sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O CUSTO DE CONTER A APRECIAÇÃO DO REAL É QUASE IGUAL AO VALOR DO CORTE

Conforme comentário de Celso Ming em seu Blog, o BC assumiu um custo de R$26,6 bi por conta da política de manutenção das reservas internacionais. É o que custa para nós manter essas reservas. Para esse ano corrente o custo poderá chegar a R$40 bi, num quadro onde o governo faz todo o tipo de contas para economizar R$50 bi.
Nossas reservas já estão em U$305 bi, dá quase meio trilhão de reais!, e como bem argumenta Ming, se para segurar a maior crise no exterior foram necessários U$ 200 bi, para quê ter 50% a mais?

É evidente que são resultados da política de buscar reter a apreciação do real via compra de dólares. O problema é que a pressão pela apreciação permanecerá enquanto entrarem fluxos de investimentos. Claro que podemos dizer aos investidores estrangeiros: Pode parar não vamos mais fazer a Copa ou as Olimpíadas ou o Pré-Sal...Como isso não vai acontecer e como a tendência será de continuar acumulando divisas e como o custo de manutenção desse estoque tende a subir, por que os juros internos vão subir, não é difícil concluir que em algum momento não vai dar certo.

Para cobrir o buraco que vai ser formando ou criamos mais dívida pública ou dependemos de mais ingresso de tributos num momento onde as previsões indicam um crescimento menor que o previsto, o que significa aumento de tributos ou criação de novos tributos.

No final do dia esse prejuízo acaba sendo um subsídio dado para que a indústria nacional não sofra tanto com a forte apreciação do real. Nada contra "proteger", embora o melhor fosse reduzir o custo-Brasil etc. para aumentar a capacidade competitiva. 
Como essas coisas são de longo prazo, independentemente do governo agir ou não estrategicamente, e o problema é hoje, há que se adotar políticas para mitigar a situação, mas, convenhamos que essa proposta de compra de moeda já chegou no seu limite ou melhor, já passou dele. 
Está na hora de buscar outras alternativas. 
Quem sabe não deveriam ser mais criativos?

Demetrio Carneiro