sábado, 26 de fevereiro de 2011

BELO MONTE: CONSTRUINDO UMA OUTRA LÓGICA?

A Justiça Federal acaba de embargar as obras "provisórias" para a destruição permanente da floresta, com vistas a instalar o canteiro de obras, autorizada na licença  "provisória e ilegal"  do IBAMA, numa inauguração da política de Dilma para o meio ambiente e a matriz energética.

Pessoalmente gostaria de pensar que talvez estejamos começando a criar uma consciência mais crítica sobre a questão ambiental, sustentabilidade etc.
Num segundo plano gostaria de pensar que talvez estejamos, nesse duro embate com a proposta de Belo Monte e o efetivo apoio governamental a ela, caminhando para um questionamento mais forte sobre nossas escolhas estratégicas com referência à matriz energética.

Não duvido que nossa gerentona adore esse macromodelo das macro hidroleétricas. É pensar grande, pensar enorme, como antes pensaram Lênim e Stalim, mais tarde Mao: Solicialismo = eletrificação. Realmente é verdade que a eletrificação é substancial no mínimo para a qualidade de vida, mas hoje caminhamos para querer discutir qual eletrificação.
O progresso tecnológico começa a nos trazer condições de pensar o local no projeto energético. Seja por via das mini-usinas hidorelétricas, bem menos agressivas para o meio ambiente, ou energia eólica, solar etc.
Micro e meso-modelos de produção de energia mista tradicional/alternativa que funcionem localmente, mas interligados ao sistema geral, têm muito menos chances de colapso e são muito mais simples na logística, não envolvendo essas extensíssimas redes de transmissão.

Se todo esse embate por conta de Belo Monte significar que esse debate sobre sustentabilidade e matriz energética subiu um ponto, mesmo que a usina acabe saindo graças aos recursos públicos subsidiados ou à entreda da Vale, teremos ganho alguma coisa.

Demetrio Carneiro