sexta-feira, 14 de setembro de 2012

HORA DE MUDAR O DISCO

Lá em 2009, quando a atual crise mundial mostrou seu lado mais crítico um dos comentários era de que talvez ela tivesse um outro desenho menos agudo do que a a de 1929, dada a capacidade de intervenção de máquinas estatais muito mais robustas. De fato o que vamos constatando é um embate entre a direção natural dos mercados - redução das atividades econômicas - e a pró-atividade estatal tentando ao menos manter ou elevar o nível de atividade econômica.

A sobrevivência política das castas que controlam as máquinas estatais tem sido um fator relevante nas escolhas que são feitas. Talvez por isso essas escolhas não sejam necessariamente as melhores.

Aqui no Brasil o governo vem lançando mão de todo o arsenal mais clássico-desenvolvimentista disponível:  Gasto público; estímulo ao consumo das famílias;financiamento público dirigido e subsidiado; controle cambial; relativização da inflação etc...

Por fim, agora numa trilha mais heterodoxa: A desoneração tributária direta, estímulo às PPPs, redução dos preços públicos, também pela via da desoneração tributária.

Ainda assim a economia insiste em responder com pouco crescimento e mais inflação. Na realidade a questão está no projeto político que restringe as decisões.

Desde o início do debate era claro que tinha mais sentido, como estímulo à economia, reduzir a carga tributária do que manter a carga e aumentar os gastos. Da mesma forma temos insistido que o emprego de ferramentas econômicas não implica necessariamente na sua eficiência, vistas as restrições de ordem institucional e estrutural.

Na realidade a escolha por continuar a crescer em taxa mais elevadas claro que depende do quadro da economia internacional[1], mas mesmo com a situação do resto do mundo resolvida já sabemos que o crescimento brasileiro vai sempre estar restrito e condicionado aos seus limitantes estruturais e institucionais.

Quando Dilma assumiu havia alguma esperança de que pretendesse construir um processo diferenciado. De fato mudar o foco do Regime de Metas de Inflação para um Regime de Metas de Crescimento foi uma mudança relevante, mas produzida na lógica desenvolvimentista acaba expressando as contradições deste pensamento. 

Construir um processo diferenciado que nos leve no caminho do desenvolvimento sustentado depende de coragem política para romper com cartórios, poderes e interesses constituídos, apropriação de recursos públicos e mais uma dúzia de outras questões. Dilma ainda precisará mostrar se tem esta coragem. Por enquanto ela está na borda do problema.

[1] Americanos e europeus vão resolvendo pelo lado de formar mais dívida pública, botar as impressoras para funcionar, compra estatal dos créditos podres, enfim mais do mesmo que se faz dede o início da confusão. 

A se ver se o problema é este mesmo e se é possível dobrar as expectativas dos agentes com muita $$$$$$$$..., já que no fundo as sociedades dos Estado-Nação dos países desenvolvidos não estão nada preocupadas com o "resto do mundo" e muito preocupadas em manter seu padrão de consumo e qualidade de vida.

Demetrio Carneiro