Deveria ser um princípio básico para economias saudáveis depender basicamente de seu mercado interno, exportando apenas excedentes e buscando no resto do mundo complementos para consumo ou investimento.
Seria assim num mundo idílico.
No mundo real, quando o mercado de trabalho não foi capaz de prover ganhos que sustentassem o crescimento do consumo, a classe média dos Estados Unidos e do Canadá foi se endividar tendo por base o seu local de moradia.
No Brasil, quando começou a ficar claro que o ciclo de commodities dos anos dourados estava chegando ao fim e a demanda externa poderia recuar, as políticas de governo foram na direção de estimular o que se podia controlar, a demanda interna. O atalho seria o aumento do consumo via crédito.
Ainda não se escuta falar em políticas substanciais de geração de emprego qualificado e com sustentação, se é que se escutará, mas todos acompanham atentamente o comportamento do crédito ao consumidor, conscientes de que há limites.
O debate sobre se e quando chegaremos aos limites físicos da capacidade potencial de produção interna tem fortes vínculos com a questão da retomada do processo inflacionário e, por via de consequência, com a promessa de “lutar” contra altas taxas de juros, nessa altura promessa do governo, mas também da oposição.
Então monitorar o processo de uma possível retomada inflacionária passou a ser questão relevante. Talvez, já que também deveria ser relevante para o debate político, fosse interessante trazer também para o debate os efeitos da estratégia de atalho para fortalecer a demanda interna. Certamente, expandir consumo via formação de dívida das famílias não é exatamente uma trilha que vai rumo ao infinito.
Dívidas no cartão de crédito explodem
Segundo dados do Banco Central, o total de dívidas no cartão de crédito cresceu quase 20% em 2009 e chegou ao valor inédito de R$ 26,3 bilhões em dezembro do ano passado, o dobro do visto há três anos.
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