quarta-feira, 4 de agosto de 2010

VOLPON E OS JUROS PARA 2011

A intensidade do debate atual sobre os juros básicos indica a importancia da avaliação abaixo. 

Mantido o contexto é viável reduzir os juros nominais para 10% em 2011. 
Com todo mundo reclamando, a queda dos juros nominais pode parecer e ser usada como indicativo de excelência de gestão econômica. Isso tem peso político. 
Se usarem esse argumento não deverá ficar esquecido outro lembrete do Volpon no mesmo texto: Juros reais na casa de 5%, contra juros reais negativos ou em zero nos outros países, ainda são uma taxa absurdamente alta.

Se houver excelência ela será trazer a taxa real para perto da taxa dos países. 
É no como fazer isso que está o problema. E é esse debate que não pode ser perdido.

Até porque se as verdadeiras questões, as insitucionais , de coordenação das políticas e as estruturais, não forem resolvidas, será apenas um ciclo de baixa sem qualquer garantias de que não haverá outro ciclo de alta.

Demetrio Carneiro

Há espaço para o BC reduzir juros em 2011?

Fonte: Valor Econômico- Eduardo Campos

Cenário externo menos favorável, menor pressão fiscal após as eleições e uma interpretação de que o que aconteceu no primeiro trimestre foi um fato isolado, que não transfere crescimento ao longo do tempo, dão embasamento à expectativa de que o Banco Central (BC) poderá voltar a cortar a taxa básica de juros já no primeiro semestre de 2011.
Essa é a avaliação da equipe do Nomura Securities, liderada por Tony Volpon, que responde como chefe de pesquisa para América Latina. Na visão do especialista, a taxa básica pode cair a 10% no ano que vem.
Permeando as considerações acima, diz Volpon, temos também os efeitos da normalização da política monetária passando a influir sobre o lado real da atividade. E uma mudança secular na taxa real de juros no Brasil, que poderia ficar ao redor de 5% sem grandes implicações inflacionárias.
Segundo o especialista, em função da maior penetração do crédito, entre outros fatores, movimentos menores de juros têm, de fato, maior impacto sobre o controle da inflação.
Um ponto levantado pelos especialistas da instituição é que o mercado local ainda encontra certa dificuldade em aceitar que o país caminha para um crescimento "normal", ao redor de 4%, abandonando o tal ritmo chinês do começo do ano.
Outro ponto levantado, mas menos palpável, é que o governo estaria preocupado com um avanço do Produto Interno Bruto (PIB) inferior a 4% em 2011. Para quem vem de um crescimento superior a 7%, uma freada para baixo de 4% teria cara de "recessão".
No mercado de juros futuros, tal avaliação de Selic em queda em 2011 mostra que ainda há espaço para aplicações, ou seja, há prêmio para ganhar, ainda mais caso se leve em conta que a curva ainda embute cerca de 150 pontos-base de alta nos juros até meados de 2011.
No entanto, dizem os especialistas do banco, essa redução de taxas não será suave e uniforme.
No mercado de câmbio, o dia teve cara de ajuste técnico. O dólar comercial subiu 0,51%, para R$ 1,760.
Na visão do analista de câmbio da BGC Liquidez, Mário Paiva, depois da queda de segunda-feira, que chegou a levar a cotação da moeda para baixo do piso informal de R$ 1,750, o preço tinha se afastou das médias móveis de três, cinco e oito dias, por exemplo, o que abre espaço para um ajuste de alta.
Olhando além do dia a dia, o especialista acredita que a tendência global para o dólar ainda é de queda. Afinal, o mercado continua inundado de moeda americana emitida para tirar os EUA da recessão.
Acontece que essa montanha de dólares não parece ter sido suficiente para engrenar a economia de volta ao crescimento e o Federal Reserve (Fed), banco central americano, já estaria pensando em novas medidas de estímulo, ou seja, ainda mais dólares podem entrar em circulação.
No mercado externo, a moeda americana continuou perdendo valor, o Dollar Index, que mede o desempenho do dólar ante uma cesta de moedas, chegou a marcar 80,4 pontos, o menor patamar desde abril.
Já o euro seguiu atraindo compradores e retomou a linha de US$ 1,32, o que não acontecia desde o começo de maio. (veja gráfico)
Na agenda desta quarta-feira, dados sobre o emprego privado nos EUA em julho. O consenso sugere que os números da ADP mostrem a criação de 25 mil a 30 mil vagas.
Por aqui, a CNI mostra os Indicadores Industriais de junho. Os dados de utilização da capacidade instalada podem ajudar a reforçar a percepção de retração da atividade no setor.