Na lógica que se construiu sobre a invencibilidade de Lula, sobre sua incapacidade de transferência de votos e sobre o uso manipulatório da gestão pública federal para favorecer abertamente a candidata – e vencedora na batalha contra o câncer linfático - dos sonhos do presidente, a aposta numa candidatura forte, no maior partido de oposição, PSDB, mesmo que em sacrifício de candidaturas próprias dos aliados, torna obrigatório examinar com lupa as falas e posturas dos possíveis postulantes ao direito de representar o “outro lado”. Principalmente quando só a ala governista faz campanha aberta.
A declaração de Aécio sobre a possível radicalidade do PSDB merece considerações. Inicialmente por comprar de forma subrepitícea a aposta de Lula na eleição plebicitária. De qualquer forma Aécio tem dado sucessivas demonstrações de pretender ser uma outra alternativa melhor que Lula, mas também melhor que o “radicalismo” de seu partido. Onde está exatamente o radicalismo e que programa de governo ele tem a propor, que marque esta diferença, nós ainda não sabemos e caberia ele ir além das afirmações. Por enquanto está parecendo apenas uma estratégia para permanecer na mídia e capturar um tipo de eleitorado que está entre criticar o governo por suas mazelas na formação dsua base de sustentação e apoiá-lo por suas ações na área social. Como tem muita gente nesse barco pode ser uma boa aposta, mas também pode ser um tiro no pé se o candidato a candidato, que pretende pontuar sua independência de tudo e todos, não for capaz de mostrar exatamente qual é sua proposta, já que estará lidando com um governo que “venceu a crise”. Mídia por mídia a de Lula é muito mais poderosa.
Demetrio Carneiro
Aécio: País está cansado de radicalismos de PSDB e PT
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB) voltou a afirmar que é pré-candidato tucano à presidência e que espera que o candidato não seja definido apenas pela cúpula do partido.
Além disso, negou enfaticamente a possibilidade de haver uma chapa "puro-sangue" - exclusivamente formada por membros do PSDB - na eleição e se disse "cansado do radicalismo" entre PT e PSDB.
"O que o Brasil busca, hoje, é uma nova convergência", avalia. "O Brasil está cansado desse radicalismo que coloca PT e PSDB cada um num canto do ringue e quem perde as eleições se coloca de forma radical nas oposições, enquanto questões e reformas que são importantes para o Brasil ficam sendo constantemente adiadas."
Aécio diz que mostrará diferenças de PSDB e PT
SALVADOR. Embora esteja percorrendo o Nordeste discutindo política e tendo encontros com líderes políticos, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), afirmou ontem, em Salvador, que quem está fazendo campanha “é o outro lado”, numa referência à ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT à Presidência da República em 2010.
— Não sou Lula, não me confunda. O outro lado está fazendo isso há dois anos — disse Aécio, pouco antes de receber o título de Cidadão Baiano na Assembléia Legislativa da Bahia.
Na visão do governador de Minas, suas passagens recentes por Ceará, Sergipe e agora Bahia não podem ser classificadas como campanha, mas como o processo de construção de propostas do partido.
Aécio disse que sua estratégia é, a partir de novembro, definir quatro ou cinco bandeiras para mostrar aos brasileiros diferenças entre a proposta tucana e o governo Lula — no qual, segundo ele, existem virtudes, mas também falhas graves.
O tucano descartou a possibilidade de ser vice numa eventual chapa “puro sangue” presidencial com o governador José Serra, de São Paulo, na cabeça.
— Isso não ocorrerá. Seria presunção do PSDB achar que, nesse quadro partidário tão amplo e plural, pode compor solitariamente uma chapa e ganhar a eleição — disse, afirmando que é “pré-candidato a candidato” à Presidência da República pelo PSDB.
Nesse processo, o governador insiste que os tucanos realizem uma prévia para escolher o nome que disputará o pleito, sem se pautar pelas pesquisas de intenção de voto (nas quais Serra aparece como favorito).
Aécio pede prévia para presidente no PSDB, mas se diz preparado para apoiar Serra
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), voltou a defender nesta quinta-feira a realização de prévias no partido para escolher quem disputará o cargo de presidente da República em 2010, embora também se diga "preparado" para apoiar o governador paulista, José Serra, caso ele seja o escolhido para a missão.
"O que eu tenho defendido, e continuarei defendendo, é que essa não seja uma decisão da cúpula partidária. Eu acho que no momento em que mobilizarmos as nossas bases e essas bases tiverem oportunidade de discutir e definir, não apenas em razão de indicadores de pesquisa, mas na capacidade de aliança, de potencial de crescimento durante a campanha e, sobretudo, do que cada candidatura representa, eu acho que existe uma chance", disse Aécio após receber, em Salvador, o título de cidadão honorário da Bahia.
"Mas, da mesma forma que eu disse que estou preparado para uma disputa, eu estou da mesma forma preparado e pronto para apoiar o companheiro José Serra, se essa for a decisão da maioria do meu partido", ressaltou em seguida.
Apesar de apoiar Serra caso o governador paulista seja o escolhido, Aécio rejeitou a hipótese de ser o candidato a vice-presidente. "Vejo que alguns gostariam que essa possibilidade pudesse ocorrer, respeito essa posição, mas ela não ocorrerá por uma visão muito clara que tenho de que num quadro partidário tão plural como o brasileiro, com tantos partidos, e com a necessidade que nós temos de buscar, inclusive, outras alianças, (...) é natural que a composição da chapa se dê com a participação de outro partido político", disse.
O governador mineiro ainda ressaltou que, antes de definir qual será o candidato tucano à Presidência, o PSDB deve definir "que ele apresentará de diferente, que o diferencie da proposta daqueles que estão no governo". "Nós temos que apresentar ao Brasil novas propostas e a partir daí definirmos quem será o candidato que empunhará essas propostas", explicou.