segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O AUTORITARISMO GOVERNAMENTAL CHINÊS E SUA PERSPECTIVA DA CRISE: HÁ MESMO CONEXÃO ENTRE DEMOCRACIA E DESENVOLVIMENTO?

Original o nome, algo como "Inovações na gestão social". É este o nome de um seminário organizado pelas autoridades de segurança interna da China para discutir como "lidar" com os efeitos da crise. Questões típicas do autoritarismo desde a censura a internet até a repressão violenta à manifestações com objetivos de "melhorar a rede de segurança"(leia matéria do Financial Times. Em inglês).

Autores de formação liberal sempre evidenciaram uma forte conexão entre democracia, crescimento econômico e redução da desigualdade, o que poderia se visto como uma relação entre democracia e desenvolvimento econômico e social. Convém registrar que o totalitarismo chinês vive numa sociedade menos desigual que a democracia brasileira. O que é um outro ponto.

Todos sabemos que a China não é exatamente uma democracia e seu rápido desenvolvimento tem desafiado essa leitura da história no sentido de ser uma predição, embora possa ser olhada como a excessão que confirma a regra. Mas este não é um bom olhar já que a China rapidamente se aproxima do Centro e passa a ser personagem de disputas hegemônicas. Mesmo que seja reativamente como no recente caso de criação, a partir dos EUA, da aliança do pacífico. 

De qualquer forma essa caminhada para o Centro deixa em aberto uma outra noção: A de que, modernamente, países do Centro são democracias maduras.

Em termos de observação a crise que chega à China dará espaço para distinguir claramente a diferença de comportamento entre democracias e regimes autoritários, quando o assunto é lidar com a insatisfação popular.

De qualquer forma fica no ar uma questão, pelo menos: As previsões são de um "pouso suave" e de um "baixo crescimento" na ordem de um PIB de 5%. O piso de crescimento que está na cabeça das autoridades é tão superior aos 5% ao ponto de já alarmar as autoridades de segurança ou estamos lidando apenas com um exagero de uma autoridade extremamente ciosa de seus deveres? 

Há um pensamento bem chinês, das artes marciais, que fala sobre a flexibilidade do bambu, que balança com qualquer brisa, mas é firme em suas bases. Estruturas muito rígidas quando postas em teste trincam. Esta foi provavelmente a lição da Praça Tiananmen para as Elites chinesas.

Talvez haja mesmo forte conexão entre democracia, no sentido mais amplo, enquanto uma necessidade e desenvolvimento. 

Talvez a planejada descompressão autoritária do alto comando político chinês esteja sendo posta em teste muito em breve.

Demetrio Carneiro