeio dos sistemas de saúde, educação e segurança – apenas para mencionar os três que são apontados como essenciais em qualquer discurso sobre o papel do Estado. 

A questão é encontrar o ponto de equilíbrio. 

A indústria do país poderia dar uma contribuição muito maior ao desenvolvimento 

Talvez também por essa razão, tanto o presidente da Promexico (a agência de desenvolvimento mexicana) Carlos Guzmann, quanto o coordenador de economia na campanha vitoriosa de Enrique Peña Nieto à presidência do país (e nome mais cotado para assumir o ministério da Fazenda local) Ildefonso Gallardo, dizem que seu país tem o que aprender com o Brasil. 

A atenção dos dois, a princípio, está mais voltada para a utilização do mercado interno como motor do desenvolvimento. A prova da fragilidade do mercado interno mexicano é que, de cada 10 automóveis produzidos nas montadoras locais, 7 são exportados para os Estados Unidos ou para outros países do mundo (inclusive o Brasil). 

Parte do modelo que tirou a economia local de uma crise que parecia ser eterna, a visão exportadora e a postura como centro de fornecimento de manufaturas para o vizinho poderoso já não bastam para garantir o desenvolvimento mexicano. 

A questão, naturalmente, é que, com um modelo fiscal como o que tem, o Brasil jamais poderá cumprir na totalidade o papel que o México vem exercendo com eficiência. 

A indústria do país, conforme foi debatido à exaustão em Punta Mita (e será discutido no artigo de amanhã) poderia dar uma contribuição muito maior ao desenvolvimento. No entanto, e pela segunda vez consecutiva, a contribuição da manufatura para o crescimento pífio previsto para este ano, será negativa. 

É para pensar. 



[1]Ricardo Galuppo é jornalista, foi editor das revistas "Veja" e "Exame", da Editora Abril, e diretor de redação da "Forbes Brasil". É diretor executivo, diretor de redação e jornalista responsável pelo jornal “Brasil Econômico”. Lançou os livros “Raça e amor, a saga do Clube Atlético Mineiro vista da arquibancada” (Dorea Books), “Aprendi com meu chefe” (Saraiva, 2008) e “O road show não pode parar - Desmutualização e Ipo da Bovespa” (Cultura). 

domingo, 14 de outubro de 2012

ALTERNATIVAS EM SANITIZAÇÃO: A TECNOLOGIA DE VASOS SECOS COMO UMA POSSÍVEL SOLUÇÃO PARA A QUESTÃO DAS MEGAESTRUTURAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO


Ninguém mais duvida do papel do saneamento básico na questão da qualidade de vida e da saúde pública e suas óbvias implicações na questão ambiental. Todo governo contemporâneo sempre têm por meta cobrir 100% de sua população em questões como esgotamento, disposição de resíduos sólidos,  água potável  e, finalmente, o controle das águas pluviais e inundações, questão que vai bem além das galerias pluviais. A dimensão da questão do aquecimento global dá especial foco para a este último assunto.

O governo brasileiro vem finalizando o Plansab – Plano Nacional de Saneamento básico[1],que deverá orientar as políticas públicas até o ano de 2030, num processo iniciado em 2008. Foi realizada uma consulta pública, encerrada em setembro passado [2 veja o resultado da consulta]. 

(Fonte: Portal Brasil)


As metas do Plansab são ambiciosas e envolvem valores de investimento na casa de R$ 420 bilhões, sendo 60% de aportes do governo federal e o restante dos governos estaduais, municipais e da iniciativa privada. Do total, os dois PAC, I e II, preveem aproximadamente R$ 85 bi até o ano de 2014[3]. Deste valor menos da metade- 40% - foi executado até o momento, o que caracteriza uma execução bem lenta. Mas supondo que executem todos os R$ 85 bi, ainda assim faltarão R$ 335 bi para serem executados em 16 anos, o que equivale 2/3 do custo do bolsa-família por ano, aproximadamente. A cobertura universal propriamente dita, segundo alguns especialistas, passaria da casa de R$ 1 tri e a área crítica está no esgotamento sanitário, 37% do investimento total, que envolve obras complexas, demoradas e seguramente as mais caras [4]. Sem contar que o esgotamento não é a obra preferida nas prefeituras. 

O portal voltado para a questão do meio ambiente da Universidade de Yale, Yale Environment 360, já havia tratado da questão da oferta de água numa dura critica à qualidade da avaliação de metas do PNUD, que merece se lida. Agora o portal vem como uma interessante matéria, How no-flush toilets can help make a healtier world ,justamente à propósito da questão do esgotamento sanitário, mas partindo da lógica de uma radical mudança de paradigma.

A matéria sugere uma reflexão por conta de questionar a escolha de construir sistemas convencionais de esgotamento sanitário. Após comentar a complexa situação do esgotamento sanitário na Índia, continua a matéria “ Um movimento ganha consistência no sentido de fazer algo sobre este que é o maior problema ambiental e de saúde pública no sul da Ásia e no mundo em desenvolvimento. A solução, dizem muitos especialistas, não é investir no estilo ocidental de vasos sanitário de fluxo de água e sistemas de esgotamento centralizados, mas em desenvolver alternativas de vasos sanitário e esgotamento descentralizados com tecnologias de tratamento de resíduos que usem menos água. Nesse campo a novidade mais recente foi a decisão da fundação Bill & Melinda Gates de investir U$ 40 milhões em um prêmio a financiamento de apoio a grupos que venham trabalhando em novas tecnologias”. 

O objetivo da Fundação Gates e de outras iniciativas internacionais e do sul da Ásia é desenvolver um prótóptipo de baixo custo que gaste pouca ou nenhuma água, consumindo um mínimo de energia, podendo transformar os dejetos humanos em resíduos utilizáveis sem a utilização de sistemas sépticos, protegendo assim os cursos de água, poços, evitando a contaminação do solo e a disseminação de doenças como o tifo, a hepatite e a disenteria que matam cerca de 1,5 milhão de crianças no mundo a cada ano. 

As novas tecnologias são dramaticamente diferentes dos sistemas convencionais. O primeiro prêmio da Fundação Gates foi para o cientista ambiental professor Michael R. Hoffmann do CalTech cuja equipe desenvolveu um vaso que utiliza a luz solar para transformar os dejetos humanos em fertilizante e hidrogênio. O hidrogênio da reação elétricoquímica como pode utilizado como fonte de energia e a água pode ser reutilizada, depois de tratada, para irrigação. O cientista disse que a validade da tecnologia já havia sido comprovada na década de 1.990 nos estudos para a Estação Espacial Internacional. O segundo prêmio foi para um vaso que transforma os dejetos em um carvão biológico, minerais e água limpa. O terceiro vencedor desenvolveu um método que trata separadamente fezes e urina, usando areia para filtrar a urina; as fezes são secas dentro do vaso e podem ser utilizadas como fertilizante.




