terça-feira, 15 de março de 2011

AFINAL O "NOVO" BANCO CENTRAL

Alguns setores petistas andam comemorando o que chamam de “novo” BC, cuja marca principal seria o fato de não ser tão impressionável quanto ao desempenho da inflação.

O Mantega tem repetido insistentemente ao longo dos últimos anos que a política de metas não trabalha entorno do centro, mas dentro da banda.

Alguns economistas defendem que o olhar de médio prazo, para além deste semestre ou de longo prazo, para além deste ano, deve poder orientar melhor a política de alta da taxa Selic. A se saber esta também é a posição dos atuais dirigentes do BC.

Por seu lado outros economistas comentam que ao agir assim o BC pisa em gelo fino. Bem no gelo você pode derrapar e se ele for fino com água por baixo o tombo não termina no chão e as luxações podem ser o teu menor problema, pois você pode é morrer afogado por hipotermia. A nossa hipotermia seria a conhecida estaginflação. Inflação em alta num ambiente de redução da velocidade de crescimento.

Certamente há problemas de confiabilidade nos agentes públicos, conforme disse o Padovani ou de fortes contradições dentro e entre as diversas políticas, como disse o Tony. Ambas as questões com forte impacto nas expectativas e possibilidades de crescimento num ambiente internacional também tendendo às complicações.

Agora a questão do Japão e do quanto poderá impactar o lento processo de retomada acrescenta outra variável complicadora. No que interessa a nós trata-se de observar, adicionalmente, como o acidente irá influir na questão das commodities.

De uma forma ou de outra os dias vão se passando a o governo vai tomando um formato. Mesmo que a estratégia de olhar para além do horizonte de 2010 esteja correta já vão se desenhando outros elementos que indicam escolhas equivocadas derivadas da falta de clareza quanto aos objetivos estratégicos das políticas públicas, falta de coordenação, ainda, destas políticas, mas também de posturas claramente ideológicas como a questão do papel do Estado no processo de desenvolvimento.


Demetrio Carneiro