Em evento reportado pela revista Época Henrique Meirelles teceu alguns comentários
sobre o atual momento da economia brasileira. A revista sintetiza a fala no
título da matéria: Momento
mágico de crescimento do Brasil já passou, diz Meirelles.
Excessivamente
diplomático Meirelles, elogiando
primeiro a Estabilidade e dando ela como motivo para chegarmos bem na crise,
prefere falar em aumento da produtividade ou não discutir a absoluta falha de
leitura da previsão de um PIB que desabou pela metade. Ou ainda prefere uma
discussão sobre se crescer além de 4% não é muito...Como se fosse um ato de
vontade.
O ex-presidente do Banco Central indiretamente reconhece tanto que
a Era Lula foi a beneficiária daquele bom momento da economia mundial, quanto
que tudo que havia por se fazer do ponto de vista de fornecer elementos de uma
transformação na direção sustentável da economia não se fez naquele bom
momento. Questões como infraestrutura ou mudanças institucionais necessárias. Obviamente
não se atreveu a criticar as leituras de gasto excessivo no custeio em
detrimento ao investimento ou da frouxidão fiscal como impeditivos de
desempenho.
Os
elementos positivos, que “devem separar
os fatores globais dos domésticos”, apontados por Meirelles:
- Não voltaremos ao período de crises recorrentes como no passado, porque a realidade agora é diferente" afirmou. "Temos mais de US$ 350 milhões em reservas internacionais, nossa dívida cambial foi paga e nossa dívida externa é menor que as reservas. A situação é outra";
-A crise afeta diretamente o canal de comércio, especialmente as exportações, mas outros fatores da economia local, como a criação de bases econômicas sólidas, redução do desemprego e o crescimento interno do mercado consumidor fortaleceram nossa economia".
A grande questão é que esses elementos isoladamente não são garantia de coisa alguma sem que haja vontade política.
Neste
sentido o fim da exuberância pode ter como sequência a mediocridade e para não
ter essa consequência o que é necessário é a coragem política para romper a
área de conforto tanto dos agentes políticos como dos agentes privados. Nenhuma
Elite é democrática e inclusiva. Toda Elite busca sua própria satisfação. O
governo Dilma não é diferente.
Daí que
compete aos desafiantes a coragem política de oferecer um programa de governo
capaz de superar o desafio de um ambiente econômico e social ainda em crise.