UM
Fora de dúvida que há uma enorme agenda a cumprir no que se refira a diversas reformas que estão sendo debatidas nos últimos anos ou até décadas: Política, Tributária, Previdenciária, Pacto Federativo.
Dilma tem condições tranquilíssimas de maioria no Congresso Nacional.
Seja como for o discurso protocolar foi feito. Agora a presidente terá que apresentar a sua agenda para as reformas e, em teoria, isto deverá ser feito nesse início de governo.
Até porque essas reformas são fundamentais para a governança.
DOIS
Outra agenda substancial está ligada às questões de infraestrutura.
O discurso presidencial aponta, ainda, o PAC como a solução das questões de infra-estrutura.
Não foi, não tem sido e dificilmente será. O programa é, na realidade, um mal sucedido instrumento de macro planejamento da ação do Estado na infraestrutura, usado apenas com finalidades eleitorais.
Ou Dilma será capaz de recriar outra proposta de ação coordenada totalmente diferente e ai seria recomendável mudar até o nome ou estará na condição de repetir o fiasco passado e de certa forma oculto pela vitória eleitoral.
TRÊS
O chamado para a oposição tem que ser avaliado no contexto do primeiro discurso presidencial.
As linhas apresentadas são muito diferentes do que se poderia esperar de uma fiel escudeira de Lula.
Questões importantíssimas como a confirmação do regime democrático como um projeto, defesa da liberdade de imprensa, uma política externa muito mais arejada, sem compactuar com ditaduras e claramente contra a corrida armamentista em qualquer nível, a confirmação do importante papel da luta pela estabilidade econômica, a confirmação da educação como prioridade e outras ainda, foram postas de forma clara.
Claro que os fatos é que serão relevantes, mas existe ai, com a confirmação das agendas, uma grande abertura para o diálogo.
Não se trata de adesão tardia. O discurso de Dilma se deu em linha diversa do que foi a campanha eleitoral e apresenta elementos novos.
Também não significa que a oposição deixe de ser oposição, porque apóia a presidente naquilo que ela mesma oposção defendia antes, mas sim que o jogo agora é outro e terá que ser jogado de outra forma: Avançando o debate sobre questões mais complexas como o debate sobre o modelo de desenvolvimento, este sim o grande ausente do discurso presidencial.
Na lateral a se ver se este chamado não servirá de base para uma "política de governadores" no PSDB e no DEM.
Demetrio Carneiro