Pressionado pelas realidades mais óbvias, de seu gasto crescente e a queda da receita, o governo resolveu reduzir novamente o superávit primário de 2009. Inicialmente em 3,8%, logo no início do ano, abril, foi reduzido para 2,5% e agora a previsão é que caia para 1,14% ao absorver cerca de R$28 bi referentes aos custos do PAC, se for à frente o projeto de lei que se pretende levar ao Congresso.
De uma ponta a outra a deseconomia será de cerca de R$78 bi, ou seja, num contexto que já está registrando crescimento da dívida pública, serão menos R$78 bi para abater dela. Nesse mesmo contexto, no intuito de honrar os prometidos R$100 bi para o BNDES e não tendo mais de onde tirar, o governo federal decidiu sacar contra a dívida pública mais de R$30 bi.
Certamente os arquitetos das contas públicas estão acreditando em suas previsões de que o PIB irá reagir mais que favoravelmente já agora e principalmente em 2010.
Lentamente vamos caminhando na direção defendida por diversos economistas alinhados ao núcleo de governo. Para eles a responsabilidade fiscal é um estorvo e um empecilho ao desenvolvimento e à justiça social. Se toda essa dívida vira mais à frente carga tributária e se a carga tributária proporcionalmente mais pesada recai sobre os segmentos mais pobres não parece ser uma questão que os preocupe muito.
Demetrio Carneiro