Declarando-se firme defensor da democracia, o governo brasileiro no campo latino-americano é parte efetiva da rede bolivariana de Chavez e no internacional está crescentemente alinhado com a ditadura religiosa e perigosamente militarista do Irã. Agora, jurando defender a democracia defende o seu enterro: O voto nulo nas eleições de Honduras. Desde sempre e em qualquer situação, inclusive em nosso país na época da ditadura, o voto nulo foi instrumentodas forças anti-democráticas.
As agências internacionais falam num apoio popular para as eleições presidenciais de 80%. Neste momento ainda não há informações sobre o volume de comparecimento. Resta aguardar para conferir.
Seja como for nosso governo vem trilhando um caminho extremamente imprudente e só consegue a cada movimento se colocar mais fundo no meio de uma confusa intervenção indevida e ilegal nos assuntos hondurenhos.
Se realmente a aposta brasileira no absentismo ou no voto nulo não emplacar e a eleição tiver níveis pelo menos razoáveis de presença a situação ficará insustentável para a diplomacia brasileira e o Brasil terá jogado no lixo todo um passado de compromisso com a neutralidade. Provavelmente a sonhada cadeira no Conselho de Segurança da ONU deverá seguir o mesmo caminho. Se a aposta no absentismo ou voto nulo funcionar e o comparecimento for mínimo, o Brasil já terá escolhido o seu lado na América Latina e no mundo. Certamente nossos “companheiros de viagem” não são os melhores e caberá ao nosso próprio processo eleitoral deixar isto bem claro em 2010.
Demetrio Carneiro