sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A NOITE EM QUE TODOS OS GATOS SÃO PRETOS- 2

A estabilidade é um patrimônio a ser mantido?
Uma definição importante num momento em que o conceito de estabilidade e seus instrumentos vêm sendo ferrenhamente atacado pelos desenvolvimentistas dentro de uma leitura completamente ideológica que sustenta um projeto de poder muito específico.


Mais interessante que o governo e seu entorno tecno-burocrático entenderem assim é constatar grupos de oposição imaginarem que têm que verbalizar a critica aos instrumentos de estabilidade, também por questões eleitorais, esperando uma “adesão” à esquerda.
Talvez até seja uma estratégia pensada, mas ao contrário de atrair a tal esquerda (falta o resto da radicalidade, tipo apoio integral e não esse meio silêncio, às propostas do PNDH3) o que a estratégia faz é confundir os eleitores.


O eleitor médio com certeza aposta na estabilidade e acredita que ela é um patrimônio. Quem viveu o período de alta inflação sabe disso e esse período está presente na mente de todo um eleitorado ainda ativo. Não é uma coisa remota, abstrata.


A esquerda democrática terá que escolher se consolida suas propostas e atua no rumo da construção de um novo projeto de desenvolvimento ou se cai na armadilha eleitoral e se rende a um passado que deveria estar superado.


No final é o peso da cultura desenvolvimentista tradicional, da qual esse nacional-desenvolvimentismo é filhote, que jamais se preocupou com a questão da estabilidade, pois na pressa de ver o crescimento sempre acreditou nos “atalhos” e soluções criativas.
Estamos fazendo isso nos últimos 70 anos.
Rápido, né?


Demetrio Carneiro