Por conta do pacote de bondades, promovido por Sarney e a base aliada, Dilma recebe entre seus presentes de natal a relativização da LRF. Não, não é pouca coisa.
Ao longo desses anos estamos constatando toda uma série de relativizações. A mais recente, antes dessa da LRF, foi a da meta de inflação, mas também já tivemos a relativização do superávit primário, por meio da contabilidade criativa.
Conforme relata Claudia Safatle, no Valor Econômico, Tombini em depoimento à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal usou o termo "controlar" a inflação, o que a articulista liga com a evidente escolha de Dilma no dilema crescimento versus inflação, num claríssimo viés de ciclo político partidário.
A bem da verdade o PT não só foi contra a LRF como também sempre foi contra o regime de metas. Aliás não apenas o PT, mas um amplíssimo contingente de nacional-desenvolvimentistas dentro e fora do governo, na situação ou na oposição.
Para esses cavalheiros Lei de Responsabilidade Fiscal e metas de inflação são antes de tudo formas de atrapalhar o desenvolvimento brasileiro urdidas pelos agentes do neoliberalismo. O importante é crescer e para crescer só o Estado é confiável. É uma simples operação de gastar. Gastar tributos e se não for suficiente, formar dívida pública e gastar ainda e novamente.
Para quem quer gastar a LRF é um estorvo e gastando sempre se acaba em algum momento gerando inflação. Controlar inflação é outro estorvo. Superavit primário para reduzir o impacto da dívida retira recursos que podem tirar pessoas da miséria etc. A qualidade do gastos, os bilhões que vão pelo ralo da corrupção, as diversas questões estruturais, a insuficiência institucional, não são relevantes.
Agora com a economia começando a patinar e a inflação batendo no teto da meta a culpa não é da relativização. A culpa é do países avançados que não sabem resolver seus problemas. Às vésperas de talvez acusarmos uma recessão técnica vai tudo bem. Vamos continuar em frente. Afinal Mantega e os nacional-desenvolvimentistas já esqueceram as promessas para 2011. Agora o que importa são as promessas para 2012: Inflação baixa, PIB em alta e muitos empregos. O paraíso esta logo ali na esquina, mas por via das dúvidas certamente vão liberar mais alguns bilhõezinhos para garantir as eleições.