Esquema do vaso que utiliza luz solar


No sul da Ásia empreendedores com visão de futuro e engenheiros começaram importantes projetos piloto, igualmente antigas adaptações combinam a tecnologia de vasos sanitários ecológicos com recipientes de água das chuvas, coletores duplos e compostagem. A Eran Scientific Solution, empresa do estado de Kerala, na Índia, recebeu apoio da Fundação Gates na segunda etapa de premiação para desenvolver um modelo de vaso baseado no uso de bactérias anaeróbicas para digerir os dejetos humanos. A e-toillet é um compartimento colorido que pode estar nas ruas das cidades. Foi testada em 300 cidades de Kerala, um estado onde a população tem alto nível educacional. A empresa planeja vender seu produto nos países em desenvolvimento, mas um modelo operado à base de moedas, auto-sanitizado, pode ser viável em países desenvolvidos e pode ser conectado a um sistema de monitoramento para facilitar sua localização por usuários potenciais. A empresa também trabalha num sistema descentralizado capaz de atender mais de 25 famílias.

                                                           E-toillet

                 

Contudo, nas palavras de Eklavya Prasad, diretor de uma coalização de grupos populares voltados para a questão da sanitização, não se trata apenas de opções tecnológicas é preciso ter em conta hábitos e cultura das populações locais, do contrário toda pesquisa será inútil. 

Nitya Jacob, especialista em água e sanitização do Center for Science and Environment, Nova Deli, argumenta que esses novos sistemas têm potenciam para colocar fora de uso os sistemas de esgotamento tradicional “eliminando a corrupção e a burocracia que anda junto com eles”. Contudo comenta que o maior obstáculo será convencer planejadores e promotores do desenvolvimento a ter em vista algo que desafia o conceito tradicional de vasos sanitários ligados a sistemas de esgotamento. 

Como se vê a material do Yale Environment 360 toca no nervo de questões complexas como hábitos culturais e bilhões de reais em recursos que nem sempre chegam a seu destino. Talvez isso já justifique alguma reflexão. 

DC 



Notas:


[1] 
Lei 11.445/2007 e Dec. 7.127/2010

[2

[3] 
PAC I – 2007/2011 : R$ 40 bi. PAC II – 2012/2014: R$ 45 bi. De concreto segundo o Ministério das Cidades são R$ 49 bi em contratos já firmados. 
Portal da Câmara dos Deputados

[4] 
Ele (Leodegar Tiscoski - Secretário Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades) informou que o histórico do investimento em esgoto é o pior de todos. “As companhias estaduais e municipais investiram muito em água. Investir em esgoto significa praticamente aplicar o dobro do que é investido em água per capita”, comparou. Atualmente, disse, menos de 50% da cobertura do esgoto está devidamente coletada e tratada, e há um percentual expressivo de esgoto coletado, mas não tratado. “De pouco adianta coletar e não tratar, por isso é que os investimentos prioritários têm sido em esgoto”, afirmou. 
“Execução de Obras de Saneamento do PAC está lenta, admite Secretário”.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A RESPONSABILIZAÇÃO COMO UMA QUESTÃO DE DEMOCRACIA

A matéria do FT [1] trás uma contribuição importante ao evidenciar o uso do princípio de responsabilização dos agentes políticos principais e seu reflexo no amadurecimento da democracia brasileira. 

Na realidade o que está em jogo é se, no limite, as instituições atuais da democracia brasileira são capazes ou não para garantir o funcionamento de uma República nos moldes previstos pela Constituição Federal de 1988. Não esquecendo que todo o projeto petista era (ainda é, e não é apenas do PT, bom não esquecer) a determinação do poder executivo sobre os demais poderes. 

O processo manipulatório a partir do poder executivo tem seu “controle” na possibilidade da responsabilização do agente político principal. É essa questão que envolve o debate da condenação de Dirceu e da ausência de Lula no banco dos réus. Tanto mais eficiente será o accountability quanto mais alto a responsabilização chegar. 

A questão será se o accountability, inclusive a participação ativa do controle da sociedade, até por que o controle social falhou (os vacilos da instituição Congresso Nacional mostram isso. Está o fim premeditadamente inconclusivo da CPI do Cachoeira), vira norma e a punição dos principais vira regra ou se anda permaneceremos no terreno turvo da punição apenas dos “inimigos”. 

DC 

[1]Condenação de petistas mostra que Brasil quer responsabilização de políticos, 'Financial Times' afirma que instituições democráticas brasileiras estão amadurecendo agora.

domingo, 7 de outubro de 2012

FRAUDE: DOCUMENTÁRIO COM UMA LEITURA ALTERNATIVA PARA A CRISE ECONÔMICA

O portal do Instituto Ludwig Von Mises do Brasil está divulgando um documentário, abaixo, com uma leitura alternativa sobre a atual crise. Certamente não será o que muitos esperam: mais uma crítica "demolidora" contra o capitalismo e o regime de mercado; mais uma crítica que não aponta absolutamente nenhuma saída a não ser aquela das generalidades mais óbvias e que não nos levarão a lugar algum.

Ao contrário da leitura dominante o que há aqui é o contraponto que mostra o quanto o "herói" do momento, o Estado e seus agentes políticos, têm a haver com tudo o que vem acontecendo e provavelmente ainda irá acontecer.

Desde o primeiro momento a leitura estatizante emprestou ao arremedo de keynesianismo que é a total liberalidade fiscal a principal responsabilidade para "resolver" a crise. Montanhas, antes inimagináveis, de dólares e euros depois a crise permanece. O governo americano nos promete mais ainda. Só que agora num aporte praticamente ilimitado baseado no "enquanto for necessário". 

Aqui e agora o "mercado" é o culpado de tudo. Sendo o capitalismo um "regime de mercado" ele também é o culpado acessório. Como a banca é beneficiada,  a banca é adicionada ao mercado e ao capitalismo, como se a banca não fosse ela mesma resultado da ação regulatória do próprio Estado e da complacência de seus agentes políticos.

Com nossa absoluta tradição estatizante, que permeia mentes e corações, não será um vídeo fácil de se ver e muitas nucas ficarão muito arrepiadas. Mas fazer o quê? A leitura equivocada da crise, a propostas equivocada de suas soluções só estão trazendo mais crise. Está na hora d outras leituras.  É preciso ter ouvidos para escutar.

