quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A OPOSIÇÃO E O EMBATE DO SALÁRIO MÍNIMO

Dado esse contexto, era nenhuma a chance de vitória da oposição. Mas PSDB e DEM facilitaram a vida do governo ao cometer um erro de encaminhamento. Em vez de colocarem em votação a emenda original acordada pelo PV, PPS e PDT com as centrais sindicais (pelo mínimo de R$ 560, mas com antecipação de R$ 15 que seriam descontados no aumento do ano que vem), tiraram essa proposta de pauta, substituindo-a pela do DEM, favorável ao aumento imediato para R$ 560 (sem antecipação). O resultado foi que a maioria dos deputados do PV se absteve na votação da emenda, que conseguiu os votos de somente um terço dos pedetistas – estes, já sob intensa pressão palaciana.
                                                                                                                               Congresso em foco



Confesso que tenho dificuldade de em interessar por este debate sobre o salário mínimo no Congresso, quando as questões relevantes, nesse pedaço do debate situação x oposição,  mas também dentro daquilo que considero interesses nacionais,  são a Reforma Previdenciária e as políticas de sustenção e capacitação para o trabalho contra o "empurrar" os problemas previdenciários com a barriga, aumentando as injustiças e as políticas de assistencialismo de fundo eleitoral, oportunismo que fundamenta a busca dos votos de perpetuação no poder.
Mas tudo bem, eles lá são os profissionais e, provavelmente, deverão estar sabendo o que fazem.

Do meu estrito ponto de vista o embate serviu mesmo é para mostrar como a oposição continua dispersa, confusa e ineficaz. Já havia um alto grau de evidência do controle governamental sobre sua base. O jogo foi cuidadosamente jogado. Este sim pro profissionais: Jogaram para depois da votação a definição dos cortes e do restante das escolhas dos cargos. Sarney, que de inocente não tem nada, já tinha sinalizado com toda a clareza qual seria o andamento da votação.

Enfim, o rolo compressor funcionou do lado da situação e as tentativas da oposição no sentido que quebrar o diktat, rompendo a base de apoio em cima de um tema supostamente de extrema popularidade, não prosperaram frente a incapacidade da oposição em estar ela própria unida. Juntos já são fracos. Separados viram poeira. Estes são os fatos. Uma guerra de desgastes que só desgasta mesmo de um lado.

De um lado aumenta muito o perigo de uma mexicanização da política. Não precisamos que haja um único PRI, basta que a convergência fisiológica seja máxima, como está sendo: Teremos a federação da base se movimentando de forma coesa.
Do outro, a oposição continua sem conseguir apreender com seus erros e insiste nos embates pontuais, foge dos debates, mais consistentes, de fundo estratégico e conceitual. Certamente por não serem assuntos “populares”. Incapaz de propor o novo se satisfaz em debater, e perder, no velho.

Claro a legislatura está apenas no começo. Logo o governo anunciará os cortes. A dimensão, a profundidade e a localidade dos cortes informarão como é que o jogo continua.

Demetrio Carneiro