A maior dúvida política é sobre o que o PMBD, confrontado pela ação hegemônica do PT, fará. Antes de responder a isso é preciso, como sempre, procurar saber de qual PMDB estamos falando.
O PMDB de Sarney, apoiador de primeira hora, vai muito bem, tendo o ex-presidente indicado dois ministros de uma cota de quatro. Quem não se deu tão bem no fisiologismo foram outros grupos. Apostas nesses grupos insatisfeitos podem não ser muito eficientes.
No final do dia é jogo de cena, pois todos sabiam que o projeto petista era usar e abusar do PMDB, cujo ponto fraco é a total ausência de unidade.
Nesse momento o que estamos vivendo é um agudo processo de construção hegemônica de poder. O projeto petista já está demonstrando nenhuma preocupação com os antigos aliados de campanha e não é apenas o PMDB.
Existe, confirmado o hegemonismo petista, uma questão que não está esclarecida: Como conciliar os primeiros discursos de Dilma defendendo a democracia, a estabilidade, a chamada amistosa para oposição, com o que se sabe que é o pensamento petista?
No caso específico da oposição a chamada ao diálogo é muito pouco coerente com o rolo compressor que vai sendo passado sobre os partidos aliados, mas muito eficiente para gerar um “crédito” inicial que neutraliza ações.
A política vai se movimentando neste ambiente esquizofrênico entre uma agente política principal com discurso de coesão pelo consenso e seu partido atuando na coesão pela imposição e exclusão.
Alguma coisa aqui vai deixar de funcionar.
Demetrio Carneiro.