segunda-feira, 6 de agosto de 2012

OS NOVES PRINCÍPIOS DA COALIZAÇÃO PARA A ECONOMIA VERDE - GEC


Nos termos de sua própria auto-definição a Green Economy Coalition, que podemos traduzir como Coalização para a Economia Verde, é o somatório de um conjunto de instituições e setores de ONGs, institutos de pesquisa, organizações da ONU e interesses de sindicatos.

A proposta da coalizão tem origem no reconhecimento comum a seus membros de que a economia falha em oferecer a sustentabilidade e a equidade social. Em síntese para a GEC a economia falha tanto com as pessoas como com o planeta.

A visão da coalizão é a de uma economia que seja resiliente, podendo prover melhor qualidade de vida nos limites ecológicos do planeta. Sua missão é acelerar a transição para uma economia verde.

O conjunto dos nove princípios da GEC: sustentabilidade, justiça, dignidade, planeta saudável, inclusão, responsabilização, resiliência, eficiência e suficiência, (direitos das) gerações, são resultando tanto da visão como da missão e oferecem uma boa síntese que sirva de base a um projeto concreto.

Esses princípios não orientam um caminho fácil. Pelo contrário invadem a zona de conforto dos agentes políticos e dos agentes econômicos. Nem o Estado é visto como um ente absoluto, nem o Estado-Nação oferece isoladamente possibilidade de sucesso, nem a economia por si mesma nos levará rumo a um futuro sustentável, nem as sociedades passarão por esse processo sem profundas mudanças.

A grande questão desses princípios está justamente em sua aplicabilidade ao mundo real, mas estão ai. Não são uma aventura ou uma proposta delirante e recuperam um importante senso de humanismo que dava a impressão de ter se perdido frente ao que parecia ser o fim da história.

Demetrio Carneiro

NOVE PRINCÍPIOS DA GREEN ECONOMY COALITION

Uma economia verde, justa e inclusiva provê melhor qualidade de vida para todas e todos dentro dos limites ecológicos do planeta.

1 – Princípio da sustentabilidade: Uma economia verde, justa e inclusiva é o meio de alcançar a sustentabilidade
É um veículo para alcançar a sustentabilidade e não um substituto dela.
Compreende a dependência de um ambiente saudável e se esforça por levar o bem estar a todas e todos.
Foca as três dimensões (ambiental, social e econômica) e desenvolve mixes de políticas que as integram e buscam o melhor resultado possível.

2 – Princípio da justiça: Uma economia verde, justa e inclusiva apoia a equidade
Apoia a equidade entre e dentro dos países e entre as gerações.
Respeita os direitos humanos e a diversidade cultural.
Promove a igualdade de gêneros e reconhece o conhecimento, a habilidade, experiência e contribuição de cada indivíduo.
Respeita os direitos das populações tradicionais à terra, territórios e seus recursos.

3 – Princípio da dignidade: Uma economia verde, justa e inclusiva cria a genuína prosperidade e bem estar para todos
Elimina a pobreza.
Orienta os países para um alto nível de desenvolvimento humano.
Provê segurança alimentar e acesso à saúde básica, educação, estrutura sanitária, água, energia e outros serviços essenciais.
Transforma o trabalho por meio de novas capacidades e habilidades, respeita o direito dos trabalhadores e busca o desenvolvimento ativo de novos empregos e carreiras verdes.
Leva diretamente à transição.
Ajuda à compreensão do trabalho não-remunerado.
Promove o auto-emponderamento e a educação das mulheres.
Apoio o direito a um desenvolvimento voltado para um caminho sustentável.

4 – Princípio do planeta saudável: Uma economia verde, justa e inclusiva restaura a biodiversidade perdida, investe nos sistemas naturais e reabilita os que estão degradados
Reconhece a dependência da produtividade dos ecossistemas e da biodiversidade.
Não viola, não fomenta a disruptura ou ultrapassa os limites ambientais a busca operar dentro deles, inclindo a redução da poluição, proteção aos ecossistemas e da integridade da biodiversidade e dos recursos naturais como a água, o ar, o solo e os cilcos bioquímicos.
Isto implica em considerar que a integridade amboental vem antes da alocação dos recursos com vistas ao uso competitivo.
Implica no uso amplo dos recursos naturais, incluindo a água, gás natural e recursos minerais, sem contudo comprometer as perspectivas das gerações futuras.
Apoio e respeito a todas as formas de vida.
Aplicação dos princípios precaucionais.
Procura entender o potencial impacto das novas tecnologias e inovações antes de sua aplicação.
Procura entender  os impactos ambientais da política econômica e busca ações com menor impacto disruptivo, positivas no s benefícios ao meio ambiente e às pessoas.