DC

sábado, 6 de outubro de 2012

ISRAEL ABATE EM SEU ESPAÇO AÉREO DRONE DE ORIGEM DESCONHECIDA: MAIS TENSÃO NO ORIENTE MÉDIO

A situação no Oriente médio nunca deixa de ser tensa, mas agora começa a acumular elementos de maior volatilidade. 

Não bastasse o conflito entre Síria e Turquia agora chega a informação de que Israel acaba de abater um drone (nave não pilotada) de origem desconhecida. Zero Hedge comenta que o drone aparece pouco depois dos iranianos haverem abatido um drone americano, que misteriosamente permaneceu intacto, e foi utilizado como modelo para a construção do dispositivo iraniano.

DC

A CENTRALIZAÇÃO DO EXECUTIVO E O "LOCAL"


O conceito de “local” trás embutido o conceito de “diverso”. Nele se assume que A por ser diferente de B pode ter outro caminho que se reflete em outras políticas públicas ou outra dosagem, pelo menos.

O Executivo Central não está satisfeito em reter os recursos. Ele quer decidir o que será feito com eles. É o contrário da República Federativa.

Claro que prefeituras despreparadas, 100% dependentes de recursos controlados de fora, mesmo que gerados no âmbito municipal, são um prato feito para um executivo central hegemonizante.

É este movimento de hegemonização é o canal por onde opera a correia de transmissão política de dominação e subordinação da base municipal. É este canal que é apropriado/parasitado pela rede patrimonialista[1] que funciona em paralelo e está entranhada nos três níveis federativos . Centralização executiva, hegemonização e patrimonialismo andam na mesma direção e vivem os mesmo interesses no Brasil contemporâneo.

É onde tudo começa e onde tudo precisará acabar se pretendermos mesmo uma República Democrática. Claro que isto nos remete ao problema do parlamentarismo como única saída para romper ao mesmo tempo com o centralismo executivo e seu parasita, o patrimonialismo. O que certamente deixa muita gente de cabelo arrepiado.

Nota: Ai está o motivo pelo qual punir pessoas não irá reduzir a corrupção a níveis “civilizados”. Poderá reprimir por um tempo ações mais ousadas, mas não vai evitar que políticas públicas sejam apropriadas privadamente em escala que faça a ação estatal ineficiente se olharmos para o total da apropriação dos recursos da sociedade.

[1] É preciso ter claro que a rede não depende da consciência de si mesma para ser "rede". Quer dizer não é preciso que cada pessoa individualmente seja consciente de que faz parte de um processo mais amplo e mais complexo.

DC


Novos prefeitos terão de lidar com escassez de recursos
João Villaverde e Iuri Dantas, Estadão.com.br

Os prefeitos eleitos na atual campanha tomarão posse em janeiro com um "programa de governo" elaborado pela presidente Dilma Rousseff. Caberá aos gestores municipais conduzir mais de 200 programas da União, função que exige cada vez mais esforço e mais dinheiro. Ao mesmo tempo, num cenário de crise financeira mundial, as medidas de estímulo à economia adotadas em Brasília drenam recursos que normalmente irrigariam os cofres municipais.

Diante desse cenário, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que representa prefeituras de todo o País, vem confrontando o governo federal, em busca de mais recursos e menos obrigações. A equipe presidencial diz que a situação financeira não é tão ruim assim e que os programas federais servem de "norte" para os futuros gestores.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

É POSSÍVEL TER ENERGIA VERDE SEM AMBIENTE DE INVESTIMENTOS?

A percepção do intervencionismo estatal brasileiro estava presente na matéria do FT sobre Dilma.

O pensamento estatizante é centrado em seu próprio umbigo e sempre é muito espaçoso. O ambiente institucional para investimentos não é o mesmo e a intenção de intervir nos preços públicos da energia criaram insegurança que repercute nos planos de investimentos das empresas, conforme já havíamos previsto.

O Valor Econômico informa que a CPFL Renováveis [1] cancelou oferta publica inicial de ações  (IPO) em virtude da crise econômica global e..."Embora a medida (governamental) não gere impactos relevantes sobre os ativos da CPFL Renováveis, as perdas percebidas recentemente pelos investidores com as ações do setor e as incertezas dos agentes sobre os efeitos diretos e indiretos das medidas criaram um cenário de insegurança", explica o presidente da companhia, Miguel Normando Abdalla Saad, em nota.

Um ambiente inseguro para investimentos, não é por ai que as coisas irão acontecer. Deveríamos estar dentro de outra lógica completamente diferente. Não tem classe média emergente que resolva isto...

[1] A companhia conta atualmente com 1.133 MW em operação, sendo 307 MW em Pequenas Centrais Hidrelétricas e 556 MW em parques eólicos

Demetrio Carneiro

PODERIA SER UMA PIADA, MAS NÃO É. SEM LUZ E SEM TELEFONE




O que ocorreu com Dilma esta tarde é emblemático da qualidade dos serviços públicos brasileiros e da qualidade do serviço prestado pelas "agências" de controle.

Sem luz na capital do país a presidente não conseguiu reclamar: também não tinha linha... 

Demetrio Carneiro
Dilma tenta cobrar explicações para queda de energia, mas ligação cai

DILMA JOGA PARA A PLATÉIA E BATE FORTE NO SISTEMA FINANCEIRO

Dilma joga o jogo e repete seu mestre: ao invés de usar todo o seu imenso poder para colaborar na estruturação de uma oferta de crédito mais democrática, desconcentrando o mercado que Lula ajudou demais a concentrar, prefere posar de heroína da classe média, endividada no cheque especial ou no cartão de crédito. Endividada aliás sob os auspícios públicos. Com certeza dá mais votos, mas não muda nada. O que muda é "concorrência".

Um exemplo da contradição do discurso governista é o belo trabalho feito por Geraldo Magela, todo poderoso petista do DF, nas desconstrução e aparelhamento do projeto do Banco do Povo.

Detalhe: taxas nominais mais baixas nunca serão americamente baixas ou européiamente baixas pelas simples presença a inflação brasileira que anda muito longe da inflação dos steites ou da Europa. A escolha pela inflação tem seu ônus...

Demetrio Carneiro

Dilma bate forte no sistema financeiro

GOVERNO APOSTA NO 4º TRIMESTRE: VAI FUNCIONAR?



As apostas agora são para o último trimestre do ano: o período do natal finalmente faria o crescimento retomar seu caminho natural dos 4% ao ano. A matéria da Folha mostra que pode não ser bem assim. Atente em especial para o gráfico de intenção de compra. Não há destino manifesto em política econômica e o Estado não controla todos os resultados de suas políticas, por mais que pretenda.
Demetrio Carneiro


Leia mais: Redução do IPI antecipa compras e pode esfriar Natal

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O BRASIL VISTO DE FORA ATRAVÉS DE DILMA: A MATÉRIA DO FT



No Brasil controle exercido pelo presidencialismo é absoluto. Estamos muito longe de uma República Federativa. Todos sabem disso e Dilma especificamente deixa claro  todo momento.  Vivemos uma democracia de maiorias fundada na zona de conforto imediato de um amplo segmento do eleitorado nada disposto a arriscar as conquistas dos anos recentes. Esta é outra questão que todos sabem, também...

