sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

INFRAESTRUTURA: DA SÉRIE BONS TEMAS PARA DEBATER

Dentre as críticas permanentes que faço a atual escolha quanto ao Desenvolvimento está a questão da péssima formulação das políticas para a infraestrutura. Não estou me referindo ao que fica na mídia. Neste sentido é mais ou menos como a leitura do embaixador da Líbia na Venezuela: Uma maravilha.

Na lógica governamental a questão infraestrutural está prevista como concentração no planejamento(1) via Agenda Nacional de Desenvolvimento - AND, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que serve de base para as formulações estratégicas usadas na construção dos Planos Plurianuais (PPA), a chamada Visão de Longo Prazo. De fato está lá no atual PPA nas Metas Prioritárias.
Quer dizer, do lado formal está tudo bem. As peças se encaixam. A questão está é no mundo real e não nos discursos oficiais. A leitura de que a questão infraestrutural se reduz ao PAC pode ter resolvido a questão eleitoral, mas em si mesma é limitante e incapaz de fazer frente aos verdadeiros desafios que estão postos(2).

Frente a tudo que vem ocorrendo já há leituras, governamentais inclusive, de um PIB na casa 4,5% para 2011. Outras leituras falam mesmo em 4%. Lentamente vamos deslizando para aquilo que eu e muitos outros chamamos de crescimento medíocre, não frente ao resto do mundo, mas frente às nossas reais potencialidades. Infelizmente, e esse é o assunto do post do Padovani ai abaixo, nada disso se fará sem uma profunda mudança na leitura das soluções e na criação de um ambiente sadio que possibilite investimentos pesados na área.

Demetrio Carneiro


(1)
Desafios a serem enfrentados(AND):
......
5 - Implantar uma infraestrutura eficiente e integradora do território nacional

(2)
Exemplo da "eficiência" de gestão do programa:


por Roberto Padovani

É possível antecipar o desempenho da indústria analisando-se os dados de trafego nas estradas (ABCR), consumo de papel ondulado (ABPO), produção de veículos (Anfavea), consumo de energia (ONS) e confiança do empresário (FGV). Em dezembro, no entanto, estes termômetros falharam. O resultado da indústria foi bem pior que o esperado, o que causou estranheza e confundiu as análises. Os dados de janeiro, no entanto, sugerem que a última apuração do IBGE faz sentido. A indústria continua piorando, mesmo corrigindo os efeitos sazonais de janeiro. Agora com um agravante: os dados de produção de veículos foram atingidos pelas medidas de controle de crédito do governo.

Este desempenho da indústria é confuso, dado o forte aquecimento doméstico. Há três hipóteses mais comuns para este fraco desempenho: (a) os estoques elevados, resultado de erros de avaliação dos empresários; (b) baixa competitividade dada pelo câmbio apreciado e custos de produção elevados; (c) medidas restritivas recentes, principalmente no crédito a veículos. Muito provavelmente, estes efeitos agem conjuntamente. É difícil fazer um bom diagnóstico. Mas a baixa produtividade da indústria brasileira parece algo grave. Em conjunto com a fragilidade do crescimento global e apreciação do câmbio, há menos exportações e muitas importações, o que eleva a concorrência local. Sem mão-de-obra, com gargalos graves em infraestrutura e uma carga tributária que sufoca o investimento, parece difícil concorrer com quem quer que seja.