quarta-feira, 31 de março de 2010

O DRAGÃO DA MALDADE NEOLIBERAL CONTRA A SANTA GUERREIRO

O texto que esta abaixo é uma matéria típica da atual conjuntura: Feita para desconstruir imagem.
Independentemente de qualquer coisa chamar o Serra de “neoliberal” é, no mínimo, desinformação. A matéria reflete a vontade do autor de colar a imagem de Marina na imagem do Serra e “queimar” ambos como linha auxiliar do “neoliberalismo”. A mesma montagem já havia sido feita no Estado de São Paulo alguns dias atrás, numa entrevista dada pelo vice da chapa de Marina. 

É o dragão da maldade neoliberal contra a santa guerreira!
Existe ai uma questão cultural complicada, mas muito pedagógica: Tudo que não for de “esquerda” automaticamente é de “direita”. Tudo que for de direita automaticamente é “neoliberal”. Seja qual for a proposta de Marina, como é um empresário o seu vice isso ofende o código “de esquerda” e dá origem a essas avaliações, digamos usando um termo acadêmico, atravessadas. O vice de Lula pode ser empresário, pois o governo “é do povo”

O Chico Grazziano algum tempo atrás escreveu um belo trabalho sobre economia e meio-ambiente. Foi a linha do que o Serra falou em Copenhague. É muito semelhante a como vemos, ou deveríamos ver, as coisas. Na realidade, entre o trabalho do Chico, a posição de Marina há convergências: A economia mundial está se reorientando em função das novas demandas geradas pelos impactos ambientais do atual modelo de desenvolvimento. Isto valoriza outro modelo de desenvolvimento que não o atual. É nisso que o programa do PT é “atrasado” e superado. Ai está o simbolismo do PV ao colocar como vice um empresário atuando num segmento que lida com a questão do meio-ambiente de forma positivamente interativa.

O grande problema não vai estar na avaliação, que como vimos é convergente, ao menos em parte, ele vai estar é no como produzir, realizar esse modelo.
A indústria brasileira é toda focada no modelo, digamos assim, carbono-intensivo. Isso implica em uma mudança radical de perfil. Embora tenhamos os germens da nova indústria presentes na nossa economia. O estado do Paraná é o exemplo. Como administrar essa mudança num estado como são Paulo, por exemplo?

O Almirante Flores tem um ótimo texto, publicado às vésperas da Conferência de Copenhague, onde coloca justamente a enorme dificuldade de trazer para o mundo real essas propostas em função dos interesses políticos conservadores voltados para não mudar os atuais paradigmas. Que político arriscaria tratar de assuntos que ferissem os interesses corporativos da indústria tradicional?
Desse ponto de vista o projeto petista está fundamente articulado com os segmentos “conservadores” em termos de paradigma. Não tem outra forma de encarar e permanente defesa da desvalorização do real como forma de “proteger” a indústria nacional e melhorar a sua capacidade competitiva, quando a nossas respostas deveriam ser as mesmas da China: Investimento na “economia verde”.

Saudações
Demetrio Carneiro


Fonte: Blog do Noblat

Desde o fim oficial da ditadura, em 1985, o Brasil já se deparou com pelo menos dois candidatos (Collor e Lula) que se apresentam como novidades, mas no poder repetiram e aprofundaram as opções de seus antecessores.
A candidatura da senadora Marina Silva (PV-AC) à Presidência da República segue a mesma rota. Com uma diferença, apenas. Ela não esperou ser empossada para repetir o mantra “esqueçam o que eu dizia” (cuja origem foi o “esqueçam o que eu escrevi”, de FHC).
A meses da eleição, diz para quem tiver vontade de ouvir: eleita, ela manterá as três principais opções que conformam a macroeconomia desde 1994.
São as opções que agudizaram algumas das maiores crises ambientais e sociais que vivemos e que radicalizam relações nada republicana entre o Estado e alguns dos agentes econômicos que se beneficiam amplamente dessa gestão enviesada da economia.
Na semana passada, durante o Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental realizado em Cuiabá (MT), Marina reafirmou suas opções e afirmou que “Vou manter as 'conquistas' dos últimos 16 anos”.
Por “conquistas” entenda-se as medidas que impedem o País de se desenvolver e que foram preconizadas pelo ex-Ministro da Fazenda tucano Pedro Malan, e radicalizadas pelo lulista Henrique Meirelles, atual presidente do BC.
As três promessas da senadora verde já formavam a coluna vertebral da economia no bi-mandato de FHC.
Em parte, foram aprofundadas no igualmente bi-mandato de Lula. “Soberania do Banco Central, metas de inflação e superávit primário”, prometeu a política acreana.
Nem é necessário ler o restante de suas propostas porque as três primeiras inviabilizam todas as demais e travariam o desenvolvimento do Brasil caso a senadora chegue ao poder.
O grave destas idéias não é o perigo de Marina pô-las em prática caso vire Presidenta (a senadora ainda tem poucas chances de vitória – pelo menos na eleição de 2010).
O grande problema reside no fato de que a seringueira que criou para si o mito de herdeira do legado de Chico Mendes, formou-se politicamente numa perspectiva moderna de esquerda (incorporando a preocupação com o meio ambiente) e que até certo ponto opôs-se a obras controversas quando era ministra do meio ambiente, aos poucos passou a defender os projetos contra os quais se opunha (transgênicos, usinas na amazônia, transposição).
E, agora, opta por um modo de administrar o Brasil que, ao retomar práticas tucanas e petistas, inviabiliza a proteção ambiental e o resgate da enorme e dramática dívida que o Brasil tem com seus próprios nacionais.
Essas medidas sempre foram receitadas pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Federal Reserve (o BC dos EUA) para formar um sistema de garantias aos especuladores.
As economias nacionais deixam assim de ser um meio de atender às necessidades da atual e das futuras gerações e passam a ter como fim exclusivo o pagamento de dívidas internas e externas. Mesmo aquelas que, pela Constituição, precisariam ser auditadas.
O BC independente dedica-se a garantir que a moeda seja acumulada e mantenha um valor que atenda aos credores.
O regime de metas de inflação vai pelo mesmo caminho, ao limitar a expansão do desenvolvimento econômico e social. E o superávit primário corta recursos da cultura, educação, saúde e proteção ambiental para pagamento das dívidas.
Antes de estrear esse jeito tucano de ser, Marina gerou a expectativa de que apresentaria uma agenda ecológica e inovadora que fosse uma alternativa à crescimentista Dilma e ao neoliberal Serra.
Mas, ao adotar o pior do que apresentam PT e PSDB, tudo que Marina conseguiu até agora foi repetir os padrões de comportamento e de visão do Brasil que os mais reacionários políticos brasileiros sempre tiveram. E com os quais se esperava que ela rompesse.