Aquele bom momento onde nossos governantes mencionavam como satisfação a palavra BRICS, criação de um de nossos maiores credores, onde Brasil vinha na frente e nossos presidentes se expunha dando conselhos às economias mais desenvolvidas parece que vai passando...
Ontem o Valor repercutiu um estudo do Nomura coordenado pelo Tony Volpon. Fizemos o devido comentário. Hoje é o Wall Street Journal quem repercute sob o título México pode substituir o Brasil como economia regional de ponta em 2012 – Nomura (Mexico May Topple Brazil as Top Regional Economy in 2022 – Nomura).
Na abertura da matéria:
“O México poderá ultrapassar o Brasil como economia líder da Amárica Latina nos próximos 10 anos, impulsionado pelo reestabelecimento de seu setor de manufaturas e o crescimento do mercado de trabalho, projetaram os analistas do Nomura nesta quarta-feira.
Se o México assumir a liderança será devido ao fato do Brasil ter se baseado apenas nas exportações de commodities e falhado na promoção de reformas essenciais para promover sua produtividade e ampliar sua infraestrutura, disse Tony Volpon, Estrategista-Chefe para os mercados emergentes do Nomura e coordenador do relatório. “
Como temos insistido todo o tempo não se trata do detalhe dos instrumentos econômicos mais ou menos aplicados. O erro está é no conceito de desenvolvimento e a insuficiência da proposta nacional-desenvolvimentista. O que o estudo deixa claro é que se trata de uma competição entre dois modelos de desenvolvimento completamente diferentes:
“México – Posturas amigáveis com o mercado, inserido no transito livre de manufaturas no mercado mundial, políticas liberais.
Brasil – Estatizante, intervencionista, inserido no ciclo de commodities. Governo de grande porte.
O México realmente faz as coisas. Será uma história de sucesso latino-americano baseada na flexibilidade dos capitais, mercado de trabalho, prudência fiscal e políticas monetárias. E, muito importante, sem recorrer aos super-ciclos de commodities.”
A notar ainda, comentaremos em outros post, o grande peso do investimento em Capital Humano no México.
Obviamente vindo de onde vem o aviso deveria acender todas as cores de luzes de alerta. Na incapacidade relativa de gerar investimentos próprios a economia brasileira precisa e muito de investimentos externos. As constatações do relatório do Nomura certamente terão impacto nas expectativas dos investidores do resto do mundo. Isso num mundo onde habitam incertezas não é nada bom.
A curiosidade agora é saber como reagirá o governo: Se com medidas midiáticas e jogo de cena ou se com propostas estruturantes. Dado o histórico difícil acreditar que seja da segunda forma.
Demetrio Carneiro