quinta-feira, 27 de outubro de 2011

QUALIDADE DE VIDA, DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE GLOBAL E LOCAL

A realidade dos fatos vai mostrando que a questão do desenvolvimento é muito mais complexa que a “luta contra o imperialismo” ou o “desmascarar o neoliberalimo” e outras palavras de ordem nesta linha estilo “vamos ocupar Wall Street”. Palavras de ordem não substituem a realidade disso, pelo menos, nós já sabemos.

Como se divide o trabalho em escala mundial, que é o que vai estar configurado nas relações de dominação e subordinação, fundando as relações Centro-Periferia, definição de hegemonias, e forjando relações entre nações e blocos que acabam por, de alguma forma estimular a existência e a permanência das desigualdades é apenas um pedaço do problema.

Há muitos pedaços como a contraparte interna das relações de dominação e subordinação. Aquela contraparte que interage positivamente com a dominação no plano regional ou global e está concectada à Elite dominante local. No nosso caso valem os estudos sobre Capitalismo de Estado e os laços de poder.

Supondo que o padrão de vida do Centro é uma meta há ainda a se considerar se o sistema econômico atual é capaz de garantir que todo e cada habitante deste planeta tenha, por exemplo, no mínimo a qualidade de vida do europeu médio hoje. Difícil de responder. 
Mas, olhando pela média, esse é um debate mais ou menos possível e interessante. É inegável que a qualidade média de vida , apesar de toda a desigualdade entre nações e interna às nações, mudou e muito. 
Os dados demográficos são bastante elucidativos quanto à chance de sobrevivência dos nascidos ou ao aumento da esperança de vida. Agora, se isso significa que, mesmo que, num muito longo prazo a qualidade média de vida da população global chegaria lá é outro assunto. 
Se transformarmos isso em qualidade de vida mínima, universal, para todo e qualquer um a coisa fica bem mais difícil. Apenas como um bom exemplo das dificuldades de universalização podemos citar o beco sem saída do SUS brasileiro. Por favor não me digam "que a culpa é apenas desse ou daquele governo"...

Desse último debate, qualidade de vida:

a) Realmente é a qualidade de vida atual do europeu ou americano médio que estamos procurando?;

b) A qualidade de vida é uma questão debitada ao Estado, tipo você foi eleito agora se vira, ou se trata de um problema a ser enfrentado dentro da sociedade civil? Quer dizer as soluções pela via do Estado são suficientes ou a Sociedade Civil deve estar presente no debate e nas ações? E a iniciativa privada? Ao menos dentro do espaço do modo capitalista é possível imaginar sustentabilidade econômica sem a parceria com o mercado?;

b) Supondo, apenas supondo, que imaginemos que o atual sistema mundial, o capitalismo(1), não seja capaz de promover esta “caminhada de todos e qualquer um para o centro” e supondo que possamos bolar um outro sistema qualquer mais eficiente e sustentável economicamente – esse último detalhe parece ser fundamental – mas, que também garanta os direitos democráticos de todos e qualquer um – este parece ser outro “detalhe” fundamental – então ainda restará uma simples e única pergunta: 
O meio ambiente suportará, conhecida a atual tecnologia, conhecida a atual tendência de consumo, conhecida a expectativa de qualidade de vida das pessoas, que toda a população mundial tenha como qualidade mínima de vida o atual padrão médio europeu ou americano?

Esta última pode ser a “mãe” das questões. 
E talvez tenha de ser por onde toda a discussão deveria começar: 
Afinal o que podemos almejar como “qualidade de vida” e qual estilo de desenvolvimento e crescimento econômico pode realmente garantir que todos e qualquer um tenha essa mesma qualidade “mínima” de vida.

Há nesse tema dois debates: Um sobre o modelo global e outro sobre o modelo local. Nesse último caso, nosso atual modelo é suficiente e eficiente?

(1) Bom não esquecer que a humanidade já testou e desistiu de um modelo alternativo: O socialismo real. O que pudemos apreender é que o socialismo real foi construído dentro do mesmo padrão de desenvolvimento e crescimento adotado pelo capitalismo que  se criticava ferozmente.

Demetrio Carneiro