5 – Princípio da inclusão: Uma economia verde, justa e inclusiva é inclusiva e participativa na tomada de decisões
Basea-se na transparência, envolve a participação da ciência e um visível engajamento dos formadores de opinião relevantes.
Apoia a boa governança em todos os níveis. Do local ao global.
Empondera cidadãos e promove uma autentica participação voluntária em todos os níveis.
Respeita valores culturais, tolera pontos de vista religiosos e a escolha de estilos de vida. É sensível para as considerações éticas.
Constrói a consciência social por meio do desenvolvimento da educação e da qualificação.
É transparente inclusiva e participativa. Advoga e dá iguais oportunidades a jovens e velhos, mulheres e homens, pobres e trabalhadores pouco qualificados, povos tradicionais e minorias étnicas, assim como comunidades locais.

6 – Princípio de responsabilização (accountability) e boa governança: Uma economia verde, justa e inclusiva opta pela responsabilização
Provê um pano de fundo para estruturar os mercados e a produção em coordenação com os formadores de opinião.
Publiciza seu progresso sustentável nas medidas econômicas, sociais e ambientais, nas empresas nas prestações de contas nacionais e internacionais.
Busca a transparência.
Promove a cooperação internacional e define as responsabilidades internacionais.
Promove uma política de coerência global e cooperação internacional justa.
Promove responsabilidades comuns, porém diferenciadas.
Compromete-se com os padrões de direitos humanos e acordos ambientais.

7 – Princípio da resiliência: Uma economia verde, justa e inclusiva contribui com a resiliência social, econômica e ambiental.
Apoia a implementação de sistemas de proteção ambiental e social, preparando-se a adaptando-se para eventos extremos e desastres.
Cria um piso universal de proteção social.
Promova a variedade de modelos de economia verde resultado de diferentes contextos ambientais, sociais e culturais.
Tem em consideração os conhecimentos locais das populações tradicionais e promove a troca entre os diversos sistemas de conhecimento.
Basea-se nas capacidades e competências locais, voltando-se para elas.
Apoia a economia diversa e as comunidades locais.
Promove a aproximação dos diversos sistemas, reconhecendo a interdependência e a natural integração entre eles, determinadas pela cultura e os valores éticos.

8 – Princípio de eficiência e suficiência: Uma economia verde, justa e inclusiva visa a produção e o consumo sustentáveis.
Significa assumir preços que reflitam custos reais que incorporem as externalidades sociais e ambientais.
Busca implementar o princípio do poluidor pagador.
Apoia a racionalização e integração ambiental do ciclo de vida dos produtos (life cicle managment), busca a emissão zero, resíduos zero, eficiência dos recursos e uso ótimo da água.
Prioriza e energia e os recursos renováveis.
Busca a redução máxima dos impactos ambientais e sociais negativos tanto na produção, como no consumo.
Busca estilos de vida sustentáveis que sejam baseados em transformações culturais de fundo.
Promove inovações social, ambientais e econômicas.
Dá justo direito de acesso à propriedade intelectual num conjunto de normas legais globais.

9 – Princípio das gerações: Uma economia verde, justa e inclusiva no presente e no futuro
Busca a justiça inter-geracional e intra-geracional.
Promove a conservação dos recursos e da qualidade de vida no longo prazo.
Regula e influencia o setor financeiro para investir no verde e numa economia justa e inclusiva.
Busca um sistema monetário estável.
Prioriza o longo prazo, fundamentando cientificamente e tomada de decisões no curto prazo.
Ela promove a educação equitativa em todos os níveis de educação e sustentabilidade para as crianças.