quarta-feira, 5 de outubro de 2011

CHINA: MULTIPOLARIDADE OU NOVA HEGEMONIA?

      No Scribd, abaixo, uma resenha de Antonio Brussi tendo como tema o livro de Giovanni Arrighi: “Adam Smith em Pequim”.

      Em realidade essa resenha pode ser lida em linha com dois posts anteriores: “A barata moeda chinesa: Confusão à vista no G-2” e “Wallerstein – Declínio acentuado: O Advento da Multipolaridade”.
Complementarmente, se o leitor tiver paciência, deveria ler ainda “Migração na China: Os grilhões invisíveis e pesados”, tradução de uma matéria do Financial Times e “Um modelo de socialismo liberal na China”, entrevista como economista Cui Zhiyuam, que atua numa das zonas de experimentação na China Continental.

      Acredito que o conjunto dessas leituras, embora não sejam necessariamente coerentes entre sí, poderá fornecer uma visão bem diferente do que vem se apresentando na mídia brasileira, não só sobre a crise atual, mas e, principalmente sobre seus desdobramentos e o papel a ser exercido pela China num futuro que não parece tão distante.
Nossa forte relação com aquele país, nessa altura nosso parceiro de caminhada, deveria nos levar a estarmos mais atentos quanto ao que poderá vir pela frente.

       O texto de Wallerstein foi publicado em 2007. O livro de Arrighi, objeto da resenha de Brussi, foi publicado em 2007 e a resenha é de 2008.

       Embora ambos, Wallerstein e Arrighi estejam dentro da mesma perspectiva, o Sistema-Mundo, enquanto Wallerstein lida com a questão do declínio americano e a possibilidade de um multilateralismo decorrente desse declínio, visto como forma de permanência dos Estado Unidos ainda como potência, não tecendo nenhuma consideração sobre o papel da China, Arrighi, falando de uma “dominação sem hegemonia (americana)” percebe uma caminhada chinesa da periferia para o centro:
“o autor aponta três propostas que visam conter essa 'pacífica ascensão' que caracteriza a provável caminhada chinesa para o perímetro do centro da economia mundial( BRUSSI, 2007*)”.
Contudo, na opinião de Arrighi, essa caminhada se daria dentro de um novo conceito: “... aponta o exemplo chinês para outras nações do mundo ‘não simplesmente para desenvolverem-se, mas para integrarem-se na ordem internacional de modo a permitir que sejam verdadeiramente independentes para protegerem seu modo de vida e (suas) escolhas políticas.’ (p. 379)”(BRUSSI, 2007*).

       Finalizando e para não contar a toda história, fica o aviso dado por Arrighi, ainda em 2007, e que poderia servir e referência à atual “guerra comercial” da China com os  EUA, e quem sabe com o resto do mundo: “Se a concentração do poder militar em um estado, se os esforços dos países centrais para uma certa convergência e se a unidade do mercado mundial têm evitado aquela rivalidade belicosa de outros tempos, por outro lado essas características do momento atual não permitem excluir de um cenário futuro a crescente expansão de tensões, como as que podem irromper em caso de uma ampla e profunda depressão econômica mundial”(BRUSSI,2007*)

Vamos, então, à leitura...

Demetrio Carneiro

* Texto do Scribd

A pacifica ascenção da China: perspectivas positivas para o futuro?