quinta-feira, 6 de setembro de 2012

POLÍTICA ECONÔMICA NA MARRA: DE VOLTA AO PASSADO

O culto ao passado virou moda entre nós e o modelo retrô definitivamente está no auge.

A Ata do Copom abre o jogo e sinaliza que tem algo complicado no horizonte se o assunto for inflação, mas tudo bem o futuro é generoso, mesmo se for construído com elementos do passado, mais precisamente a época da alta inflação e do Estado que achava que mandava no mercado. Qualquer hora dessas vamos ressuscitar o "Agentes" do povo controlando os preços nas bancas dos mercados, com direito à prisão pela política federal, se não estiver em greve. Pelo menos é o que dá para entender da fala de Mantega.

A coluna de Miriam Leitão de hoje tem o sugestivo nome de "Ao perdedor as batatas". Justo nome e fazendo par com a articulista podemos sugerir que o ilustre ministro pirou na batatinha: impor restrição tributária à importação de batatas!? Pelo visto o legume virou um instrumento da guerra cambial do resto do mundo contra o Brasil.

De concreto as importações (dados do BC), que não caem para desespero do governo, nos anos de 2011 e 2012 em média foram compostas por

Combustíveis e óleos - 16%
Bens de consumo - 18%
Bens de Capital - 21%
Matérias primas - 45%

Certamente a valorização do dólar não muda as necessidades de matéria prima, combustíveis ou bens de capital, 82% do total das importações, componentes do processo de produção. Muito provavelmente a taxação de 100 ou 1.000 produtos não mudará também. Em ambos os casos a não ser para pior. Ou por aumento dos custos de produção ou por escassez. Na questão dos bens de consumo a grande contribuição deverá ser o aumento dos preços internos e o alívio dos produtores sem capacidade competitiva. 

Agora, essa do governo olhar bem no olho da inflação e decidir impor os preços ao mercado pela via das ameaças implícitas é um pouco demais...

Demetrio Carneiro