sábado, 14 de agosto de 2010

BUSCANDO A AUTONOMIA: UMA AÇÃO DE GOVERNANÇA DA VIDA PRÓPRIA

O texto abaixo, faz um relato que não espanta moradores de grandes cidades, a agora, das médias.
Lotado de políticas públicas assistencialistas o governo é vazio de proposta de geração real de emprego qualificado. É capaz de produzir showmícios no encerramento ou abertura de cursos financiados pelo FAT, mas é incapaz de oferecer emprego sustentável.

As famílias mais pobres se defendem como podem e à falta de melhores oportunidades de trabalho partem para o empreendedorismo. O que, aliás, é muito bom, pois caminha na direção da democratização dos negócios.

A informalidade na gestão dessas micro-empresas é a maior prova da ineficiência da política de emprego, mas também é prova da ineficiência do Estado com relação ao um preterido papel de estímulo a atividade econômica. Nesse aspecto estimular é descomplicar e não reprimir. É um tipo de economia popular que existe apesar do governo.

Os americanos, em 1946, quando lançaram o primeiro plano keynesiano para estímulo estatal à economia, miraram no pleno emprego e na geração de postos de trabalho. Hoje a economia americana, muitos dólares de estímulo depois continua com dificuldade de geração de postos de trabalho e, segundo previsões, só retorna aos níveis pré-crise em 2014.
Afinal de contas, se dividirmos o superestímulo dado pelo BNDES aos amigos do Rei, pelo número de postos de trabalho gerados, quanto terá custado à nação cada posto, se considerarmos o subsídio que sairá de nosso bolso? Ou nesse governo não se fazem essas contas? Se os recursos do banco tivessem sido direcionados no sentido ao estímulo de um universo bem mais amplo que o dos amigos do Rei quantos postos teriam sido gerados? Quem responderá pela diferença?

Demetrio Carneiro

Imóveis do PAC viram lojas, bares, até açougue


Moradores de pelo menos uma dezena de apartamentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no complexo de Manguinhos, na Zona Norte, estão transformando os imóveis que receberam gratuitamente do governo federal em estabelecimentos comerciais, conforme mostra reportagem de Marcelo Dutra e Cláudio Motta, na edição deste sábado do GLOBO.
No Condomínio João Nogueira, é possível ver bares, quitandas, lojas de ferragens e bazares à beira da Avenida Suburbana.
Há até um açougue com um frigorífico improvisado na sala de um dos apartamentos térreos. Pela regra, os imóveis não podem ser alugados, transformados em pontos comerciais ou modificados.
O governo do estado, que atuou no local em parceira com a União, avisa que poderá retomar as moradias.
Os exemplos são muitos. Em outra unidade habitacional, há um bar com mesa de sinuca e uma jukebox, ao lado de prateleiras lotadas de doces e salgados.
Pelo menos dois dos apartamentos do condomínio, que viraram pontos comerciais, são sublocados por R$ 300,00.
(...) O condomínio tem 396 unidades habitacionais, cada uma com 42 metros quadrados. São dois quartos, sala, cozinha, banheiro e varanda.
A obra foi parcialmente inaugurada em dezembro do ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e custou aos cofres públicos cerca de R$ 53,2 milhões. O objetivo era beneficiar duas mil pessoas daquela comunidade.
O arquiteto da empresa Metrópolis Projetos Urbanos (MPU), Jorge Jauregui, que desenhou os edifícios de Manguinhos, minimizou o impacto das alterações feitas pelos moradores. Para ele, os moradores ainda estão aprendendo a viver num condomínio.
Jorge destaca a importância do trabalho social, que vai ensinar a eles as diferenças entre espaço público e privado.
Antes da mudança para um dos apartamentos, o morador teve que participar de um curso de 15 horas, com no mínimo 75% de presença. Caso contrário, ele não receberia as chaves.