segunda-feira, 13 de agosto de 2012

RISCOS E OPORTUNIDADES

Logo no início da crise a leitura era de que estava aberta uma janela de oportunidades para os países emergentes. Pelo menos até a crise chegar aqui e leitura era de uma economia que resistiria aos problemas de economia central e prosperaria enquanto aquelas economias patinavam. Era a época da comparação dos PIBs. O futuro era nosso e logo iríamos da Semi-Periferia para o Centro, nosso destino final.

A fórmula parecia infalível: bastava fazer mais do mesmo de sempre. Embora novas oportunidades sejam sinônimo de risco em momento algum pensou-se que essas oportunidades pediriam atitudes mais ousadas.

Aqui entre nós o novo foi a relativização da inflação para incorporar a continuidade e aprofundamento dos mesmos instrumentos e das mesmas lógicas. No fundo a grande mudança foi a incorporação aberta do ciclo político-econômico de foco no emprego apesar da inflação.

Em momento algum o governo se viu na possibilidade de sair de sua zona de conforto político. Novas oportunidades reais no Brasil envolvem o risco político, pois implicam em mudanças estruturais e institucionais envolvendo o poder real e tudo o que se pode constatar é que o processo de governo petista não se tratou de uma transformação, mas de uma incorporação pactuada às Elites. É esta incorporação pactuada que trouxe para o cenário político nacional a reincorporação nacional do patrimonialismo, que soube se apropriar até mesmo do carro-chefe, as políticas sociais.

Se não sair da sua zona de conforto e se não souber tomar riscos políticos este governo não irá a lugar algum e continuaremos a patinar na mediocridade.

Demetrio Carneiro