quarta-feira, 5 de setembro de 2012

PROTECIONISMO E INEFICIÊNCIA: NÃO TEM COMO SER DIFERENTE

Não tem como ser diferente: os instrumentos escolhidos são sempre da gaveta do protecionismo e não da gaveta da livre concorrência. 

Não se trata de uma escolha mal feita. Na lógica governamental taxar quase no limite dos acordos de comércio internacional é uma boa escolha. As políticas públicas são estruturadas num nacionalismo interessado, digamos assim. Um discurso externo protecionista da indústria nacional, mesmo que parte da cadeia produtiva internacional, bom de fazer na mídia e capaz de lavar a alma de alguns. Se ainda der. 

Este protecionismo protege quem exatamente? O consumidor não pode ser, já que ele acaba é pagando mais caro aquilo que ele poderia pagar mais barato. Os trabalhadores com certeza não, já que nunca se viu protecionismo se transformar em benefício dos trabalhadores. O protecionismo beneficia o empresário que precisa investir menos em inovações e pode vender seus produtos com um preço bem mais elevado. Também beneficia o Estado que pode manter a pesada carga tributária cujo custo é justamente uma das razões do preço pouco competitivo dos produtos brasileiros. 

Há uma forte contradição entre argumentar de que é preciso reduzir custos de produção, reduzindo, por exemplo, a tributação nos combustíveis e ao mesmo tempo querer dispor de medidas restritivas na importação. Ambas estão apontando diferentes direções.

Esse estilo de crescimento favorece a acumulação dos setores menos interessados na dinâmica da economia. Não é um crescimento, supondo que esse tipo de atitude gere crescimento, resultado do aumento do produto (da riqueza), mas de um ato de favorecimento indevido do Estado.

Na lateral é bom registrar que a importação vem fazendo um contra-peso à inflação na área de serviços, que isoladamente roda a 7,88% ano sobre ano (julho). Restringir as importações viabiliza os altos preços  dos manufaturados internos. Num momento onde a inflação de alimentos não está exatamente bem comportada.

Demetrio Carneiro