As declarações da Marcos Valério à Veja, não sendo futuramente desmentidas (pode acontecer...), são muito mais que um simples desabafo e têm um potencial explosivo cujo efeito certamente se fará sentir já nas eleições de 2012, independentemente das consequências para Lula.
No paralelo a declaração, nesta altura fora do tempo político, da ex-companheira do prefeito assassinado Celso Daniel, a ministra do Planejamento Miriam Belchior, dão bem a importância que o PT empresta à Lula em 2012. Em evento eleitoral, em Osasco, a ministra exaltou a "ajuda de Lula aos municípios", criticando FHC etc.
Naufragar em 2012, e parece que já está meio garantido independentemente das repercussão da entrevista, levará ao PT sérios problemas em 2014 e certamente impactará na fome de poder tanto do PSB quando do PMDB.
Confirmado a veracidade das afirmações o abraço de afogado de Marcos Valério talvez traga para a cena a necessidade de um neo-petismo, quem sabe comandado por Dilma, se o tsunami não sair de controle e chegar a ela. Bom não esquecer seu papel estratégico dentro dos governos Lula. O problema do neo-petismo será a desconecção com o neo-patrimonialismo. Sobreviveria o PT sem a fisiologia dos bons e seguros cargos da companheirada espalhada pela máquina de governo, sindicatos e empresas "privadas" sustentadas pelos recursos públicos?
Seja como for estamos frente a uma possível crise republicana com fortes consequências para 2014. Provavelmente o jogo será zerado e se abrirão as portas para novos desafiantes. Confusões à parte deveremos entrar num período que poderá se mostrar muito rico em termos de alternância real de poder. Que resista nossa jovem democracia, pois precisaremos de alternativas viáveis.
Demetrio Carneiro