O viés autoritário/estatizante somado ao poder de quem assina  as faturas dá ao Executivo Central capacidades importantes na relação com o seu suposto “controlador” o Congresso Nacional. A lição de Collor ensinou que é preciso manter o Congresso no cabresto curto. E é assim que se faz: a gestão do parlamento pela via das MPs. O Congresso pode tudo, desde que não perturbe a trajetória já decidida pela presidência.

Esse quadro torna uma matéria, com base em depoimentos, sobre Dilma importante sinalizadora do sentido e da velocidade das coisas no Brasil. Olhando para Dilma o FT ( a matéria foi parcialmente repercutida pelaVeja e agora está na edição em português do FT, lançada hoje) vê o Brasil nos seus próximos momentos e não vacila em criticar a falta de alternativas à limitada proposta de promoção da dita “classe média emergente”. Limitada proposta por não lidar com os entraves institucionais e estruturais.

Dilma parece imaginar que a simples existência de um amplo mercado emergente de consumo resolve todas as coisas. No fundo é uma proposta totalmente liberal ao inverso...Para os liberais é deixar o mercado livre para agir que tudo acontece per si. Para Dilma a presença dessa imensa massa de consumidores, desde que mantido seu poder de compra, per si trará outras mudanças. Cabe ao Estado intervir contra qualquer que pareça o obstáculo a esse “caminho natural”. A questão está no que se considera obstáculo. Para Dilma são todos os que estão aqui e agora. O futuro pertence ao futuro.

Provavelmente pensando nas travas estruturais e institucionais o Tony comenta na mesma matéria que Dilma pode escolher entre crescer a mais de 3%, com inflação alta ou crescer abaixo de 3%, com uma inflação moderada: "Tony Volpon, economista da Nomura, em Nova York, afirma que a taxa potencial de crescimento do Brasil - a velocidade em que o pais pode se expandir sem gerar inflação alta - caiu de 4 por cento na última década, para mais perto de 3 por cento. Isso porque o crescimento na última década foi, em parte, o resultado da entrada de novos trabalhadores na força de trabalho formal de pessoas que se juntam a força de trabalho formal. Hoje, com o desemprego relativamente baixo, a vantagem desapareceu.

A matéria reconhece mudanças positivas, mas é sintomática de um momento em que os investidores vão ficando arrepiados com as atitudes intervencionistas e ao mesmo tempo atentos para os problemas fiscais que vão se anunciando no horizonte. Já vai se firmando a noção de que o baixo crescimento vai resultar em queda efetiva da tributação, que somada às desonerações provavelmente colocarão a poupança pública abaixo do previsto no superávit primário. Fora de dúvida haverá reflexos não apenas no pé no freio dos investimentos, mas também nos custos da rolagem da dívida. Talvez por não poder responder com muito mais gastos Dilma tenha se irritado com a generosidade fiscal americana.

Demetrio Carneiro

terça-feira, 2 de outubro de 2012

ESCOLHAS ENTRE SER EQUILIBRISTA E SER ESTADISTA

Em artigo publicado no jornal carioca O Globo, "Dilma erra" o senador (PDT/DF) Cristovam Buarque faz uma interessante comparação entre o ser "equilibrista na crise econômica do presente" e o ser "estadista para fazer o Brasil estar em sintonia com a economia do futuro", seguindo a lógica equilibrista "pouco ou nada tem sido feito para transformar o Brasil numa nação inovadora". Comenta o senador ainda "ela erra como estadista por não estar acenando e liderando o país para uma inflexão histórica no longo prazo: transformar o Brasil numa sociedade moderna e com competividade científica e tecnológica com um modelo de crescimento estruturalmente distributivo e em equilíbrio com o meio ambiente".

Claro que num pequeno texto não dá para colocar tudo, mas o senador se poupa de comentar que o motivo da escolha de ser "equilibrista" a não "estadista" está na lógica de poder voltada para os resultados imediatos e uma plataforma de poder apoiada no crescimento real da renda do que chamam de "classe média emergente". Enquanto render votos este modelo político-econômico permanecerá imutável. 

Outra questão do discurso do senador não esclarecida é que não havendo chande alguma de distribuir renda por decreto presidencial, a única possibilidade está em fazer funcionar os mecanismos que de fato interveem na distribuição de renda: formação de Capital Humano. quesito, entre outros, onde somos especialmente ruins e talvez venhamos a ficar piores conforme o bônus demográfico for se confirmando.

Para finalizar: concordamos que "a qualquer momento, se um vento do norte balançar a corda, o equilíbrio se desfaz...". Contudo deixamos como sugestão que o senador avalie em seu próximo artigo o fato de a China, que não é do "norte", está se tornando, historicamente, ao mesmo tempo nossa principal importadora e nossa principal exportadora. Isto certamente tem riscos potencial não para desequilibrar, embora até possa, mas para criar a mesma relação de dependência que já vivemos com portugueses, ingleses e americanos. A posição geográfica em relação os polos não fará muita diferença. Aliás nesse quadro é até interessante acompanhar o debate entre os governos brasileiros e americano quanto à questão do protecionismo brasileiro. Até por serem os americanos atualmente os nossos maiores importadores...

Demetrio Carneiro

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

NOTAS SOBRE A INDÚSTRIA DE PRODUÇÃO DE ENERGIA EÓLICA EM ALTAS ALTITUDES


1 - Lendo o artigo de Levitan,postado ontem, dá para perceber por que o Centro, países desenvolvidos,  é o Centro. 
Lá o Google investe milhões de dólares em setores com alto risco de retorno, mas muito promissores. Aqui o BNDES financia Eike Batista com juros subsidiados para comprar carvão vegetal na Bolívia com a finalidade de tocar a tecnologia superada das termoelétricas movidas a carvão...
O Estilo de Crescimento pela via do atalho oportuniza a tecnologia já desenvolvida . Pode parecer vantagem e efetivamente até é mesmo, mas só é vantagem se e economia de meios de investigação e pesquisa puder ser utilizada para alavancar outros setores estruturantes e dinâmicos, do contrário sempre teremos mais da mesma dependência que nos deixa na semi-periferia, ou como eternos emergentes para coisa alguma, na direção inversa da sociedade do conhecimento.

