quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A ARGENTINIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO NO BRASIL


Algum tempo atrás escrevi sobre o que vinha ocorrendo na Argentina em função da aprovação de uma lei de comunicação social que colocava nas mãos do governo um pesado instrumento de controle dos meios de comunicação.


Na época observei que o novo estilo de populismo latinoamericano, mesmo mantendo seu corte conservador, transitava num conservadorismo “esclarecido”. A marca deste formato de fazer política tanto é “a defesa dos pobres” como é o controle dos meios de comunicação. São governos fundamentalmente midiáticos que, mais que fazer, querem mostrar que fazem.

A Argentina, o peronismo, a estrutura sindical pró-peronista, são o local ideal para surgir um processo de controle “social” dos meios de comunicação.

Nossotros aqui teremos que nos contentar em sermos os segundos. Com efeito estamos às vésperas da Conferência Nacional de Comunicação e uma rápida passada pela web( Blog do PT, Juventude do PT ) mostra o quanto a estrutura petista está empenhada em fazer desta conferência o primeiro passo de uma caminhada que leve, como sempre, à hegemonização petista. Tem lógica. Não dá para confiar tanto na atitude errática de Lula com relação ao partido. Ter uma boa fatia do processo social de comunicação é uma estratégia de sobrevivência da máquina partidária e de seus profissionais ou candidatos a.

Nosso movimento social corre o mesmo risco que correu, logo no início do primeiro mandato, quando cerca de duas mil entidades foram chamadas a contribuir para a elaboração do primeiro Plano Plurianual petista. Depois de um processo extremamente complexo de debates, formulações e sugestões, deu em nada e a gestão montou o PPA que quis, legitimado em uma suposta participação do movimento. Foi este episódio que deu o início a um afastamento relativo do movimento social. Muita gente parece que já se esqueceu disto. Atualmente, se considerarmos o altíssimo grau de aparelhamento governamental que coloca o movimento social no colo do PT, não deveremos ter tantas entidades decepcionadas. O movimento social virá, como veio na Argentina o movimento social aparelhado pelo peronismo, legitimará tudo que seu mestre quiser. A diferença é que os mecanismos da democracia brasileira são mais complexos. Talvez não seja tão fácil transformar este sonho petista de hegemonia em realidade.

Demetrio Carneiro