Até aqui havia uma leitura
implícita de que o Brasil não faria parte desse mundo afetado pelos fenômenos
climáticos extremos gerados pelo aquecimento global. Agora o relatório da ONU para as questões do aquecimento global na América Latina e Caribe acende alguma luz de alarme e mesmo para os que não acreditam no aquecimento
global deveria servir como aviso ao menos prudencial, como está no livro 2052 de Jorgen Randers, um dos responsáveis pelo Relatório do Clube de Roma.
Dilma já disse que nossa “resposta” é o Plano Nacional de Gestão de Riscos e Respostas a Desastres Naturais, recém lançado. Na
verdade nossa resposta precisa ser muito mais do que um plano estatal e seus R$ 18 bi. Essa discussão
envolve inclusive o debate do modelo e do estilo de desenvolvimento. Debate que
esse governo terá naturais limitações para fazer, na medida que não se
compromete com mudanças de fundo no processo de desenvolvimento, conforme as medidas de combate à crise vão mostrando com muita clareza. A se conferir, por exemplo, qual será o eixo dos propalados investimentos a serem feitos em infraestrutura.
Com o mundo da política mais preocupada com a própria sobrevivência eleitoral, de seu lado a sociedade civil parece anestesiada pelas sucessivas denuncias de corrupção e tem baixa participação no debate ambiental, conforme vai ficando claro nas eleições municipais. Seja como for o aviso está dado e não dá mais para fazer de conta que os muitos eventos extremos já registrados em nosso país são excessões. Não são. Serão a regra e é bom que comecemos a pensar seriamente em políticas públicas de mitigação e mudanças compromissadas com o bem estar das gerações atuais e futuras.
Há todo um trabalho pela frente e ele envolve uma enorme capacidade de planejamento , comprometimento ( e coesão) em áreas com as quais não estamos acostumados a lidar (e não temos instituições capazes. Que o diga a crise em que a Cruz Vermelha Brasileira está atolada), como diagnósticos de fragilidades, desocupação da áreas de risco, assistência pós-eventos.
Demetrio Carneiro