2 - Também é importante constatar a diversidade de projetos. É certo que o ambiente estimula oportunidades de negócio e este estímulo é que abre caminho para a diversidade de propostas.

3 - A matéria trata de tecnologias mais adaptadas para a geração de energia ambientada dentro de redes de distribuição, as Fazendas de Vento ou Parques Eólicos, e outras tecnologias mais adaptadas para uso fora da rede.
O intenso processo de urbanização que ora ocorre no Brasil pode ser importante na geração de economia em escala para o transporte e distribuição de energia, mas certamente deve gerar deseconomias para fazer chegar energia às regiões menos adensadas ou fora dos eixos principais.  Podemos olhar para essas tecnologias como potenciais geradoras autônomas de energia que dispensem a conexão à rede geral de distribuição.

Demetrio Carneiro

domingo, 30 de setembro de 2012

A GRAVE, MUITO GRAVE, QUESTÃO DO CAPITAL HUMANO NO BRASIL

Toda a conversa sobre a questão do desenvolvimento gira em volta de escolha de Estilos de Crescimento. Tanto podemos nos limitar a aproveitar o conhecimento já produzido fora e nos limitarmos a reproduzi-lo internamente ou como serviço ou como produto, nesse último caso continuando inseridos na cadeia produtiva mundial, como podemos ser mais arrojados e assumir que a pedra de toque que impulsiona o desenvolvimento é a produção de conhecimento.

A produção do conhecimento nos remete a existência de um ambiente institucional que faça o que as instituições fazem e bem: estimule e emule. Contudo instituições funcionam com base em pessoas. É onde chegamos na questão do capital humano. À parte qualquer debate basta ler na sequência as duas notícias abaixo para que se compreenda o tamanho do problema que está nas mãos de cada qual neste país. Cada qual. É inútil e nada eficiente bradar aos ventos que "a culpa é do governo". Não é não. Desde 1988 nossos governantes são eleitos.

Demetrio Carneiro

Profissionais qualificados formam nova onda migratória para o Brasil
Reportagem de VEJA mostra que, em três anos, o número de estrangeiros que receberam autorização de trabalho saltou de 43 000 para 70 000

Nota: Não vai ser com ataque de xenofobia que inventares os técnicos que não temos.

O mais grave dos riscos
O IBGE revelou uma notícia assustadora, mas não houve reação à altura. O Brasil tem um milhão quatrocentos e quinze mil crianças de 7 a 14 anos oficialmente analfabetas pelo registro da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad). E de 2009 a 2011 caiu — sim, é isso, caiu — o percentual de jovens de 15 a 17 anos na escola. Será que é assim que queremos vencer?

Nota: Em algumas cidades do DF o percentual de adultos que não conclui o ensino básico chega a mais de 50%.

sábado, 29 de setembro de 2012

A PRODUÇÃO DE ENERGIA EÓLICA EM ALTAS ALTITUDES: UMA NOVA E ESPETACULAR FONTE DE ENERGIA RENOVÁVEL?


 Progresso, consumo humano, preservação de recursos não renováveis e tecnologia: quem vence a corrida entre a depleção e a tecnologia?

O termo “depleção dos recursos naturais” cada vez mais aparece na mídia. Basicamente estamos falando que o processo de consumo e produção na escala que se dá fatalmente pode levar ao fim o estoque de recursos naturais como minérios, combustíveis fósseis etc. Aliás, este é o ponto central do embate entre pensadores ligados à economia neo-clássica e pensadores ligados à economia ecológica.

Os pensadores ligados à economia neo-clássica partem da hipótese de que nunca chegaremos ao esgotamento total dos recursos naturais dado ao rápido crescimento das tecnologias substitutivas ou de reaproveitamento. Combustíveis fósseis podem ser substituídos por combustíveis derivados de biomassa, a reciclagem cada vez mais viabiliza o reaproveitamento de materiais e assim por diante. Os pensadores ligados à economia ecológica defendem que a tecnologia não só não dá soluções tão rápidas quanto aumenta o consumo de recursos naturais, como a próprio reaproveitamento não se dá ao infinito. Claro que é um debate envolvendo a questão das futuras gerações, sua sobrevivência e qualidade de vida.

Nesse contexto é natural que a existência e viabilidade em algum momento das próximas décadas de meios de produção de energia em quantidades espetaculares e totalmente renovável tenha relevância, mesmo que isso passe desapercebido da grande mídia. Daí a importância do detalhado artigo, um verdadeiro balanço do setor, publicado no blog Yale Environment 360 intitulado High-Altitude Wind Energy: Huge Potential — And Hurdles”, de autoria do jornalista free lancer americano David Levitan, que publicamos abaixo em tradução livre.

Demetrio Carneiro





Sistema terra/ar da Makani Power

Engenho da Makani


                                                                Engenho da Magenn

                                                                 Engenho da Ampyx


                                                                Engenho da EnerKit

PRODUÇÃO DE ENERGIA EÓLICA EM ALTA ALTITUDE: MUITO POTENCIAL E MUITAS BARREIRAS

Turbinas eólicas são cada vez mais comuns na paisagem, a cerca de 90 metros do chão, com suas enormes pás girando rápido. Contudo não é a 90 metros que os ventos são mais rápidos. Os ventos são rápidos e consistentes em altitudes bem superiores, chegando ao máximo nas correntes de jato a 8 quilômetros de altura ou mais.

Com a energia eólica convencional enfrentando todo tipo de obstáculos – a intermitência dos ventos, o amplo espaço necessário para as instalações, o “que-não-fiquem-perto-de-mim” etc. – a geração de energia  eólica na atmosfera envolve muitas incertezas e problemas regulatórios.  A despeito dos diversos desafios técnicos e regulatórios um crescente número de pequenas empresas trabalha pesado para solucioná-los nos próximos anos, com numerosos desenhos e ideias visando colher energia eólica bem alto nos céus.

“O potencial é incrivelmente grande” disse Cristina Archer, professora associada de ciência dos oceanos e engenharia  de Universidade de Delawere. Archer e colega publicaram uma das duas detalhadas análises sobre o total de energia que pode ser retirado dos céus do planeta com o objetivo de gerar energia elétrica. A outra pesquisa foi desenvolvida pelo bem conhecido cientista do clima Ken Caldeira, do Instituto Carnegie e da Universidade de Stanford. Ambos estudos apontam para uma oferta muito mais ampla na energia eólica aproveitada nas altitudes do que na convencional ao nível do solo.

Mas Caldeira e outros também dizem que embora haja todo um potencial de longo prazo a engenharia e as questões regulatórias são formidáveis, particularmente para empresas interessadas em utilizar as correntes de jato.

