Esses dias andaram falando que o Brasil será, brevemente, a 5ª economia do mundo.
Se tivermos em vista que qualidade de vida não é apenas a medida do crescimento de uma economia, feita usualmente pelo PIB, talvez a comemoração precisasse ser mediada por um pouco de humildade e, principalmente, deveria haver uma pergunta sobre como mudar em profundidade a escrita mais que centenária da concentração de renda, dos baixos níveis de educação etc.
Com efeito duas questões são relevantes quanto a indicadores que possam apontar para processos mais consistentes de crescimento com qualidade de vida: Competividade e produtividade.
Ambos os indicadores acabam envolvendo temas como qualidade da educação que interferem diretamente na qualidade de vida pela via da qualificação da mão de obra. Neste caso nossas estatísticas mais recente mostram o crescimento mais forte do emprego está justamente na área menos qualificada. A linha de argumento de que o crescimento do número de trabalhadores ganhando salário mínimo, comparando 2000 com 2010, é um sucesso faz de conta que não está havendo sim uma queda do salário médio na direção do salário mínimo. Não há absolutamente nada para comemorar quando uma economia cresce na direção dos empregos menos qualificados. A não ser que que é melhor do que não dar emprego algum.
Boa parte da economia brasileira é informal, os dados de mão de obra empregada sem carteira assinada são bastante claros apontando que quase metade dos trabalhadores brasileiros está nesta situação, com forte concentração na área de serviços, o que talvez explique a mão de obra desqualificada.
Nesse caso os indicadores comparativos de competividade assinalam um alto grau de dificuldade na formalização de empresas. A se observar que empresas informais não possuem acesso às fontes de crédito mais barato e, da mesma forma não costumam optar por trabalhar apostando na produtividade. até por que não são capitalizadas o suficiente. Empresas formais resolvem a competividade pela produtividade. Empresas informais resolvem pela sonegação.
Por mais que o governo procure afirmar o contrário estamos muito longe de políticas públicas que nos levem na direção de sermos mais produtivos ou mais competitivos.
Não se trata apenas de nossa imensa economia informal ou do uso manipulatório do Sebrae como cabide de empregos da base aliada, mas também da própria lógica nacionaldesenvlvimentista do protecionismo anticompetitivo e de um arco de poder no qual um dos componentes mais importantes é a aliança com e a proteção de grupos de monopólio e oligopólio numa variedade de Capitalismo, de Estado, que já vem da década de 50.
Neste sentido não se trata se estamos no quinto ou no sexto lugar, mas sim de como lidamos com os benefícios e a riqueza gerada por esse crescimento. Há uma tradicional confusão entre desigualdade e modo capitalista, nela navegam o governo e boa parte da esquerda brasileira, mas sim do questionamento de um estilo de desenvolvimento que vem se mantendo basicamente o mesmo ao longo de décadas e é produzido sob medida para satisfazer as demandas de poucos grupos privilegiados.
O que fica para a maioria da população, os 80% ou 90% restantes, são os ganhos marginais do processo e esses ganhos são apresentados na mídia como vitórias fantásticas quando sua intensidade e qualidade são justamente o demonstrativo do fracasso do modelo, seja como democracia, seja como capitalismo.