Finalmente destravada a possibilidade da energia ser produzida diretamente nas comunidades ao se admitir a compra do excedente energético pelas empresas distribuidoras. Contudo ainda há um longo caminho pela frente.
Em 2010 a província de Ontário, Canadá, teve sancionado o
Green Energy Act, resultado de uma coalizão envolvendo o movimento social
ambientalista e ecológico, empresas privadas envolvidas com serviços e produção
de equipamentos de energia alternativa e corporações de pesquisa. As linhas
centrais do GEA são:estímulo à geração de energia alternativa, a geração de
energia nas comunidades e a interação entre o sistema nacional de distribuição
e a produção local de energia.
A chave da proposta está exatamente na possibilidade de
compra do excedente energético produzido nas comunidades, viabilizando
economicamente este tipo de proposta.A partir da possibilidade da compra
criou-se um ciclo de estímulos à produção e consumo local de energia verde.O
que faz todo sentido num país como o Canadá, com dimensões continentais e uma
forte pulverização da população por todo território.
Lá no Canadá uma parte importante da energia ainda é gerada
por carvão fóssil o que dá mais sentido ainda ao GEA. Aqui no Brasil além da energia
hidroelétrica explorada em mega usinas está tendo que entrar dentro da floresta,
estamos chegando próximos ao limite e, de fato, poderemos chegar ao limite de
crescimento da oferta por meio de novas usinas ainda na primeira metade deste
século.Outra questão a considerar são os custos de transmissão e distribuição
para a energia hidráulica chegar ao consumidor. A microgeração nas comunidades
tem amplas vantagens, além de dar um forte impulso a indústria nacional no
segmento de energia verde.
A diferença marcante entre os dois países foi o decisivo
pró-ativismo da Coalizão pela Energia Verde no Canadá. Aqui foi uma ação típica
partindo do Estado. Lá deu muito certo. Vamos ver como será aqui.
Demetrio Carneiro