“Eu estaria relutante em re-hipotecar a minha casa com a finalidade de oferecer recursos de investimento  para essas empresas, pois imagino que a chance de serem competitivas nos próximos anos são muito remotas”. Entretanto ele acredita que, apesar de todos os obstáculos, a indústria eólica das altas altitudes é a candidata ideal para a pesquisa pública e apoio financeiro.

As questões são complexas: Como sustentar com segurança turbinas aéreas a centenas de metros do solo; como mantê-las lá sem incorrer em altos custos de manutenção; como lidar com o tráfego aéreo?

Contudo os interessados argumentam que algumas de suas alternativas são mais baratas e mais fáceis de serem implementadas do que suas congêneres no solo. Custos de construção ao dispensar as torres de aço e concreto podem ser bem menores e os mecanismos de acompanhamento da mudança de direção do vento são desnecessários.

A premissa básica da geração eólica nas altas altitudes é ligar um dispositivo aéreo ao chão e deixá-lo voar nos ventos fortes gerando energia e enviando-a pelo cabo de ligação para o solo. Em terra as turbinas eólicas são padronizadas, mas no ar os desenhos variam muito e parece que tudo é possível. Há desde asas rígidas em carbono com diversos mini-geradores até papagaios que usam a tensão do fio de ligação para gerar energia.  Algumas técnicas parecem mais adaptadas para uso em alta escala em fazendas de vento, outras parecem mais adequadas para projetos menores.

Uma empresa que parece estar mais próxima de uma solução é a Makani Power, de Alameda, na Califórnia. Já foram sete os protótipos de asa rígida desenvolvidos pela empresa em numerosos testes de voo nos últimos seis anos. O último protótipo foi capaz de gerar 30 KW de energia. Com um fundo patrocinado pelo Googles e pela ARPA-E (agência americana de financiamento de pesquisas e projeto em energia) no montante de U$ 20 milhões a Makani pretender partir para a construção de um novo protótipo com 28 metros de envergadura e capaz de geral 600 kw, o suficiente para manter a energia elétrica de 150 casas. Corwin Hadham, fundador e CEO da Makani diz que a empresa se interessa em desenvolver e deverá partir para a produção de turbinas espaciais para serem utilizadas em Fazendas de Vento[1] offshore(1). Pensando no futuro Hardham esperar que sua empresa possa produzir uma versão gigante capaz de produzir 5 MGW, com 64 metros de envergadura para essas fazendas de vento.

“É onde realmente focamos, o mar”. Hardham pensa poder produzir lá energia a 6 cents de dólar o kw/hora. Mais barato que a energia convencional eólica de offshore da Europa e competitivo com a energia gerada pelo carvão e pelo gás.   

Outra empresa que busca desenvolver projetos de Fazendas de Vento é a Ampyx Power da Holanda, que tem uma empresa independente de pesquisas baseada na Universidade de Delf. O engenho aéreo da Ampyx é um planador que gera energia movimentando sua linha de ligação conectada a um gerador no solo. O engenho desliza no ar a uma altura que varia de 300 a 600 metros. “A próxima geração poderá ter capacidade entre 250 e 500  KW contínuos”, disse o fundador da empresa Richard Ruiterkamp.

“Voamos de forma autônoma por cerca de um ano”, disse Ruiterkamp. “Antes  do fim do ano teremos completado o ciclo e acumulado um bom número de horas”. “O próximo passo será funcionar diversos  dias sem intervenção humana”. A empresa espera poder iniciar a construção de Fazendas de Vento nos próximos anos.

Duas outras empresas desenvolvem ideias drasticamente diferentes. São a Magenn Power, da Califórnia e a Altaeros, de Boston. O dirigível de hélio da Magnenn flutua a 300 metros de altura e o balão gira, movido pelo vento, entorno de um eixo horizontal. Essa tecnologia é o desenho mais próximo de um pássaro que se possa imaginar, não tem lâminas rotatórias e tem desenvolvido seus testes com muito sucesso.

A Altaeros também usa um balão de gás, mas com outra lógica. O balão envolve as lâminas e o corpo da turbina fica no centro. Basicamente funcionará como uma turbina eólica convencional, mas a 300 metros de altura. A empresa testou recentemente um protótipo, com sucesso, e relatou que a 100 metros o dispositivo gera duas vezes mais energia do que a 30 metros.

Esses projetos com balões infláveis , assim como o ultra-leve construído pela Windlifit, da Carolina do Norte, parecem ser mais adequados a consumidores fora da rota convencional de distribuição de energia, em regiões remotas, dados seu fácil transporte e rápida montagem, disse um executivo da indústria de energia eólica em altas altitudes.

“Trabalhamos por resultados em pequenos esquemas de produção, ao contrário de outras empresas maiores”, disse Andy Stough, vice-presidente de engenharia da Windlift. A empresa recebe um substancial financiamento do U.S. Marine Corps que espera poder fornecer energia para suas bases mais remotas com o kit ultraleve, evitando o caro e perigoso transporte de diesel para seus geradores locais.

O modelo da Windlift é uma asa voadora de 12 metros de envergadura que para, atualmente, a 150 metros de altura, com o controle e o gerador no solo. Além da demanda dos marines Stough diz que qualquer situação onde for necessário fornecimento remoto de energia em lugares de difícil acesso – comunicação móvel, desastres e tudo o mais – pode demandar um sistema desse tipo. Uma empresa alemã chamada Enerkite utiliza um sistem com desenho similar e está bem perto de obter resultados. Ambas as empresas têm realizado testes satisfatórios.

P.J. Shepard, co-fundador  de um grupo industrial chamado Airbone Wind Energy Consortium, diz que o progresso dos protótipos de geração de energia eólica nas altas altitudes foi impressionante nos últimos anos. “Algumas empresas se motraram capazes de prover a geração de energia elétrica em volume significativo, outras mostraram algum nível de controle autônomo, muitas estão planejando... Fazendas de Vento”, disse.
Entretanto ir além da escala de protótipo pode ser difícil. Especialistas da indústria pensam que sem um forte suporte governamental, instalando cerca de 1 gigawatt de energia eólica gerada nas altas altitudes (no solo estão instalados 50 GW)[3], poderá levar 20 anos ou mais para as coisas acontecerem. Quem sabe uma eternidade a depender da redução das emissões, se isso for a meta. “Com um relativamente modesto investimento de U$ 100 milhões anuais talvez se possa obter 1 GW em 10 anos”, disse o executivo.

Algumas grandes empresas como a Honeywell e a 3M mostraram algum interesse, mas os maiores desenvolvedores da energia eólica de solo— Siemens, GE, Vestas e outros — não foram além dos primeiros passos 

Sem maiores investimentos alguns dos desafios específicos da engenharia pode ser difíceis de superar. De acordo com uma pesquisa industrial, feita pelo grupo não-lucrativo Near Zero o problema principal, que persiste, é a confiabilidade: No sentido de ser viável os engenhos aéreos precisam poder voar por muito tempo com pouca manutenção.

