A crise política que atinge as regiões produtoras de petróleo toca diretamente ao projeto nacional de energia alternativa, assunto de evidente importância estratégica. Rapidamente o mercado vai valorizando investimentos nesta área por todo o planeta.
Seria uma boa hora para um sério debate sobre energia alternativa no Brasil. Até o momento o que vemos é um jogo pesado da Petrobras, em parceria com o governo federal, no sentido do consumo de petróleo. Satisfatoriamente investimentos mais elementares como o do álcool combustível foram postos para escanteio por conta da exportação prioritária de commodities. Energia alternativa só nas incubadoras das universidades ou nas mãos dos amigos do Rei, ops, agora da Rainha, no formato daquelas coisas avançadíssimas que produzem energia queimando petróleo ou carvão.
De uma forma ou de outra enquanto fabricamos mais e mais carros a área plantada de cana-de-açúcar caiu três vezes nos últimos anos. Não terá sido aumento da produtividade. Né?
A Petrobras jura de pés juntos que o preço da gasolina não sobe. Até quando irão resistir à tentação num ambiente onde o choque do petróleo pode se alastrar rapidamente forçando um alta de preços?
Começando a nova legislatura quem sabe suas excelências não resolvem discutir o que realmente é o plano nacional para o uso de energias alternativas. Caso suas excelências tenham assuntos mais importantes quem sabe os partidos não debatem? Ou será que toda a consciência crítica do Brasil ficou depositada na mídia, aquele grilo falante que consegue incomodar a todos.
Na lateral o caráter fortemente recessivo da atual situação mundial. Definitivamente Dilma não inicia seu governo num contexto favorável. Mesmo que a Petrobras decida manter os preços internos, vá onde vá o preço externo do Petróleo, o fato é que a alta chegará até nós via inflação importada.
Há aqui um risco da meta ser superada, o que reforça a prioridade da restrição da expansão fiscal e das medidas macro-prudenciais. Certamente Dilma terá que ir além do faz-de-conta. Não há espaço para mágicas ou ilusões de ótica, mesmo que sejam do governo.
Convém ficar atentos.
Demetrio Carneiro