O Tony Volpon me enviou ontem, 26, essa matéria publicada no FT. No e-mail ele escreve apenas “China...”. Eu respondi que deveria ter escrito “China!!!”.
Reproduzo mais abaixo o texto da matéria.
É uma interessante comparação da pesquisa científica entre os BRICs e aponta, como já deixa claro o título, o quanto a China vem se distanciando da Índia, Rússia e Brasil. Tece comentários sobre a Índia e a Rússia, mas do Brasil apenas comenta as áreas de concentração.
Com referência à China vale ressaltar o trecho abaixo:
“Segundo o Sr. Wilsdon, três fatores principais orientam a pesquisa chinesa. Primeiro é enorme investimento do governo, com aumentos de financiamento muito acima da taxa de inflação, em todos os níveis do sistema das escolas até a investigação de pós-graduação.
Em segundo lugar está o fluxo organizado de conhecimentos da ciência básica para aplicações comerciais. O terceiro é a maneira eficiente e flexível em que a China está aproveitando o conhecimento da sua vasta diáspora científica na América do Norte e Europa, tentando trazer de volta cientistas de carreira média estimulando-os passar parte do ano trabalhando no oeste e parte da China . “
Realmente o estudo comparado da pesquisa científica não é meu chão. Já temos por aqui quem faça, e bem, esse trabalho. Cito como exemplo o Blog “Ciência Brasil”. A mim interessa é o quanto isso interfere no desenvolvimento.
Sabemos todos que a formação de conhecimento é o investimento mais importante nessa nova economia que se desenha para o futuro e o resultado concreto do trabalho de pesquisa científica é a formação e acúmulo de conhecimentos que irão estimular e fundamentar nosso desenvolvimento.
Alguns teóricos da questão ambiental já defendem para os países do centro o chamado “zero ground”, o crescimento zero como forma de reduzir o impacto ambiental do atual modelo de indústria e consumo. Certamente, com tantas complexidades, com nossa pirâmide de concentração de renda, nossa pobreza, nosso projeto de desenvolvimento, mesmo que tenha que mirar novos paradigmas, não poderá ser o zero ground.
Acreditem. Essa é uma leitura bastante instrutiva.
Demetrio Carneiro
China se prepara para liderança global nas pesquisas científicas
A China tem experimentado na pesquisa científica maior crescimento que qualquer país nas últimas três décadas, de acordo com dados do Financial Times, e o ritmo não mostra sinais de desaceleração.
Jonathan Adams, Diretor de Avaliação de Pesquisa da Thomson Reuters(1), disse que o crescimento “inspirador de respeito” da China significava que ela é agora o segundo maior produtor de conhecimento científico e estava a caminho de ultrapassar os E.U.A, em 2020, se continuar nessa trajetória.
A Thomson Reuters, que indexou “papers” de 10.500 revistas científicas, analisou o desempenho dos quatro países dos mercados emergentes - Brasil, Rússia, Índia e China - durante os últimos 30 anos.
A China agora superou todas as outras nações, com um aumento de 64 vezes na revisão comparativa de artigos científicos desde 1981, com uma força especial em química e ciência dos materiais.
"A China está, por sua própria conta, muito à frente do bloco", disse James Wilsdon, diretor de ciências políticas na Royal Society(2), em Londres.
"Se significa alguma coisa, o desempenho recente da China em pesquisas ultrapassou até as expectativas de quatro ou cinco anos atrás, enquanto a Índia não se moveu tão rápido como o esperado e pode ter perdido uma oportunidade."
Embora ainda não tão interativa, a pesquisa chinês também se tornou mais colaborativa, com quase 9 por cento dos papéis originários da China, tendo pelo menos um autor norte-americano.
"Nós estamos vendo mais do que o crescimento de uma forte base de investigação interna", disse Adams. "As redes regionais de colaboração científica estão se desenvolvendo rapidamente, particularmente na região da Ásia-Pacífico."
O Brasil também está construindo um formidável esforço de pesquisa, especialmente em agricultura e ciências da vida. Em 1981 a sua produção de artigos científicos foi 1/7 da Índia, em 2008 ele tinha quase alcançado a Índia.