Quando falamos das vantagens dos ventos de alta altitude, Caldeira comenta que tão alto quanto as correntes de jato é o preço real. O poder da densidade das correntes de jato é cerca de 100 vezes maior do que a luz solar carregando uma célula fotovoltaica estandarde. “O fato de não haver nenhuma outra fonte de energia renovável com tal abundância e tal densidade informa que precisamos tentar explorar isso”, diz Caldeira. Mas a diferença em necessidades de engenharia ente um dispositivo que voa a 300 metros e outro que voa entre 6 e nove quilômetros de altura é enorme.

Além das questões de pesquisa e desenvolvimento outro grande desafio é a regulação. O quê exatamente é um dispositivo com a envergadura de 24 metros, ligado por cabo ao chão, voando em círculos a 300 metros de altura? É um avião? Uma “construção” ou um “obstáculo”? Não existe uma norma regulatória clara para a indústria, embora em 2011 a US Federal Aviation Administration tenha iniciado um processo sistemas de inclusão dos dispositivos eólicos aéreos na estrutura de governança. Atualmente os testes estão limitados a 152 metros de altitude, embora as correntes de jato estejam bem longe disso.

“Não há como operar sem alguma aprovação formal das autoridades”, diz Ruiterkamp da Ampyx. Mas ele adverte sobre as dificuldades de começar uma estrutura regulatória a partir do zero, seja na Holanda onde está sua empresa, seja nos EUA. “Se você precisar definir tudo por si mesmo, como uma indústria, pode levar cerca de 15 anos e não saberá a quais resultados chegará” dizRuiterkamp. Ele pensa que convencer as autoridades a trabalhar dentro do ambienta regulatório que já existe para aviões tripulados, partindo então para os não tripulados é o melhor caminho.

Segurança e regulações correlatas não são questões triviais. E o dispositivo 5-MW da Makani que está em construção? É um engenho com a envergadura de 64 metros. Aproximadamente a mesma de um Boeing 747. Se algo desse tamanho perde o cabo de suporte e vai ao chão há óbvios riscos. Também o M600 é basicamente do mesmo tamanho de um Boeing 747. Evidentemente se chegarmos à escala das Fazendas de Ventos esses mamutes voando a 300 metros de altura e amarrados a cabos não poderão acontecer sem um estrito controle regulatório.

Apesar dos obstáculos os defensores da proposta dizem que a magnitude da energia do vento nas altas altitudes fazem todo o trabalho valer. “Se o recurso total é de 100 Terawatts, 1000 ou 2000, não sei exatamente”, diz Archer. Mas independentemente do número real a energia do vento de alta altitude é “muito maior do que provavelmente precisaremos”, conclui.

Notas
[1] Fazendas de Vento -Wind Farms em inglês - ou Parques Eólicos, é nome dado a uma área onde se dispõe um conjunto de turbinas eólicas destinadas à geração de energia.

[2] São Fazendas de Vento instaladas no mar, afastadas do litoral, normalmente na linha do horizonte.

[3] A Associação Brasileira de Energia Eólica e o governo definiram uma meta de alcançar 10 gigawatts de capacidade de energia eólica até 2020, dos atuais 605 megawatts, com outros 450 megawatts em construção.

TRIBUTAÇÃO E FELICIDADE




“O resultado do estudo feito pelo IBPT, com a criação do IRBES, evidencia a falha do Estado brasileiro em proporcionar um elevado bem-estar e felicidade social, o que pode ser justificado, por exemplo, com a constante propagação das negligências dos serviços públicos, consideradas por Amartya Sen como fator limitador do desenvolvimento social.”

Há um intenso debate sobre o PIB. Evidentemente ele importa, pois o ritmo de crescimento informa a eficácia ou não das políticas públicas e o potencial de resposta aos eventos que vão se dando no tempo. Duas referências essenciais à produção das ações de governo e essenciais à orientação dos agentes econômicos.

Tudo certo, mas já sabemos que produto é um conceito de riqueza total da sociedade e não como ela se distribui pela sociedade. Recentemente o governo divulgou levantamento do IBGE comparando pesquisas (PNAD) de 2009 e 2011. A conclusão é que nesses dois anos o espaço entre os mais ricos e os mais pobres se reduziu. Era de de esperar tendo em vista que a massa salarial vem crescendo desde 2003 num ritmo real, isto é, acima da inflação.

O problema é que mesmo reduzida a diferença o atual ritmo de incremento da redução será sempre muito lento frente à todos os obstáculos ora existentes. O principal deles é que o ganho acelerado se dá ou pela produtividade, quesito onde não vamos bem,  agregando a qualificação do Capital Humano, quesito em que também não vamos bem e um ritmo de fortes investimentos, onde também não vamos bem. Principalmente investimentos no conhecimento, onde idem...

Enfim, redução de fato da desigualdade da renda não se dá por decreto presidencial, embora muita gente ache que é possível, e depende de profundas transformações, que por sua vez dependem de vontade política. A lógica dos atalhos, de não invadir zonas de conforto, do atual governo e do passado não favorece mudanças mais profundas.

Seja como for algumas questões permanecem relevantes em qualquer contexto. Uma das principais é a relação entre o tributo apropriado da sociedade com a finalidade de manter e financiar o Estado e seu aparelho e o retorno desta renúncia à poupança ou ao consumo das famílias e indivíduos, medido em termos objetivos, capazes de serem quantificáveis.

Entre as maiores arrecadações tributárias do planeta, arrecadação de primeiro mundo, o Estado brasileiro não oferece serviços e equipamentos de primeiro mundo. Uma parte sabemos que vai pelo lado do desperdício da ineficiência, outra parte fica na rede neopatrimonialista, mas alguma coisa sobra e virá resultado. Um dos indicadores deste resultado é o IDH [1]. Então tem todo o sentido comparar IDH com o quanto se tributa e tentar extrair daí uma indicação sobre "felicidade". Claro que é um conceito extremamente relativo e muito abstrato. Mas se imaginarmos a "felicidade" como um dado nível de qualidade de vida que pode ser medido por indicadores como os presentes no IDH talvez tenhamos algum termo de comparação passível de ser utilizado entre nações, pelo menos.

A proposta, abaixo, do IBPT seria válida até mesmo para comparação entre estados brasileiros. O Distrito Federal, por exemplo, tem o maior IDH brasileiro, mas também tem a maior tributação per capita. O problema aqui é que a tributação logo abaixo do DF é do Rio e é a metade, contudo o IDH do Estado Rio não é a metade do IDH do DF...A nós do DF resta a indagação: para onde vai o nosso dinheiro? Pergunta que os demais brasileiros deverão fazer ao ler o estudo do IBPT.

