Ops!, eu já andavam desconfiando que o Banco Mundial tinha ipeado – Ipear: significa procurar explicar o inexplicável sempre que a realidade colidir com os fatos – mas agora ficou meio exagerado. Acho que nem o Pochmann ia colocar no Relatório das Belas Ações de Governo como vantagem ter caído seis posições, de 120º para 126º, num ranking de 183 países. Essa queda para cima está no relatório Doing Business 2012 (Fazendo Negócios 2012) lançado ontem, quarta, pelo Banco Mundial.
Tudo bem, quando vc se perguntar qual a razão para alguns países crescerem mais rápido do que outros a minha sugestão é que comece pelas transações, pelo grau de dificuldade que existe para realizar transações e pelo papel do governo em facilitá-las ou fazer o inverso.
Quando vc quiser discutir sobre desenvolvimento, antes se pergunte se dá para discutir desenvolvimento num país que consegue se colocar entre os piores do mundo no quesito facilidade de negócios. Leia o relatório mencionado acima é um bom começo para entender o que vem acontecendo.
Claro, se vc for nacional-desenvolvimentista não vai estar preocupado com isso, pois vai achar que desenvolvimento é problema resolvido pelo Estado. Até porque para vc as empresas que interessam são os monopólios e oligopólios. Essas empresas têm amigos-assessores no lugar certo e podem pagar exércitos de advogados e contadores para cuidar de assuntos desimportantes.
Tem muito tempo lí um estudo sobre corrupção. O comentário do autor era de que o problema não é quanto ganha o servidor público, não esquecer que esse foi um dos argumentos que sustentou a forte correção do salários públicos depois de 1988, ou o valor da oferta de corrupção, ou a Ética do Serviço Público ou a moral do Agente Público, mas sim o fato de haver mais ou menos obstáculos para que a empresa privada ou o indivíduo pudesse obter o que necessitava do governo. Enfim, podemos ler assim: Ambientes de negócios confusos, com normas complicadas e de difícil execução sempre serão ambientes favoráveis à corrupção, independentemente de qualquer outro elemento.
A qualidade do ambiente de negócios, além claro das alianças de poder, pode ser uma boa pista para explicar o caráter endêmico da corrupção no aparelho de governo.
A reparar que o item melhor avaliado é o que está ligado diretamente ao que interessa ao governo e trata da estratégia de expansão do mercado interno via crédito: "O Brasil melhorou o sistema de informação de crédito, permitindo que agências de crédito privadas possam coletar e compartilhar informações positivas"(citando a matéria do Estado).
Enfim, ficar discutindo sobre desenvolvimento e modelos possíveis. É muito simpático. Eu mesmo e muitos outros, gosto desse debate, mas antes talvez seja melhor discutir quais os obstáculos (leia esse texto), que qualquer proposta terá para que possa dar certo.
Obs.: Se não for demais pode incluir Infraestrutura, também...Só para entender as diferenças: A China investe três vezes mais que o Brasil em Infraestrutura. A índia duas vezes mais. Enquanto isto continuamos às voltas com uma Lei de Parcerias Público Privadas que ajuda a atrapalhar, num estilo de governo cuja vontade política é Estado e mais Estado. Lembrem:Ambiente de negócios.
Demetrio Carneiro