Num post do mês passado tínhamos observado que o Senado Federal largou nas mãos do presidente a condução da política externa.
Agora é o Globo em editorial datado do último dia 6 que faz o alerta.
Não foi um acidente ter sido inscrita na Constituição Federal a disposição que dá ao Congresso Nacional a capacidade da “falar” sobre a política externa brasileira. O que se criou ali foi justamente um instrumento de controle social cuja finalidade é o uso para conter possíveis abusos por parte do poder executivo. É uma questão de cidadania básica.
Infelizmente não parece ser esse o entendimento dos parlamentares. Com honrosas exceções, muito poucas, honra feita ao Deputado Federal Raul Jungmann, o que se vê é o silêncio frente ás atitudes do poder executivo.
Em parte não dá para espantar tanto, já que os brasileiros vivem imersos em si próprios, capazes de aceitar acriticamente diversas influências culturais, mas incapazes de realizar algum grau de crítica em relação ao mundo exterior. O Brasil ainda é, basicamente, um país fechado. O Congresso Nacional acaba refletindo essa marca nacional. Contudo, e na maior parte, não dá para aceitar tanta alienação frente às radicais mudanças de postura de política internacional que estão mudando para muito pior o formato das ações nacionais no exterior. Mais estranho fica quando sabemos que a competência principal é do Senado Federal e que lá o governo não tem a folgada maioria que detém na Câmara.
O silêncio da oposição, em todo o seu conjunto, e não apenas agora circunstancial e episodicamente por conta da campanha eleitoral, é certamente mais estranho ainda que a atitude de governo.
Lula e o PT são o que são e estão ai para disputar o poder dentro e fora do país. E o quê exatamente é a oposição? Argumentar que as críticas da oposição “não repercutem” não é argumento suficiente perante a capacidade constitucional do Senado Federal.
Ou os senadores da oposição já desistiram?
No fim do dia o que se vê é que a oposição de Lula é a que ele pediu a Deus: Incompetente e desarticulada.
Demetrio Carneiro