[1] Claro que o IDH não é um indicador apenas da ação do Estado, mas da ação conjunta de toda a nação. Mas como tem componentes das diversas políticas públicas serve como uma "medida" objetiva do resultado da ação efetiva do Estado. 

Demetrio Carneiro

TRIBUTAÇÃO E FELICIDADE

O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) lançou, em 2012, a segunda versão do seu estudo sobre a Carga Tributária Brasileira versus o IDH, resultando assim na criação do Índice de Retorno de Bem-estar à Sociedade (IRBES). A edição 2012 do estudo da relação da carga tributária versus retorno dos recursos à população em termos de qualidade de vida se deu com a utilização de índices recentes e atualizados sobre a arrecadação tributária nacional e o IDH pátrio.

O estudo teve por objetivo mensurar os 30 (trinta) países de mais elevada carga tributária (arrecadação tributária em relação à riqueza gerada - PIB) e verificar se os valores arrecadados estariam voltando à população, através de serviços públicos de qualidade, que viessem a gerar bem estar à população.

Para tanto, o IBPT utilizou dois parâmetros considerados essenciais para o tipo de comparação pretendida: A Carga Tributária (arrecadação em relação ao PIB), obtida junto à OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, referente ao ano de 2010 (última atualização) e também o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, conforme dados do PNUD - (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), com a previsão do índice final para o ano de 2011.

Conforme registrado no estudo, a carga tributária é a relação percentual obtida pela divisão do total geral da arrecadação de tributos do país em todas as suas esferas (federal, estadual e municipal) em um ano, pelo valor do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, a riqueza gerada durante o mesmo período de mensuração do valor dos tributos arrecadados, sendo, como exemplo, no Brasil: (Ano de 2010 / Arrecadação tributária em R$ mil = R$ 1.291.000 / PIB: R$ 3.674.922 / Carga Tributária = 35,13%).

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), por sua vez, é uma medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros fatores para os diversos países do mundo. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população, especialmente bem estar infantil. O índice foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanês Mahbubul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, em seu relatório anual.

O IDH é um índice que serve de comparação entre os países, com o objetivo de medir o grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais. O IDH vai de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, pode-se afirmar que esse país é o que atingiu maior grau de desenvolvimento.

Para atingir o objetivo do estudo sobre Carga Tributária versus IDH, o IBPT providenciou a criação de um índice que pudesse demonstrar o nível de retorno à população dos valores arrecadados com tributos, em cada país. Tal índice, denominado IRBES – Índice de Retorno De Bem Estar à Sociedade, é resultado da somatória da carga tributária, ponderada percentualmente pela importância deste parâmetro, com o IDH, ponderado da mesma forma.

Dentre alguns dos resultados encontrados, afirma-se que ao se considerar os 30 países com a maior carga tributária, o Brasil continua sendo o que proporciona o pior retorno dos valores arrecadados em prol do bem estar da sociedade (destaque nosso. DC). Ademais, a Austrália, seguida dos Estados Unidos, da Coréia do Sul e do Japão, são os países que melhor fazem aplicação dos tributos arrecadados, em termos de melhoria da qualidade de vida de seus cidadãos. Tem-se ainda que o Brasil, com arrecadação altíssima e péssimo retorno desses valores, fica atrás, inclusive, de países da América do Sul, como Uruguai e Argentina.

O IRBES é decorrente da somatória do valor numérico relativo à carga tributária do país, com uma ponderação de 15%, com o valor do IDH, que recebeu uma ponderação de 85%, por entender o IBPT que o IDH elevado, independentemente da carga tributária do país, é muito mais representativo e significante do que uma carga tributária elevada, independentemente do IDH. Assim sendo, o IDH teve um peso bem maior para a composição do índice.

Um estudo deste tipo pode ser útil de diversas maneiras. Determinados investimentos da arrecadação tributária em políticas sociais, por exemplo, implicam custos para alguns indivíduos e, dessa forma, faz-se necessária uma avaliação dos efeitos líquidos dessas ações realizadas pelos governantes em termos de utilidades individuais (felicidade).

Além do resultado fático apontado pela criação do IRBES, tal índice merece ser tido por nossos governantes, especialmente, como uma importante variável determinante no cálculo da felicidade de nossa sociedade, mantendo-se em linha de raciocínio que as medidas de felicidade consistem numa nova maneira de avaliar os efeitos de mudanças nas atividades de gasto do dinheiro arrecadado pelo governo.

As atividades do Estado brasileiro são realizadas dentro de um modelo de bem-estar social, Estado este que preceitua postulados fundamentais pautados por um conjunto de princípios republicanos, tais como igualdade, liberdade e fraternidade, os quais, quando entabulados para sustentar o direito ao desenvolvimento social, dão margem à caracterização da felicidade social como importante valor de justificação das finalidades do Estado.

O resultado do estudo feito pelo IBPT, com a criação do IRBES, evidencia a falha do Estado brasileiro em proporcionar um elevado bem-estar e felicidade social, o que pode ser justificado, por exemplo, com a constante propagação das negligências dos serviços públicos, consideradas por Amartya Sen como fator limitador do desenvolvimento social.(destaque nosso DC)

Nossos governantes, que atuam no uso do dinheiro fruto da arrecadação tributária, devem interpretar o resultado do estudo do IBPT e o IRBES pensando na felicidade como fim característico do Estado social contemporâneo, sabedores de que uma das proposições fundamentais da filosofia política clássica é a de que o fim dos governos não é somente a maior liberdade possível, mas também a maior felicidade possível num contexto republicano.

Referências bibliográficas:

IBPT: ESTUDO SOBRE CARGA TRIBUTÁRIA/PIB X IDH - CÁLCULO DO IRBES (ÍNDICE DE RETORNO DE BEM ESTAR À SOCIEDADE) - EDIÇÃO 2012 – COM A UTILIZAÇÃO DE ÍNDICES RECENTES, disponível em http://ibpt.com.br/img/_publicacao/14191/196.pdf?PHPSESSID=40dd015595e1e7b9438da2515365513c

GABARDO, Emerson. A felicidade como fundamento do interesse público. In: GABARDO, Emerson. Interesse público e subsidiariedade. Belo Horizonte: Fórum, 2009, p. 325-371.

CORBI, Raphael Bottura; MENEZES FILHO, Naércio Aquino. Os determinantes empíricos da felicidade no Brasil. Revista de Economia Política, v. 26, n. 04 (104), out/dez. 2006, p. 518-536.