Qualquer investidor que tiver mais que 50 mil reais na poupança pode voltar a se preocupar. Na lógica de evitar a transferência de recursos da renda fixa para a poupança, prejudicando assim a política monetária do governo naquilo que se refira aos títulos públicos, o governo volta a atacar e deverá enviar Projeto de Lei ao Congresso Nacional prevendo a cobrança de Imposto de Renda sobre o valor em poupança superior aos 50 mil reais.
Algum tempo atrás a proposta gerou enorme polêmica e foi retirada de cena. Aparentemente o ministro Mantega, em meios às comemorações pela retomada do crescimento trimestral positivo do PIB brasileiro, lança novo balão de ensaio para testar a recepção.
Volta a proposta e, certamente, voltará a polêmica, já que o governo não se mostrou disposto a encontrar outras saídas possíveis das muitas apresentadas. Continua firme e disposto em punir o poupador sob o argumento de que as atuais cadernetas com valores superiores aos 50 mil reais são absoluta minoria. Claro que não passa pela consideração do quanto esses poupadores se sacrificaram para ter esses valores depositados. Está de olho é na transferência de recursos que pode prejudicar a comprar de títulos públicos para lastrear a dívida. Não que não seja uma preocupação válida para um governo que só faz crescer a despesa, principalmente as permanentes, frente a um quadro de, ainda, quebra na previsão de entrada de recursos via tributação. É bom não esquecer que o atual modelo de Estado tem sua lógica centrada no gasto.
Logo iremos saber se a estratégia de silêncio foi suficiente para esvaziar o debate.
Demetrio Carneiro
Mantega: IR sobre poupança sairá do papel
Projeto que tributa depósitos acima de R$ 50 mil chega ao Congresso nos próximos dias. Para ministro, "é uma mixaria”.
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