A Rússia, que tem sido vista como um líder na investigação científica, produziu menos papéis que o Brasil ou a Índia em 2008.
Apenas 20 anos atrás, nas vésperas da desintegração da União Soviética, a Rússia foi uma superpotência científica, realizando mais pesquisas que a China, a Índia e o Brasil juntos.
Desde então, ele foi deixado para trás, não só pelo mundo, batida pelo crescimento da ciência chinesa, mas também pela Índia e pelo Brasil.
Grandes mudanças no panorama científico do mundo são reveladas na análise da produção dos quatro países do Bric desde 1981.
Segundo o Sr. Wilsdon, três fatores principais orientam a pesquisa chinesa. Primeiro é enorme investimento do governo, com aumentos de financiamento muito acima da taxa de inflação, em todos os níveis do sistema das escolas até a investigação de pós-graduação.
Em segundo lugar está o fluxo organizado de conhecimentos da ciência básica para aplicações comerciais. O terceiro é a maneira eficiente e flexível em que a China está aproveitando o conhecimento da sua vasta diáspora científica na América do Norte e Europa, tentando trazer de volta cientistas de carreira média estimulando-os passar parte do ano trabalhando no oeste e parte da China .
Embora as estatísticas que medem “papers” em revistas científicas revistas passem um ar de respeitabilidade, "a qualidade [na China] é ainda bastante mediana", afirmou Adams. Mas isso não seria tão importante: "Eles têm alguns incentivos muito bons para produzir investigação de alta qualidade no futuro".
Tal como a China, a Índia tem uma grande diáspora - e muitos NRIs( non-residents indians)(3) cientificamente treinados que estão voltando, mas eles vão principalmente para negócios e não para a pesquisa. "Na Índia, existe uma ligação muito fraca entre as empresas de alta tecnologia e a base de pesquisa local," disse o Sr. Wilsdon. "Mesmo no Indian Institutes of Tecnology (IIT), a instituição de mais alto nível no sistema, existe dificuldade para recrutar professores qualificados".
Um sintoma disso é o fraco desempenho da Índia nas comparações internacionais de padrõe universitários. O Asian University Rankings 2009, elaborado pela consultoria de ensino superior QS(4), revela que a melhor instituição superior indiana, o IIT de Bombaim, está na 30ª posição, 10 universidades da China e Hong Kong esrão em posição melhor.
Parte do problema acadêmico da Índia pode ser o domínio burocrático nas suas universidades, disse Ben Sowter, chefe da Unidade de Inteligência QS. Outro problema foi o de que as melhores instituições foram tão sobrecarregado com pedidos de candidatos a alunos e professores da própria Índia que eles não cultivaram perspectivas internacionais, essenciais para o padrão de universidades de ponta.
Isso parece prestes a mudar o Ministro de Recursos Humanos da Índia tem intensificado os esforços para construir laços com instituições nos E.U.A e Reino Unido.
Em contraste com a China, Índia e Rússia, cuja pesquisa tendem a ser fortes nas ciências físicas, química e engenharia, o Brasil se destaca na área da saúde, ciências da vida, da agricultura e investigação ambiental.
Da Rússia, o Sr. Adams disse: "A questão é a grande redução no financiamento da investigação e desenvolvimento na Rússia após o colapso da União Soviética".
"Embora tenha havido um êxodo de muitas das estrelas em ascensão da investigação, há ainda um potencial de talentos lá.
"Não é do interesse do resto do mundo o êxodo para continuar, e precisamos co-financiar mais medidas para ajudar a investigação russa a tomar velocidade."
(1) – NT. A Thonson Reuters é a maior agência internacional e notícias e multimídia. Aqui entre nós é mais conhecida como Reuters apenas.
(2)-NT. Sociedade nacional de ciências do Reino Unido
(3)-NT. Cidadãos da Índia não residentes nos países em que trabalham.
(4)-NT. Auto-definição da QS: A nossa ambição é ser líder mundial de mídia, eventos e empresa de software no domínio do ensino superior. A QS é o mais confiável on-line e off-line local de encontros para todos os candidatos, escolas e empresas com relação às carreiras de ensino e para decisões relacionadas com isso.