terça-feira, 1 de março de 2011

O CORTE COMO ELE DE FATO É

Depois algum protelação, mas se mostrando mais seguro e antecipando a data do anúncio, o governo resolveu se assumir e expôs com clareza a questão principal: Que trabalham não com números, mas com expectativas.
Talvez por se sentirem mais confortáveis frente a algum recuo dos números da inflação tenham resolvido se assumir de vez.

Conforme a matéria do Estado, abaixo, o corte real foi de R$13 bi, numero próximo ao previsto por Marco Mendes, num texto do Centro de Estudos da Consultoria do Senado, socializado pelo José Roberto Afonso, que referenciei num post. Mendes fala num corte real de no máximo R$19 bi.
O restante não é corte. É uma soma de espertezas de quem sabe que o prometido não é o feito, como no caso do “corte” das emendas parlamentares ou uma declaração de “vontade” de não gastar. No caso específica das emendas volta a insistir que foi um hábil jogo político de valorização da mesa de negociações que existem entre Executivo e Legislativo. Com menos recursos as “ações” do Executivo devem estar em alta na bolsa do Congresso.

Mantega em sua fala reconheceu que sempre negou: Que a injeção excessiva de recursos do Estado na economia pode sim causar inflação. Ao contrário de muitos economistas atualmente meio desamparados ele assume que o excesso de dinheiro provoca inflação. A saída de debitar à crise todo o peso da responsabilidade indique que:

a) Não souberam “botar o pé no freio” ou seja não souberam, incompetência?, a hora da saída;

b) O ministro teve um ataque de falta de memória e esqueceu que acabamos de sair de um processo eleitoral onde se gastou muito.

Enfim, as cartas estão na mesa. Certamente não se tratará de conferir ponto-à-ponto. Até por que, como Mendes coloca e nós já vínhamos afirmando desde o lançamento da idéia do corte, a única forma consistente de saber se houve ou não corte é comparar 2010 com 2011, o que só poderemos fazer depois de 31 de dezembro.
A questão agora é se o processo de alta para seu caminho de ascensão ao teto da meta e se comporta civilizadamente o que tem a haver com questões objetivas, mas tem muito de subjetivo e está ligado às expectativas dos agentes.

Vamos aguardar e ver. Não vai demorar muito a ficar claro se o jogo que está sendo jogado funciona. Resta esclarecer um detalhe: E se não funcionar? Tem um plano B?

Corte real no Orçamento é de R$ 13 bilhões


Demetrio Carneiro