sábado, 19 de fevereiro de 2011

ONDE O PROJETO DE DILMA VEM FUNCIONANDO

A chave está na expectativa. Quando o Mantega e a Belchior fizeram o anúncio do corte eles, primeiro, confirmaram uma promessa de campanha. Em segundo lugar o recado mais importante foi o de que o ritmo de expansão das despesas do governo federal seria contido. Embora não tenham dito ainda onde serão os cortes, também  não liberaram os sugeridos R$50 bi para o BNDES. Combinado com a visão de redução do ritmo de inflação mais à frente, no segundo semestre, o discurso do Mantega de que a inflação não estava no alvo, mas estava dentro da variação da banda, na medida dos outros números como a dívida medida em PIB, retração da atividade industrial, da expansão do crédito etc. acabam informando uma gestão econômica ajustada para o atual momento do ciclo. A questão agora passa para 2012, com as eleições municipais e o previsto aumento, signifcativo, do SM.
Na frente política a votação do SM mostra que teriam força para passar a CPMF. Reforma é outro assunto, mas a Política tem pontos de muito interesse para o PT e outros partidos “maiores”.

Não quer dizer que tudo vai às mil maravilhas, mas, embora Dilma não tenha mesmo uma agenda clara, tem ao menos, um rumo.
De verdade estamos repetindo o processo eleitoral onde a inexistência de uma agenda da oposição eliminou a necessidade da situação expor a sua. Mais uma vez a inexistência de uma agenda de oposição elimina a necessidade de Dilma expor a sua. Fica muito mais fácil para ela. Não ter agenda simplifica do lado de não se criar expectativas que aumentem o custo das negociações, numa fase onde a negociação do SM já deve ter sido precificada e negociada. De certa forma o jogo das oposições, acho que é melhor falar no plural, já que são mais de uma, ajudou a valorizar um pouco a mercadoria. O PMDB agradece de coração.

De concreto resta conferir no dia 31 de dezembro o gasto efetivo acumulado: pagos no exercício a partir das despesas autorizadas+mais outros complementos + valores pagos dos restos dos anos anteriores, e comparar com os valores de 31 de dezembro de 2010. Ai iremos saber que corte foi feito ou não...A utilidade desta análise, para ter importância, para a situação ou para a oposição, vai depender o nível dos juros, da taxa de inflação, do ritmo de crescimento, naquela data.

Demetrio Carneiro