domingo, 18 de dezembro de 2011

O GOVERNO DILMA E OS ATALHOS PARA O DESENVOLVIMENTO

Uma reflexão bem ponderada sobre a economia brasileira mostra que o atual estilo de desenvolvimento brasileiro é  dependente de commodities, expansão de consumo e gasto governamental, mas não tem qualquer preocupação de romper os entraves institucionais, formar poupança ou fornecer investimento de longo prazo. 

É um estilo muito bom para surfar nas boas mares da economia internacional, quando ela anda bem, ou mesmo que não ande tão bem, pelo menos enquanto houver liquidez que financie a proposta, pois dá resultados no curto prazo. 
Realmente formar poupança, criar estruturas sustentáveis de investimento, vencer as inúmeras barreiras institucionais é um projeto complexo que vem sendo sucessivamente empurrado com a barriga nas últimas décadas quando esse modelo começou a dar sinais de esgotamento. Para quem duvidar basta comparar o pífio crescimento brasileiro com o crescimento dos outros emergentes. Não é coincidência estarmos sempre na rabeira.

Apenas o lado institucional, para começar, exigiria um conjunto de reformas que vai muito além da capacidade de conciliação para manter unidade da base amplíssima de votos do governo.
Dilma conta com bom índice de aprovação, mas não parece disposta a arriscar nada de mais sério. Não é  melhor ou pior que FHC, que teve bons índices de aceitação e também não se arriscou a levar reformas fundamentais à frente.

Depois de Celso Furtado nosso último grande projeto que olhou nos olhos do futuro foi o Plano Real, fora isso a regra do jogo debaixo do Equador é o dia-a-dia, o varejo, o curto prazo. O eleitor não cobra o que pode vir amanhã e o poder se preocupa em fornecer o que ele imagina ser útil hoje, mesmo que seja apenas no formato de alimento espiritual via notícia na mídia. A oposição também entra no jogo do dia-a-dia, constrói denúncia após denúncia, mas não propõe nada de substancial. No fim do dia a situação nem pode reclamar, afinal essa oposição barulhenta também é evidentemente ineficiente e sabe, quando precisa, jogar o jogo do poder. A "política de governadores e prefeitos" da oposição deixa isto bem claro. O único ente executivo que faz política é o executivo central. Os executivos de oposição confortavelmente deixam o abacaxi para os parlamentares. Isso é, quando os parlamentares se comportam como o oposição. O que é fato raro e escasso nos estado e municípios.
Dilma deve rezar diariamente a Deus todo poderoso agradecendo a oposição que lhe coube e legitima seu governo democrático.
Há uma forte cumplicidade unindo todos os atores nesse aspecto: O futuro fica para o futuro. 

Exatamente por isso talvez também naveguemos de forma meio frouxa pelas complexas questões da sustentabilidade ambiental, das inovações, da produção de conhecimento e outras de igual calibre. 
A coisa vai como vai e se vai mais ou menos a culpa é dos gringos que fizeram toda essa confusão.

Por enquanto os atalhos parecem ser mais que suficientes para a alegria geral da nação.

Demetrio Carneiro